sábado, 11 de dezembro de 2010

The Rolling Stones - "Gimme Shelter" (Live - "Ladies & Gentlemen")

"If I don't get some shelter, oh yeah I'm gonna fade away"



Hoje fica aqui "Gimme Shelter", ao vivo na lendária digressão americana dos Stones em 1972. A expressão "Sexo, Drogas e Rock N' Roll" deve ser associada, em primeira instância, a esta digressão, que serviu para promover o álbum "Exile on Main St.". Foi nesta altura que os Stones ganharam a reputação de maior banda Rock do mundo, muito devido à publicidade feita tanto em torno dos concertos, como do que acontecia no backstage.

Voltando ao tema, "Gimme Shelter" é retirado do álbum "Let It Bleed" de 1969, um álbum que representa, na minha opinião, o apogeu dos Stones. É um tema apocalíptico mid-tempo, que beneficia muito da adição de uma voz feminina.

Apesar de já gozarem de uma carreira com quase 50 anos (!!!), os Stones tiveram o seu período prolífico num espaço curto de tempo: aproximadamente entre 1965, com o lançamento de "(I Can't Get No) Satisfaction" (ainda hoje o seu tema ex-libris) e 1972, com o "Exile On Main St." e a histórica digressão americana de promoção ao álbum.

Depois disto os Rolling Stones nunca mais foram os mesmos, com a vida mundana do Rock a tomar conta da sua carreira até aos anos 80 e a partir daí, nunca mais recuperaram a grande forma artística do passado.

A performance que fica aqui está incluída no documento ao vivo "Ladies & Gentlemen: The Rolling Stones", um filme que, devido a questões de direitos, nunca tinha visto a luz do dia até agora, altura em que foi finalmente lançada em Blu-Ray, DVD e nesta magnífica edição de luxo:


Segundo este blog, o que está incluído na caixa é:

3 DVD:
Dvd 1: Filme "Ladies & Gentlemen: The Rolling Stones" + Bónus:
- Imagens do ensaio em Montreux;
- Old Grey Whistle Test de 1972 (entrevista com Mick Jagger);
- Entrevista com Mick Jagger em 2010;
Dvd 2: Documentário "Stones In Exile";
Dvd 3: Dvd Bónus - DVD de aproximadamente 40 minutos de duração, que contém:
- Imagens do Dick Cavett Show, com entrevistas e cenas dos bastidores dos concertos no Madison Square Garden, em 1972;
- Vídeo da televisão australiana, que inclui entrevistas com Keith Richards, Charlie Watts e Mick Taylor, filmado durante a digressão australiana;

Livro: Livro de capa dura com fotografias de Ethan Russel e Bob Gruen da "Exile On Main Street Tour";

Dois fotogramas de 35mm do filme "Ladies & Gentlemen: The Rolling Stones";

Cachecol: Cópia do cachecol original com o logótipo dos Stones oferecido na estreia de "Ladies & Gentlemen: The Rolling Stones" nos cinemas, em 1974;

Poster: Reprodução do poster de promoção da estreia de "Ladies & Gentlemen: The Rolling Stones" nos cinemas, em 1974.

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Joy Division - "Love Will Tear Us Apart"

"When the routine bites hard and ambitions are low...
And the resentment rides high, but emotions won't grow..."



Como hoje é 6ª feira, hoje recordo uma banda que tantas vezes me acompanhou nas noites de boas-vindas ao fim-de semana: os Joy Division.

Para quem não conhece, os Joy Division foram uma banda inserida no movimento post punk inglês do final dos anos 70. Originalmente, o nome da banda era "Warsaw", em homenagem ao tema "Warszawa", do álbum "Low" de David Bowie.

A banda teve uma vida muito curta, uma vez que o seu vocalista - Ian Curtis - sofria de graves depressões, acabando por se suicidar em 1980, numa altura em que a banda começava a ganhar alguma notoriedade. Os restantes membros formaram os New Order e cimentaram o estilo New Wave, num desenvolvimento natural do trabalho que já faziam com os Joy Division.

O tema que fica aqui é o icónico "Love Will Tear Us Apart". Lançado um mês antes do suicídio de Ian Curtis, o tema acabaria por se tornar o primeiro grande êxito dos Joy Division, após a notícia da sua morte. Quase 30 anos depois, ainda é o tema ex-libris da banda.


Se quiserem saber mais acerca da história de Ian Curtis e dos Joy Division, recomendo vivamente o excelente filme de 2007 "Control", de Anton Corbijn.

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

The Beatles - "I Am The Walrus"

"I am he, as you are he, as you are me and we are all together"

Ontem fez 30 anos que John Lennon foi assassinado à porta da sua casa em Nova Iorque.

O autor deste obsceno crime foi Mark Chapman, um homem que sofria de graves distúrbios mentais e que alegadamente até era um grande fã dos The Beatles. Ao longo dos anos, Chapman foi desenvolvendo uma obsessão em matar Lennon, uma vez que este, nos anos da sua carreira a solo, manifestava-se frequentemente contra o seu passado nos The Beatles, a religião, ou o direito à propriedade ("Imagine no possessions"). Apesar deste intervencionismo, Lennon tinha uma conta bancária recheada, pelo que Chapman achava que Lennon era um hipócrita e acreditava mesmo que depois do seu assassinato, Chapman seria visto como um visionário e um salvador.

Foi devido a esta demência que se perdeu um dos mais inventivos, mais influentes e mais importantes artistas da História.

Se é fácil reconhecer que John Lennon fez uma grande quantidade de trabalhos brilhantes, mais difícil é identificar a sua obra-prima. Para mim, esta é a resposta:



Lançado em 1967 simultaneamente no álbum/EP "Magical Mystery Tour" e como o Lado B do single nº1 "Hello Goodbye", "I Am The Walrus" é um dos temas de maior influência psicadélica dos The Beatles. Sem surpresa, Lennon revelaria mais tarde que grande parte do tema tinha sido escrito durante as suas trips.


"GOO GOO G´JOOB"

O carácter indecifrável da letra deve-se também ao facto de Lennon ter recebido uma carta de um aluno do Secundário, revelando que as letras das suas músicas eram objecto de estudo nas aulas de Inglês. Em resposta, Lennon deciciu escrever um tema cuja letra não fizesse qualquer sentido, de forma a confundir este sistema.

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Zero 7 - "Out Of Town"



Mais do que a revelação do ano de 2001, os Zero 7 foram uma surpresa pela abordagem. O seu álbum de estreia "Simple Things" é o meu preferido deste ano. Para eu escolher um álbum de Chill Out (ou Trip-Hop) como o “álbum do ano”, ou o ano foi especialmente desinteressante para mim, ou o álbum é realmente muito bom. Eu diria que há muito poucos álbuns nos anos 00 que chegam a “Simple Things”. Listar as grandes músicas neste álbum corresponderia praticamente a transcrever a tracklisting. É mesmo assim... that good.



Mas a pergunta impõe-se: como é que uma banda de música electrónica consegue fazer algo tão atractivo para um aficionado do Rock? A resposta está na soma de estilos que eles reuniram para criar a sonoridade deste álbum. Ao contrário doutras bandas do género, demasiado apoiadas na electrónica, os Zero 7 foram também buscar elementos ao Soul, à World Music e, nalguns casos, no que à estrutura concerne, ao Rock. A inspiração pelos Air também é clara, nomeadamente em "La Femme D'Argent" - o tema de abertura de "Moon Safari".

O tema que aqui fica é "Out Of Town", o meu preferido de "Simple Things". Atentem ao riff de guitarra...

Se eu tivesse que escolher 5 álbuns dos 00’s, “Simple Things” com certeza lá estaria. Se estão à procura daquele álbum relaxante para desligar dos problemas do quotidiano, não procurem mais... É aqui.
Inteligente e brilhante.
Obrigatório.

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Simply Red - "Home Loan Blues" (Live In Sicily)

"Just a man, good and sometimes bad..."



Hoje, espaço para a música pop “lightweight”… que é muito mais do que isso. Os Simply Red, qualquer que seja o rótulo que lhes queiram pôr, sempre se quiseram afastar das restantes bandas pop e misturar diversas influências na sua música (soul, reggae, música cubana, dance music…), beneficiando depois dos (enormes) dotes vocais de Mick Hucknall.

É precisamente isso que é oferecido em “Home”, um álbum extremamente diversificado e que, na minha opinião, representa o ponto alto da carreira dos Simply Red, pelo menos desde o álbum de estreia “Picture Book” de 1985.

A quantidade de temas de qualidade apresentados em "Home" é impressionante: desde os singles "Fake" ou "Sunrise" (com um sample de "I Can't Go for That (No Can Do)" dos Hall And Oates), passando pelo cover de Bob Dylan "Positively 4th Street", mas principalmente o tema-título "Home" e "Home Loan Blues", com o uso proeminente do piano eléctrico.

Fica aqui precisamente "Home Loan Blues", num registo ao vivo. Esta actuação remonta à digressão de promoção de "Home" e teve lugar num dos espaços mais espectaculares para concertos rock: o lindíssimo anfiteatro greco-romano de Taormina, na ilha da Sicília.

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Bruce Springsteen - "Prove It All Night" (Live in Phoenix '78) (IV)

"I've been working real hard, trying to get my hands clean"

 

Com este post, termino hoje a sequência de artigos dedicados a "Darkness On The Edge Of Town" de Bruce Springsteen, por ocasião da (magnífica) reedição do álbum. Juntamente com o álbum remasterizado, esta reedição conta com a compilação "The Promise", com dois (!!) discos de temas que ficaram de fora do álbum original, um concerto completo da lendária digressão de promoção do álbum em 1978, um documentário sobre a história do álbum, uma performance recente do álbum e ainda diverso material de arquivo.

Assim, a caixa é composta por 3 CD e 3 Blu-Ray (ou DVD, na versão mais barata) e é uma delicia para quem é fã de Bruce ou, como é o meu caso, deste álbum em particular.

Resumidamente, o conteúdo da caixa é o seguinte:

CD 1 - "Darkness On the Edge of Town" (Remastered)
CD 2 - "The Promise" (Disc 1)
CD 3 - "The Promise" (Disc 2)
DVD 1 - The Promise: The Making of "Darkness On the Edge of Town" (documentário sobre o gravação do álbum, realizado por Thom Zimmy, vencedor de prémios Emmy e Grammy)
DVD 2 - "Darkness on the Edge of Town": Paramount Theatre, Asbury Park & Thrill Hill Vault: 1976–1978 (performance intimista do álbum completo, filmada em Asbury Park em 2009. Filmagens do arquivo pessoal de Bruce Springsteen, nunca antes vistas)
DVD 3 - Houston '78 Bootleg: House Cut (concerto completo da Darkness on the Edge of Town Tour, nunca antes visto)

Olhando agora para o álbum original, este começa com um estrondoso Badlands (que parece fazer a transição do optimismo de "Born To Run" para o que viria a seguir) e depois continua até ao fim do Lado 1 com uma das sequências mais fantásticas num álbum rock: o brutal "Adam Raised A Cain", o desesperante "Something In The Night", o explosivo "Candy's Room" e o melancólico "Racing In The Street". É difícil escolher momentos altos ou baixos no Lado 1 deste álbum, tal é a sua solidez.

Lado 2 parece começar mais uma vez com um raio de optimismo em "The Promised Land", outro fabuloso tema, mas também aqui prossegue com temas que transmitem dificuldades. A dureza da rotina de uma vida de trabalho em "Factory", a dureza da libertação em "Streets Of Fire" e a dureza do compromisso em "Prove It All Night". Todos estes temas fazem um build-up para o que chega no fim, quando o sujeito do álbum já perdeu tudo e surge de mãos vazias e coração despedaçado em "Darkness on the Edge of Town", terminando o álbum de forma sumária e lapidar:

"I'll pay the cost for wanting things that can only be found in the darkness on the edge of town"

O que me parece de realçar em "Darkness" é que, enquanto os temas no Lado 1 aparecem no álbum com as suas versões definitivas, os temas no Lado 2 parecem resultar melhor em concerto (especialmente na digressão de 1978), integrados num ambiente mais livre, vivo e acutilante. Para além disso, alguns temas foram alargados nas versões ao vivo, casos de "The Promised Land", com um solo duplo de harmónica no início e principalmente de "Prove It All Night" cuja versão no álbum durava 3:56, mas que ao vivo por vezes passava a marca dos 10 minutos.

E foi mesmo ao vivo que este álbum ganhou outra dimensão. A digressão de "Darkness On The Edge Of Town" ainda hoje é recordada como uma das mais intensas e lendárias da história do rock. A banda tinha chegado ao seu ponto alto, aperfeiçoando a performance dos temas novos e antigos.

O vídeo que está em cima é de uma performance de "Prove It All Night" em Phoenix, ainda no início da digressão, numa altura em que a versão alargada ainda não estava bem oleada, mas já dá para ter uma ideia. Esta versão está incluída no material de arquivo da reedição de "Darkness On The Edge Of Town".

Para terminar, vou fazer uso das palavras do próprio Bruce Springsteen, da mesma maneira que ele fecha o documentário de Thom Zimmy.

“How do you deal with those things and move on (...) to a life where you can make your way through the day and sleep at night”
“That's what most of these songs were about”


P.S.: Para leitura complementar: os Capítulos I, II e III.

domingo, 5 de dezembro de 2010

The Prodigy - "Smack My Bitch Up"

"Change my pitch up, smack my bitch up"



A chegada dos The Prodigy à cena musical nos anos 90 terá sido o fenómeno mais próximo do impacto da chegada dos Sex Pistols nos anos 70. Os Pistols trouxeram a revolução do Punk ao underground britânico. Os The Prodigy impulsionaram a introdução do Techno no mainstream, primeiro no Reino Unido e mais tarde um pouco por todo o mundo.

A ligar estes fenómenos espaçados de quase 2 décadas está o impacto estrondoso que estas bandas tiveram junto da juventude alternativa e rebelde. Se é verdade que não estive presente na revolução do Punk, lembro-me bem do choque que foi a chegada dos The Prodigy, principalmente do álbum que os projectou para o mainstream: "The Fat Of The Land" em 1997.

Tudo nos The Prodigy era chocante: a aparência dos membros da banda (principalmente Flint), que pareciam saídos de um filme de terror; a música agressiva, que era algo como nunca tinha ouvido até então; o conteúdo das letras e claro, os vídeos, principalmente o clip de "Smack My Bitch Up", o 3º single do álbum "The Fat Of The Land".



Em 1997 ninguém tinha internet em casa, não havia Youtube e muito pouca gente tinha acesso a canais de música como a MTV. Por isso, o vídeo de "Smack My Bitch Up", globalmente censurado (por razões óbvias), era praticamente inacessível à minha faixa etária. Mas a verdade é que se falava muito do vídeo, muitas vezes sem ninguém o ter visto e muitas vezes ampliando o seu conteúdo.

Foi por isso que, quando numa noite de 6ª feira o clip foi transmitido a altas horas num programa da RTP2 (com a respectiva bolinha vermelha no canto do ecrã), tinha grandes expectativas para saber a explicação de tanta polémica.

Durante aqueles 4 minutos e meio, fiquei estarrecido a olhar para o ecrã.

Mas no fim de contas, devido à minha tenra idade, acabei por perceber muito pouco do que realmente se passava no vídeo, apenas solidificou a minha ideia de que tudo relacionado com os The Prodigy era chocante.

Só quando voltei a ver o vídeo alguns anos mais tarde, é que percebi o motivo de tanta controvérsia. E motivos para controvérsia não faltam aqui. Não querendo desvendar o desfecho desta obra prima dos vídeos musicais, o enredo passa-se numa saída à noite, envolvendo álcool, droga, prostituição, roubo e um golpe de teatro no fim, capaz de provocar aquela sensação de HUH digna de um thriller.

Ao longo dos anos, "Smack My Bitch Up" foi ganhando várias consagrações como o vídeo mais controverso de sempre, tendo sido na época banido de praticamente toda a televisão. Só a MTV, devido aos insistentes pedidos do público, se disponibilizou para passar o vídeo, mas somente depois da meia noite. Apesar disso, o vídeo acabaria por levar dois MTV Video Music Awards nesse ano, consagrando a obra de arte do realizador sueco Jonas Åkerlund e a própria banda, que vivia os seus anos de apogeu.