quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Duran Duran - "Girls On Film" (Uncensored)



Depois das escolhas da última semana terem caído maioritariamente sobre temas mais introspectivos e depressivos, hoje vamos mudar radicalmente o registo. E que melhor maneira de mudar o registo que recuar até aos loucos anos 80?
Não é por acaso que esta década é sinónimo de diversão. Na cultura dos 80's, ninguém se levava demasiado a sério e essa também não é a ideia deste blog. Aqui, adora-se os anos 80 por aquilo que eles representam: diversão!

E se existe um leque de bandas que encaixam na perfeição neste lema, uma delas é com certeza os Duran Duran.

Na tentativa de atrair as atenções para o 3º single do seu primeiro álbum e criar um buzz à volta da banda, os Duran Duran filmaram um vídeo muitíssimo ousado para o tema "Girls On Film", com imagens tão sugestivas como lutas de meninas na lama... A própria banda admitiu que o objectivo do vídeo era passar apenas em bares e discotecas e em canais para adultos. Assim, este foi obviamente banido da MTV e de todos os canais generalistas.



A verdade é que o vídeo de "Girls On Film" foi apenas um catalisador do sucesso do primeiro álbum dos Duran Duran e deste single em particular, uma vez que foi igualmente um grande êxito na rádio e nas tabelas, chegando ao Top 10. Assim, a MTV acabou por criar uma versão severamente editada do vídeo original, para a exibição no canal em horário normal.
Começava aqui uma longa relação de interesse mútuo entre a MTV e os Duran Duran. Os espectadores ligavam o canal porque queriam ver os vídeos de alta produção da banda (para aquela época, claro está) e os Duran Duran vendiam discos porque tinham alta rotação na MTV.

Aviso desde já que o vídeo em cima tem imagens explícitas e que não deve se visionado por pessoas sensíveis, com falta de humor, ou adversas à cultura dos anos 80... O vídeo em baixo é o que passa habitualmente na TV, não tem imagens explícitas, mas leva os mesmos avisos para quem não se consegue abstrair dos irresistíveis elementos 80's.

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Freddie Mercury & Montserrat Caballé - "The Fallen Priest"

"Mercurial more wayward by the hour... The shackles fall away, I'm in your power!"



No dia em que faz 19 anos que Freddie Mercury nos deixou (bem como outras efemérides a nível pessoal), deixo aqui um tema do fabuloso álbum "Barcelona" de 1988, em dueto com Montserrat Caballé.

Segundo consta, em 1987 Freddie Mercury já sabia da sua doença e que não tinha muitos anos de vida, pelo que quis começar a fazer tudo aquilo que sempre havia desejado, antes de morrer. Foi neste espírito que Freddie procurou Montserrat Caballé, enviou-lhe um disco com o tema "Exercises In Free Love" e assim a convenceu a marcar um encontro.

Este encontro resultou numa longa noite de improviso, ao piano, em casa de Freddie Mercury, no fim da qual Montserrat concordou não só gravar um tema com Freddie, mas sim um álbum inteiro! E assim nasceu o projecto "Barcelona", que mais tarde seria a banda sonora dos Jogos Olímpicos de 1992.

Tratando-se do "Rei", não é fácil escolher um tema. Como todos já conhecem o tema-título "Barcelona", fica aqui "The Fallen Priest", uma opereta escrita por Freddie e Mike Moran, com letra de Tim Rice. Tanto Mike Moran, virtuoso pianista e famoso produtor, como Tim Rice, aclamado letrista de ópera, foram chamados para ajudar Freddie Mercury, que queria fazer ópera "a sério", ao contrário da maioria dos artistas rock que tentavam experiências dentro deste género e que Freddie achava que faziam trabalhos embaraçosos.

Este tema relata a história de amor proibido de um padre (ao bom estilo da ópera) e tem diversos momentos de cortar a respiração, mas para mim há um que sobressai: quando no meio do diálogo entre o padre (Freddie) e Montserrat, Freddie canta a plenos pulmões:

"I am a man of God, I should not be here with you!"

Imperdível.

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Nirvana - "Pennyroyal Tea"

“Sit and drink Pennyroyal tea, distill the life that’s inside of me”



Confesso que não sou um fã dos Nirvana. Longe disso.
Mas não posso negar o impacto que a morte de Kurt Cobain teve na cena musical e na influência que os Nirvana tiveram na cultura alternativa dos anos 90. O crescimento da legião de fãs dos Nirvana foi obviamente impulsionado pelas características trágicas da morte de Cobain, mas para além disso, é impossível negar que ele tinha realmente talento e que a sua carreira teve momentos musicalmente muito bons. O tema "Pennyroyal Tea" é certamente um deles.

"Pennyroyal Tea" seria supostamente o 3º single do retirado do álbum "In Utero", com lançamento previsto para Abril de 1994. Na sequência da morte de Kurt Cobain nesse mesmo mês, o lançamento do single foi cancelado, já depois do início da sua prensagem.

Mas afinal, o que é que é exactamente este "chá pennyroyal" e o que é significa o tema?


O "pennyroyal" é uma erva verdadeira, amplamente conhecida em Portugal, nada menos que o "poejo". O poejo é habitualmente usado no tratamento de gripes e constipações, mas por extracção do seu óleo essencial, é produzido um chá que pode ser usado para fins abortivos. Exacto... Era aqui que Kurt Cobain queria chegar ("distill the life that’s inside of me").

Segundo o próprio, "Pennyroyal Tea" é sobre alguém que está sob um estado de depressão grave, o que era frequente em Kurt... Pese embora eu não me identifique com o espírito dos Nirvana, maioritariamente neste registo de "o Mundo é um lugar horrível, quero sair daqui", "Pennyroyal Tea" é um exemplo de como este tipo de sentimentos pode originar boa música.

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

George Michael - "Cowboys And Angels"

"That scar on your face, that beautiful face of yours..."



É sabido que George Michael sabe escrever uma balada como ninguém. Temas como "Careless Whisper", "Jesus To A Child", ou "Last Christmas" são algumas das melhores baladas da história da Pop e apenas alguns exemplos do vastíssimo reportório de George Michael neste registo.

O que não se sabia em 1990, é que George Michael sabia escrever muito mais que simples "baladas Pop". E foi quando George lançou a sua obra-prima "Listen Without Prejudice Vol.1" que se percebeu que o seu talento e o seu ecletismo iam muito para além do registo Pop, que já tinha explorado largamente nos Wham! e no seu álbum de estreia a solo "Faith".

O problema é que este desvio do registo habitual de George Michael, aliado à recusa de George em aparecer nos seus vídeos e promover o álbum (como tinha feito com "Faith"), fez cair as vendas a pique e enfureceu a Sony, que bloqueou o lançamento de "Listen Without Prejudice Vol.2".

Mesmo sendo este o 6º (!!!) single retirado de "Listen Without Prejudice Vol.1", um álbum com promoção praticamente nula, "Cowboys And Angels" foi o único tema de George Michael a falhar a entrada no Top 40 de singles no Reino Unido.

O que George Michael mostra neste "Cowboys And Angels" é uma "balada Jazz", um single com 7:14 (o mais longo da sua carreira), que é um dos seus momentos mais brilhantes. Tudo parece estar no lugar certo: a lindíssima letra, o piano, os sopros, o ritmo, a produção... Uma obra-prima.

"Please be stronger than your past, the future may still give you a chance"

domingo, 21 de novembro de 2010

Bruce Springsteen - "The Promise" (I)

"When the promise was broken, I cashed in a few of my own dreams"
"A promessa". "A promessa" é um tema que fala de uma história de desilusão, traição e isolamento. É um tema que descreve a situação que Bruce Springsteen passava naquela altura.

Quem quebrou "a promessa" foi Mike Appel, o manager de Bruce Springsteen na época. Em 1972, Mike deu a assinar a Bruce um contrato, que estipulava que este recebesse uma ínfima parte dos direitos de autor das suas músicas e que os direitos de publicação fossem exclusivamente da editora. Reza a lenda que este contrato foi assinado por Bruce Springsteen num parque de estacionamento em New Jersey, sem sequer o ler.

Só em 1976, quando Bruce Springsteen decidiu que Jon Landau estivesse envolvido nas suas decisões artísticas e Landau aconselhou-o a analisar este documento, Bruce se apercebeu do que tinha feito. Na sequência, Bruce despede Mike Appel e dão início a uma longa batalha jurídica que se arrastou pelos tribunais até 1977, sem que Bruce pudesse voltar ao estúdio, uma vez que Mike o tinha impedido de gravar com Landau.

"When the promise was broken I was far away from home, sleeping in the back seat of a borrowed car"
"A promessa". "A promessa" não só é um dos melhores temas que Bruce Springsteen nunca lançou (e são muitos), como também é dos momentos mais brilhantes da carreira de Bruce. Um momento tão brilhante e ao mesmo tempo tão pessoal, que Bruce tinha receio de o submeter ao juízo do público e da crítica. Medo esse que, em boa verdade, nunca terá perdido, uma vez que mais de 30 anos depois do lançamento do álbum, a versão mais aclamada deste tema continua sem ver a luz dia, em forma oficial:



"I followed that dream just like those guys do up on the screen"

A performance vocal de Bruce Springsteen neste take específico é tão profunda e tão emocional, que consegue materializar o sentimento de desilusão como nenhum outro tema que eu já ouvi. E parece-me que foi o seu cunho pessoal na interpretação do tema, que o impediu de lançar este take nas várias oportunidades que teve ao longo dos anos.

Vejamos: em 1978, Bruce deixa "The Promise" de fora do álbum "Darkness On the Edge of Town", muito embora este tema se encaixe na perfeição no espírito do álbum. Em 1998, Bruce deixa-o de fora da caixa "Tracks", a qual pretendia reunir em 4CD, os melhores temas de Bruce que tinham ficado de fora dos álbuns. Em 1999, pressionado pelos fãs que ficaram surpreendidos com a exclusão de "The Promise" da caixa, Bruce lança finalmente o tema em "18 Tracks", uma compilação com o melhor de "Tracks". No entanto, Bruce volta a surpreender, ao lançar uma regravação de 1999, excluindo os vários takes existentes no arquivo, de 1976 a 1978. Esta regravação é nomeada para um Grammy, mas voltou a não deixar os fãs satisfeitos. Finalmente, em 2010, Bruce lança um duplo álbum com os melhores temas gravados entre 1976 e 1978, que ficaram de fora de "Darkness On the Edge Of Town". A compilção chama-se "The Promise" e finalmente é incluído um take gravado na época. Mas ainda não não foi desta que "o take" que os fãs querem viu a luz do dia.



"We're gonna take it all and throw it all away"