sábado, 18 de dezembro de 2010

John Lennon, Yoko Ono and The Plastic Ono Band - "Happy Xmas (War Is Over)"

"So this is Xmas and what have you done
Another year over and a new one just begun"



O próximo tema é, ao mesmo tempo, uma canção de Natal e uma canção anti-guerra: "Happy Xmas (War Is Over)" da Plastic Ono Band - uma colaboração de John Lennon, Yoko Ono e mais alguns amigos.



Originalmente, a música foi lançada em single em 1971, como um tema de protesto contra a guerra do Vietname (que se estenderia até 1975); o seu refrão foi baseado no famoso cartaz que John e Yoko mandaram afixar em diversas cidades no Mundo, onde se lia "WAR IS OVER (if you want it)". Com o passar dos anos, acabou por se tornar num tema icónico de Natal, sendo frequentemente incluído nas compilações do género.

Uma vez que a humanidade parece não ter aprendido com os erros do passado e a guerra tem sido recorrente desde 1971, desde aí que foi adoptada como música de Natal e continua a fazer TODO o sentido. Atenção para o conteúdo do vídeo que pode chocar os mais sensíveis...

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Nat King Cole - "The Christmas Song (Merry Christmas To You)"

"Although it's been said many times, many ways... a Merry Christmas to you!"



Nos próximos dias vou deixar aqui algumas das minhas canções de Natal preferidas. Escusado será dizer que não esperem temas interpretados pelo Coro de St. Amaro de Oeiras...

E começa-se em grande! A primeira escolha é de um tema escrito em 1944 (!!) por Tormé e Wells, cuja interpretação mais famosa pertence a Nat King Cole: "The Christmas Song (Merry Christmas To You)". Um clássico.



O vídeo não corresponde à versão em disco (recomendo vivamente que a ouçam também), mas sim a uma performance ao vivo na televisão americana. Na verdade, Nat King Cole gravou este tema 4 vezes ao longo da sua carreira: 1946 (duas vezes), 1953 e 1961. A versão de 1961 é a única em Stereo e por isso é aquela que mais vezes passa na rádio e provavelmente a mais conhecida.

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Tears For Fears - "Broken"

"In my mind's eye, one little boy anger one little man"



1985 foi um ano magnífico. Já em 1973, Paul McCartney tinha antecipado que este seria um ano especial, quando escreveu o fantástico "Nineteen Hundred and Eighty Five" para o maravilhoso álbum "Band On The Run". Mas isso ficará para outro dia.
Não é sobre nada disso que eu vou falar hoje.

O meu álbum preferido de 1985, que é simultaneamente um dos meus álbuns preferidos de sempre, dá pelo nome de "Songs From The Big Chair" e é de uma das bandas que definiu esse ano: os Tears For Fears.


Originalmente gravado em 1983, "We Are Broken" foi um tema construído à volta de drum machines e sintetizadores, guiado por um áspero riff de guitarra de Roland Orzabal.
Dois anos mais tarde, este tema foi recuperado para "Songs From The Big Chair" e rebaptizado de "Broken", numa gravação com a banda completa. No álbum, "Broken" foi dividido em dois excertos, que apareceriam separados pelo tema "Head Over Heels" (outra grande malha).
A versão original "We Are Broken" ficaria relegada para a obscuridão, apenas lançada como um Lado B no single "Pale Shelter" e no single exclusivo ao Japão de "The Way We Are".

Na verdade, a sequência de acordes de "We Are Broken" deu origem a uma série de diferentes temas dos Tears For Fears. A saber:
- "Broken"
- "Broken (Live)" (ambas as versões fazem parte do álbum "Songs From The Big Chair", intercaladas por "Head Over Heels")
- "Broken Revisited" (uma bizarra versão alternativa de "We Are Broken" com a gravação de vozes invertidas)
- "Head Over Heels" (um tema absolutamente novo com base na sequência de acordes de "We Are Broken")
- "When In Love With A Blind Man" (mais uma vez, um tema completamente novo com base na mesma sequência de acordes)

As faixas "Broken", "Head Over Heels" e "Broken (Live)" foram incluídas no álbum "Songs From the Big Chair". "When in Love with a Blind Man" foi o Lado B de Head Over Heels e "Broken Revisited" foi incluído numa edição limitada em MC de "Songs From the Big Chair".

É interessante perceber que todos estes 5 temas foram editados por diversas vezes ao longo dos anos, tanto em reedições de "Big Chair", como em compilações. Porém, o tema berço "We Are Broken" continuou sem ver a luz do dia até 2007, quando foi incluído na compilação "Famous Last Words - The Collection". E mesmo assim, já li que a introdução não é exactamente igual àquela que estava no single "Pale Shelter" de 1983. Se assim for, ainda estou para ouvir a versão original de "We Are Broken".

"Between the searching and the need to work it out, I stop believing everything will be alright"

"Broken" é a âncora do Lado 2 do álbum "Songs From The Big Chair". É um tema que reflecte o desespero visceral causado pela necessidade de fazer com que as coisas resultem na vida... quando as coisas teimam em não resultar.
Quem nunca sentiu isso?

É também interessante observar a colocação de "Broken" na estrutura do álbum, se pensarmos que "Head Over Heels" é um tema que transmite a pureza e a inocência de uma paixão juvenil. Estando "Head Over Heels" entalado entre dois segmentos de "Broken", esta sequência dá a ideia de full circle... A cada ciclo completo, mantém-se o mesmo estado de espírito:

"Broken, we are broken"

O vídeo que fica aqui documenta uma performance de "Broken" ao vivo em Munique, na digressão de promoção do multi-platinado "Songs From The Big Chair". Este vídeo está incluído no excelente filme "Scenes From The Big Chair", que compila uma série de clips, entrevistas e performances ao vivo dos Tears For Fears, alusivas ao álbum "Big Chair".

"Scenes From The Big Chair" é um documentário que retrata os Tears For Fears no seu auge de popularidade em todo o mundo, capturando o sucesso da banda em locais tão distantes como o Japão, a Alemanha, ou os EUA.

Lançado em vídeo em 1985, "Scenes From The Big Chair" foi recentemente reeditado em DVD, numa edição que eu aconselho sem reservas. Conjuntamente com o documentário, está também incluído neste DVD uma entrevista com o produtor do disco Chris Hughes e ainda o concerto "Going To California", que teve lugar em Santa Barbara, na digressão do álbum "The Seeds Of Love". É pena que o concerto não seja da era de "Big Chair", mas não se pode pedir tudo...


"Funny how... time flies"

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

GNR - "Las Vagas"

"Roleta Russa aceita apostas - falsos fiéis das balanças
"é que em fortuna tudo são mudanças" [Camões] - perdes todos de quem gostas!"



Depois do enorme sucesso de "Rock In Rio Douro", álbum de 1992 dos GNR, a banda ficou com a árdua tarefa de pensar num sucessor à altura. O impacto de "Rock In Rio Douro" tinha sido estrondoso: 4 platinas, 160 mil cópias vendidas, 38 semanas de permanência no top nacional e 40 mil pessoas que esgotaram o malogrado Estádio de Alvalade, naquele que foi o primeiro concerto de uma banda portuguesa em Estádio. Números que reflectem um sucesso inédito para uma banda portuguesa... em Portugal.

Lembro-me bem da antecipação que foi feita ao "novo álbum dos GNR" nos media, qual banda internacional de renome. Isto mostrava a importância que os GNR tinham no início dos anos 90 em Portugal. O que é que eles teriam reservado para o sucessor de "Rock In Rio Douro"?

O sucessor chegaria em 1994, com o álbum "Sob Escuta", cujo primeiro single foi o tema "+ Vale Nunca". Com um claro apelo mainstream, "+ Vale Nunca" tocou em alta rotação nas rádios portuguesas e tornou-se num enorme êxito para os GNR. Apesar de tudo, globalmente "Sob Escuta" não parece ter a solidez do álbum anterior, mas não deixa de proporcionar alguns dos momentos mais altos da carreira dos GNR.

Capa retirada daqui

O ponto alto deste álbum é o brilhante "Las Vagas", um tema marcado pela poesia aparentemente arbitrária, característica de Rui Reininho. O uso da língua portuguesa é feito como se de uma paleta se tratasse, onde as palavras são cores que preenchem a tela da música.

"Onde a nave voga não havia vaga"
Mas nem só de lírica vivem os GNR e isso pode ser ouvido em "Las Vagas". Atentem na linha de baixo deste tema. Sublime.
"Las Vagas" foi o 2º single retirado de "Sob Escuta" e teve um videoclip gravado nos Estados Unidos, mas conheceu um sucesso bastante aquém do 1º single. Fica aqui um trecho do vídeo original:

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

10CC - "I'm Not In Love"

"It's just a silly phase I'm going through..."



Em 1975, os 10CC eram uma banda em sérias dificuldades de sobrevivência.
Apesar do relativo sucesso dos seus primeiros dois álbuns, o contracto com a editora de Jonathan King era muito pobre e a banda estava a ficar sem dinheiro e deseperadamente à procura de alternativas.

Até que um dia, um responsável da Mercury Records foi ao estúdio ouvir um tema que a banda estava a gravar e, estarrecido com o que acabara de ouvir, resolveu o problema aos 10CC.
Com base apenas nesta faixa, ofereceu imediatamente aos 10CC um contracto milionário de 5 álbuns, nos 5 anos seguintes. O catalisador? "I'm Not In Love".

A questão que fica é: porque é que este tema tem uma sonoridade tão diferente de TUDO o resto que já ouvimos? Antes e depois!

Enquanto toda a gente que já ligou a rádio durante a noite já ouviu "I'm Not In Love", poucos têm a noção da complexidade do processo de gravação deste tema.

O som etéreo e celestial deste tema foi obtido através de um laboroso trabalho de estúdio: durante 3 semanas consecutivas, um coro de apenas 4 vozes a cantar "Ahhhh" em todas as notas musicais foi gravado com múltiplos overdubs e misturado em multi-pista, num gravador de 16 canais, simulando um majestoso coro virtual de 256 (!!!) vozes.

A partir daqui, foram criados diversos loops, cada um correspondendo a uma nota musical. As notas da música foram depois tocadas na mesa de mistura (em vez de um sintetizador) para a gravação do tema, através dos faders: subindo ou descendo o fader correspondente a cada nota do tema, como se de um órgão se tratasse.

O resultado? Um tema relaxante e profundo, ao mesmo tempo sombrio e libertador. Um tema que, 35 anos depois do seu lançamento, continua completamente original, diferente de tudo o que tinha sido feito até aí e de tudo o que foi feito depois.
Maravilhoso.

domingo, 12 de dezembro de 2010

Undercover - "Baker Street"

"Just one more year and then you'll be happy"



O início dos anos 90 foi uma época viu que as pistas de dança povoadas de grande música. O Pop e o Rock misturaram-se com o Disco e muitos temas da noite chegaram mesmo a encontrar sucesso mainstream, com airplay significativo nas rádios generalistas. A música de dança era, no entanto, bastante diferente da que ouvimos hoje. Para melhor.
Foi o caso deste magnífico cover do tema mais famoso de Gerry Rafferty, "Baker Street" (um original de 1978), pela banda Undercover, que invadiu as discotecas e as tabelas em todo o mundo em 1992.

Confesso que me inclino mais para esta versão "dançável" deste tema, do que para o original de Gerry Rafferty.