"By HATING more, you're FEELING more and that's how you get caught"
De todas carreiras a solo, de todos os membros Pink Floyd, o meu tema preferido é de... Richard Wright.
Para quem desconhece o nome (shame on you!), Richard Wright foi o brilhante teclista de sempre dos Pink Floyd. Em toda a carreira dos Pink Floyd, Wright só não participou no álbum "The Final Cut", uma vez que tinha sido despedido por Waters durante a gravação de "The Wall", por não estar a "contribuir musicalmente" para a banda segundo os padrões de Waters. Obviamente que a isto não terão ajudado os problemas com droga que o começavam a atormentar nesta altura... Até à sua saída, Wright ainda acompanharia a lendária digressão de promoção a "The Wall".
Como o próprio Wright confirmaria uns anos mais tarde, a sua falta de ideias durante as sessões de "The Wall" deveu-se também, em grande parte, à gravação do seu primeiro álbum a solo "Wet Dream" em 1978, um ano antes.
O ex-teclista dos Pink Floyd teve uma carreira a solo muito curta, com apenas dois álbuns em nome próprio: em 1978, depois do animicamente arrasador "Animals" e respectiva digressão (brevemente falarei disto), Wright escreveu, gravou e produziu o superlativo "Wet Dream", um álbum fabuloso de forte carga instrumental; em 1996, depois da regeneração artística de Wright em "The Division Bell" (Wright andara perdido nos anos 80 com problemas familiares e lutas com problemas de droga), este lançou o seu 2º e último álbum "Broken China".
É precisamente de "Broken China" que é retirado este fantástico "Breakthrough".
Este tema foi considerado para inclusão em "The Division Bell", mas segundo David Gilmour não foi fechado a tempo. Ao ser rejeitado para os Pink Floyd (eventualmente em favor do também genial "Wearing The Inside Out"), Richard Wright usou-o para o seu álbum "Broken China".
Para a gravação em disco de "Breakthrough", Wright chamou o guitarrista de digressão dos Pink Floyd Tim Renwick e convidou Sinéad O'Connor para a voz. O resultado é bom mas, na minha opinião, muito pouco satisfatório quando comparado com a versão que aqui apresento.
Esta versão foi gravada ao vivo no Royal Festival Hall em 2002, num concerto de David Gilmour inserido numa mini-digressão semi-acústica a solo. Wright apareceu como convidado especial para este tema e ambos tocaram aquele que poderá ter sido o arranjo preparado nas sessões de "The Division Bell" para "Breakthrough", alguns anos antes. As imagens desta reunião podem ser vistas no DVD "David Gilmour in Concert", que eu recomendo vivamente!
Voltando ao princípio, reitero que "Breakthrough" é o meu tema preferido das carreiras a solo de todos os Floyd.
Este é um tema que fala sobre a redenção, sobre a procura infrutífera de um lugar seguro, ao abrigo da dor e da desilusão... Só derrubando o muro, retirando o capacete emocional e expondo-nos às contingências da dor é que podemos viver em pleno.
É uma visão que subscrevo.
"Breakthrough" pretende desta forma ser um tema psicologicamente revigorante, uma vez que todos os que andam na vida de coração aberto sabem que, após várias quedas no vazio, não é fácil manter o queixo levantado...
"You die more times than anyone, but there's still no place to fall"