sexta-feira, 24 de abril de 2020

10 Álbuns que influenciaram o meu gosto musical: #2 Pink Floyd - "Meddle" (1971)

#2 Pink Floyd - "Meddle" (1971)



Olha, olha. Que surpresa. O Nuno nomeou um disco dos Pink Floyd como um dos dez que mais influenciaram o seu gosto musical.
Antes que tome o gosto em falar sobre mim na terceira pessoa, interrompo-vos já esse revirar de olhos para vos dizer que pensei muito sobre qual dos álbuns dos Pink Floyd escolher para esta lista. A escolha lógica seria o "The Division Bell", que eu habitualmente cito como o meu álbum preferido de sempre; ou então o "The Dark Side Of The Moon", que eu habitualmente cito como o mais accomplished álbum de sempre. Mas o desafio em questão remete para as influências. Para como tudo começou. E se os Pink Floyd, para mim, começaram com Veneza em 1989 e continuaram em 1994 com o Division Bell, foi no ano 2000, quando saiu a compilação "Echoes: The Best Of Pink Floyd", que as comportas para a discografia da banda de Cambridge se abriram. E tudo girava à volta de um tema que era muito mais que um tema. Um tema que era uma vida. Um tema que no disco original em vinil, tomava todo o Lado B. Um tema que representava, melhor do que nenhum outro, tudo aquilo que eram os Floyd. E que por isso mesmo dava nome à primeira compilação que se atrevia a resumir a sua extensa e expansiva discografia num único álbum, orfanando os temas dos seus álbuns-mãe. Falo, obviamente, de "Echoes", o tema que ocupa o Lado B do álbum "Meddle", de 1971.

Nao é bem saudades. O que eu tenho mesmo é inveja do 15-year-old-me, que sem saber, estava numa viagem épica a descobrir toda uma avalanche de sons que nunca tinha ouvido. Estava pela primeira vez a descobrir música por mim próprio e era um sentimento de liberdade incomensurável. Quem me dera sentir-me assim outra vez. Quem me dera voltar sentir o que senti das primeiras vezes que ouvi o "Echoes". O fascínio. O bewilderment. Foram meses a tocar aquilo no meu quarto e no meu Discman em loop. Como eram 25 minutos, nunca cansava.

Estava a apanhar as primeiras bebedeiras e quando chegava a casa do Telheiro (o bar da moda em Castelo Branco) no fim da noite de Sexta-Feira, punha o CD do "Meddle", fast forward para a última faixa e deitava-me na cama a olhar para o tecto e a submergir-me na música. A minha imaginação voava sobre rios e desertos e desfiladeiros á noite, enquanto ecoava a guitarra do David. O mistério. O que era aquilo? Como é que o David fazia aqueles sons? Apaixonei-me pelo som daquela guitarra (ou vá, foi uma terceira lua-de-mel, depois de 1989 e 1994) e 20 anos depois, a paixão continua intacta.

Desde então, segui a guitarra o David sempre que pude e para onde pude. Tive o privilégio de o ver em Paris, a tocar os 25 minutos do "Echoes" com o Richard Wright. Continua a ser um dos momentos altos da minha vida.
A minha namorada da altura, que me acompanhava no concerto, deixou-se dormir na parte psicadélica do "Echoes". E não, não estava com os copos.

O "Echoes" mudou por completo a forma como eu olhava para a música. O conceito de canção podia agora tomar qualquer forma e qualquer duração. Tao válidos eram os 2 minutos de "Love Me Do", como os 25 de "Echoes", cada qual no seu contexto. A paciência compensava. É este tema, que na verdade é muito mais que apenas um tema, que o álbum "Meddle" aparece nesta lista.
Vem esta epifania a propósito da estreia no YouTube do filme "Live At Pompeii" que, na sua versão original, abre e fecha com "Echoes", contando ainda com o outro épico de "Meddle" - o instrumental "One Of These Days". Foi o filme que mudou a minha vida e fez de mim o weirdo que sou hoje.

Para ilustrar o "Meddle", deixou aqui apenas algumas das versões do álbum que constam na minha colecção (são 10 no total). Em baixo, as prensagens alemã e portuguesa, com a qual eu cresci, ouvindo-a esporadicamente no record player do meu Pai (estes não são os Floyd preferidos dele).
Em cima, a prensagem dourada da MFSL em CD, um dos items mais  preciosos da minha colecção. Mas ainda e muito mais precioso, é o que está atrás — uma 1st pressing UK, com os primeiros matrix numbers A-1U / B-1U, assinada pelo David Gilmour himself. Claro que o sonho era reunir as assinaturas do Roger e do Nick por cima das respectivas cabeças, mas acho que isso é tão provável como a reunião dos próprios em palco.

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