"You never knew that... That I could do that"
Bowie voltou.
Já poucos esperavam o seu regresso. Mas no dia em que fez 66 anos, David resolveu quebrar o lago gelado em que se encontrava a sua carreira e lançar o primeiro calhau.
Um tema novo - "Where Are We Now?" - já está aqui para todos ouvirmos. Um álbum novo - "The Next Day" - chegará no dia 11 de Março e é o seu primeiro em 10 anos (o último tinha sido "Reality", de 2003).
David Bowie esteve de fora muito tempo, demasiado tempo. No anúncio oficial, o seu site deu conta desta prolongada ausência:
"In recent years radio silence has been broken only by endless speculation, rumour and wishful thinking... a new record...who would have ever thought it, who'd have ever dreamed it! After all David is the kind of artist who writes and performs what he wants when he wants...when he has something to say as opposed to something to sell.
Today he definitely has something to say."
Então, afinal, o que é que Bowie tem para dizer?
Na minha opinião, "Where Are We Now?" é um bom tema... que não compromete. Não é extraordinário, mas também não corre grandes riscos.
O tema evoca a era de Berlim de Bowie (isto é, o período que compreende os álbuns "Low", ""Heroes"" e "Lodger"), uma época de grande revolução na sua música, cujo impacto na música de outros artistas (nomeadamente no seu país) é hoje já bastante reconhecido. Mas a verdade é que "Where Are We Now?" se assemelha mais ao período neo-clássico Bowie, dos anos 00, do que ao período de Berlim (para o qual eu tenho programado um post, a sair muito brevemente), do final dos anos 70.
A aproximação ao período (hoje) mais cool da carreira de Bowie é perceptível (até a capa da edição de luxo do álbum é um makeover da capa de ""Heroes""), mas não é materializada nesta primeira amostra de "The Next Day".
Note-se que colocar "The Next Day" ao lado de um álbum como "Heathen" (de 2002), em vez de ""Heroes"" (de 1977), em nada o desqualifica; é apenas uma comparação mais realista, para um artista que já leva uma carreira a entrar na 5ª (!!) década.
Julgando pela sua primeira amostra, não me parece que "The Next Day" seja o álbum do grande comeback de David Bowie. Parece-me, sim, o álbum do seu "adeus".
Bowie não procura aqui uma revolução na sua sonoridade, como fez tantas vezes ao longo da sua carreira; como fez quando foi para Berlim em 1976. Nessa altura, Bowie impregnou na sua música as influências vigentes na cidade - a Electronica e o Krautrock - e obteve os resultados brilhantes que hoje conhecemos.
Hoje, as influências vigentes em Berlim continuam dentro da Electronica, mas agora em estilos mais focados como o Dubstep ou o House. Aos 66 anos, duvido que David Bowie tenha grande interesse em enveredar por esse caminho. E eu duvido que isso fosse, sequer, boa ideia...
Mais... mais, para já, não sabemos. Da minha parte, já estou a fazer figas com dedos das mãos e dos pés, para que David Bowie volte à estrada em 2013 e eu possa finalmente ver o Thin White Duke ao vivo. Nem que, para tal, tenha que voltar a Londres.
Para já, o que fica é que "Where Are We Now?" é bom e é Bowie... e isso é óptimo.
Para já, isso basta para nos encher o coração.
Para já, isso basta para nos encher o coração.
Para já, o importante é que... Bowie voltou.