quarta-feira, 27 de julho de 2011

Richard Wright - "Breakthrough"

"By HATING more, you're FEELING more and that's how you get caught"



De todas carreiras a solo, de todos os membros Pink Floyd, o meu tema preferido é de... Richard Wright.

Para quem desconhece o nome (shame on you!), Richard Wright foi o brilhante teclista de sempre dos Pink Floyd. Em toda a carreira dos Pink Floyd, Wright só não participou no álbum "The Final Cut", uma vez que tinha sido despedido por Waters durante a gravação de "The Wall", por não estar a "contribuir musicalmente" para a banda segundo os padrões de Waters. Obviamente que a isto não terão ajudado os problemas com droga que o começavam a atormentar nesta altura... Até à sua saída, Wright ainda acompanharia a lendária digressão de promoção a "The Wall".

Como o próprio Wright confirmaria uns anos mais tarde, a sua falta de ideias durante as sessões de "The Wall" deveu-se também, em grande parte, à gravação do seu primeiro álbum a solo "Wet Dream" em 1978, um ano antes.

O ex-teclista dos Pink Floyd teve uma carreira a solo muito curta, com apenas dois álbuns em nome próprio: em 1978, depois do animicamente arrasador "Animals" e respectiva digressão (brevemente falarei disto), Wright escreveu, gravou e produziu o superlativo "Wet Dream", um álbum fabuloso de forte carga instrumental; em 1996, depois da regeneração artística de Wright em "The Division Bell" (Wright andara perdido nos anos 80 com problemas familiares e lutas com problemas de droga), este lançou o seu 2º e último álbum "Broken China".

É precisamente de "Broken China" que é retirado este fantástico "Breakthrough".
Este tema foi considerado para inclusão em "The Division Bell", mas segundo David Gilmour não foi fechado a tempo. Ao ser rejeitado para os Pink Floyd (eventualmente em favor do também genial "Wearing The Inside Out"), Richard Wright usou-o para o seu álbum "Broken China".
Para a gravação em disco de "Breakthrough", Wright chamou o guitarrista de digressão dos Pink Floyd Tim Renwick e convidou Sinéad O'Connor para a voz. O resultado é bom mas, na minha opinião, muito pouco satisfatório quando comparado com a versão que aqui apresento.

Esta versão foi gravada ao vivo no Royal Festival Hall em 2002, num concerto de David Gilmour inserido numa mini-digressão semi-acústica a solo. Wright apareceu como convidado especial para este tema e ambos tocaram aquele que poderá ter sido o arranjo preparado nas sessões de "The Division Bell" para "Breakthrough", alguns anos antes. As imagens desta reunião podem ser vistas no DVD "David Gilmour in Concert", que eu recomendo vivamente!


Voltando ao princípio, reitero que "Breakthrough" é o meu tema preferido das carreiras a solo de todos os Floyd.
Este é um tema que fala sobre a redenção, sobre a procura infrutífera de um lugar seguro, ao abrigo da dor e da desilusão... Só derrubando o muro, retirando o capacete emocional e expondo-nos às contingências da dor é que podemos viver em pleno.
É uma visão que subscrevo.
"Breakthrough" pretende desta forma ser um tema psicologicamente revigorante, uma vez que todos os que andam na vida de coração aberto sabem que, após várias quedas no vazio, não é fácil manter o queixo levantado...

"You die more times than anyone, but there's still no place to fall"

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Noel Gallagher's High Flying Birds - "The Death Of You And Me"

"Let's run away together you and me, forever we'd be free
Free to spend our whole lives running, from people who would be the death of you and me"



Já aqui falei dos Beady Eye, o novo projecto de Liam Gallagher e dos restantes membros dos Oasis, depois da separação da banda, na sequência da saída de Noel. Falei, mas falei ainda muito pouco, uma vez que adorei "Different Gear, Still Speeding", até ao momento um dos meus álbuns preferidos de 2011.

Chegou então agora a hora de falar da nova vida de Noel Gallagher, também conhecido como "o Chefe".
Depois da implosão dos Oasis em 2009, consequência de uma já célebre discussão em Paris entre os irmãos Gallagher, em que Liam se serviu de uma guitarra para tentar atingir Noel, qual lenhador que usa o machado num pinheiro, Liam e Noel seguiram caminhos diferentes.

Liam desdobrou-se em entrevistas e mensagens no Twitter, formou os Beady Eye e estes rapidamente gravaram e lançaram o seu primeiro álbum. Ao contrário de Liam, Noel resguardou-se na discrição que achou necessária para decidir o que fazer a seguir. Mas nem por isso o tempo de Noel foi menos produtivo...

No início deste mês, Noel deu uma conferência de imprensa para anunciar o lançamento não de um, mas de dois (!!!) novos álbuns: ainda este ano, o álbum de estreia dos "Noel Gallagher's High Flying Birds" - a sua nova banda de acompanhamento - e para o ano, um álbum de colaboração com os Amorphous Androgynous.

"Noel Gallagher's High Flying Birds" deverá ser um álbum em linha de continuidade com a direcção que Noel já seguia nos tempos finais dos Oasis (por exemplo, com "Falling Down" ou "The Importance Of Being Idle"), com mais influências electrónicas e psicadélicas na sua música. Contudo, Noel já avisou que "só lá para a 6ª faixa" é que há o primeiro solo de guitarra, por isso podemos esperar algo de, no mínimo, diferente.


Quanto ao projecto com os Amorphous Androgynous, aí sim devemos ter Noel a fazer um mergulho profundo na electrónica, o que ele já ameaça fazer desde a colaboração com os The Chemical Brothers em 1997 para o single "Setting Sun", que atingiu o 1º lugar nas tabelas britânicas.

Para já, venha então o "Noel Gallagher's High Flying Birds"!
Pessoalmente, tenho as expectativas nos píncaros para o primeiro álbum do "Chefe", como não me lembro para nenhum outro álbum recentemente. Aqui, Noel pôde finalmente trabalhar para si, sem se preocupar com os standards do que os fãs dos Oasis esperam. Escolher as melhores músicas (já todos conhecemos "Stop The Clocks" e "Record Machine"), fazer arranjos ainda mais psicadélicos e, quem sabe, surpreender-nos a todos com um álbum seminal. A ver vamos.

"Noel Gallagher's High Flying Birds" foi produzido pelo próprio Noel Gallagher e Dave Sardy (produtor dos dois últimos álbuns dos Oasis) e chegará às lojas a 17 de Outubro deste ano. O álbum contará com 10 temas:

"Everybody's On The Run"
"Dream On"
"If I Had A Gun"
"The Death Of You And Me"
"(I Wanna Live In A Dream In My) Record Machine"
"AKA...What A Life!"
"Solider Boys And Jesus Freaks"
"AKA...Broken Arrow"
"(Stranded On) The Wrong Beach"
"Stop The Clocks"


Antes da chegada do álbum, a notícia do dia é a revelação de "The Death Of You And Me", o single de avanço de "Noel Gallagher's High Flying Birds" e por aqui já podemos ter a noção que não se deve fazer grandes previsões para este álbum.
A primeira impressão de "The Death Of You And Me"? Poderia ser um tema clássico dos Oasis, com a diferença que, ao invés de termos um solo de guitarra, temos um solo de... trompetes e saxofones!
De resto, os hooks da música do Noel estão todos lá. Depois de ouvir o tema pela 2ª vez, fiquei automaticamente com ele na cabeça e esse é o maior elogio que ainda posso fazer ao Noel, ao fim de tantos anos a seguir a sua carreira.