"The White Queen walks and the night grows pale"
Se há uma banda que ao longo da história inexplicavelmente ignorou os seus arquivos - tanto em áudio, como em vídeo - essa banda são os Queen.
Os Queen são sobejamente conhecidos pela sua imagem dos anos 80: Freddie Mercury de bigode, John Deacon e Roger Taylor com um look 80's Pop digno dos Duran Duran e Brian May com a sua farta cabeleira encaracolada.
O que nem todos sabem, é que antes dos grandes estádios e das grandes multidões dos 80's, na escuridão das arenas dos anos 70, tocavam uns Queen bem diferentes.
Nessa época, os Queen eram uma banda estandarte do movimento Glam Rock britânico e como era apanágio da banda, os seus membros levavam tudo ao limite: vestiam roupas femininas, pintavam as unhas, usavam maquilhagem e mostravam cabelos compridos e arranjados em palco.
Senhoras e senhores, isto são os clássicos Queen, uma banda de senhores que pareciam senhoras:
10 anos mais tarde, Freddie Mercury recordou esses tempos com algum humor, a propósito do sucesso de Boy George nos anos 80 (segundo 3:31) e de algum revivalismo dos tempos do Glam, que se vivia na altura. Vale a pena ver o vídeo, nem que seja para ver e ouvir a gargalhada musical de Freddie.
"At this point in time I think if I had long hair and fingernails and wearing those things, I would look ridiculous...I mean, I looked ridiculous then, but it worked!"
Se não conhecemos mais dos clássicos Queen - e o ouvinte mais casual pode mesmo desconhecer por completo - isso é porque estivemos sempre limitados ao espólio dos Queen ao vivo nos 80. Dos anos 70, fomos remetidos apenas às compilações de videoclips (e mesmo o DVD "Greatest Video Hits 1" já remonta a 2002, já lá vão 12 anos). Nesses vídeos, podíamos ver a banda a fazer playback dos seus maiores êxitos, mas nunca pudemos viver a experiência de um concerto dos Queen nos anos 70.
Esta experiência foi capturada na perfeição no filme "Live At The Rainbow", lançado em VHS em 1992, numa caixa de edição extremamente limitada, distribuída apenas pelo clube de fãs dos Queen.
Ainda que fortemente editado, o filme oferecido na caixa já dava um cheirinho do que eram os Queen nos early days.
A caixa dava pelo nome de "Box Of Tricks" e não, não consta da minha colecção. Apesar do esforço que tive em convencer os meus pais para me financiarem uma licitação de 100 euros no eBay em 2001, eles não foram na cantiga.
Durante anos, os fãs dos Queen desesperaram por um registo digno da banda ao vivo nos anos 70, mas ele nunca apareceu.
Até agora.
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Após longos anos de espera, Brian e Roger decidiram olhar para os arquivos e este mês chegou finalmente o superlativo "Live At The Rainbow" - um álbum ao vivo que reúne os 2 concertos que os Queen deram no Rainbow Theatre, em Londres, no ano de 1974. Nesse ano, os Queen foram ao Rainbow Theatre por 2 ocasiões diferentes - uma em Março e outra em Novembro.
Em Março, os Queen estavam a promover o seu 2º álbum, lançado nesse mesmo mês e apropriadamente batizado de "Queen II" - uma maravilha sónica, que é também um dos melhores álbuns de sempre (considerado por mim, obviamente).
Naquela altura, para uma banda que ainda não tinha alcançado um único êxito ("Seven Seas Of Rhye" estava somente a começar a ganhar alguma notoriedade), parecia uma loucura uma banda como esses tais de "Queen" ir ao Rainbow - uma das salas mais prestigiadas de Londres na época. Mas foram e... esgotaram os mais de 3 mil lugares, provando que eram uma banda que tinha vindo para ficar.
O concerto juntou algumas das melhores faixas de "Queen" e "Queen II" e foi gravado profissionalmente em áudio e em vídeo (embora a maior parte das fitas de vídeo tenham desaparecido e por isso apenas 10 minutos dessa noite estão presentes no DVD/Blu-Ray). O que muito pouca gente sabe, é que os Queen se deram ao trabalho de documentar este concerto porque foram ao Rainbow gravar o seu 3º álbum ("Queen III - Live At The Rainbow" soa tão bem...). Só que o motor dos Queen estava em alta rotação e obviamente, esse álbum nunca veria a luz do dia (até agora).
Mesmo depois de Brian May ter caído na cama do hospital por exaustão, após 6 noites consecutivas de concertos em Nova York e de lhe ser diagnosticada hepatite, os Queen enfiaram-se em estúdio, escreveram novas canções para um novo álbum de originais e o programado álbum ao vivo foi posto na gaveta.
Em Novembro, os Queen voltaram então ao Rainbow Theatre para promover o tal novo álbum - "Sheer Heart Attack" de seu nome - um álbum menos polido que o anterior, mas mais pesado e com mais potencial comercial. Na semana do concerto, o single de promoção do álbum "Killer Queen" / Flick Of The Wrist" chegou a nº2 das tabelas, falhando por uma unha negra o posto mais alto. Brian May faria referência a essa frustração durante o concerto. Mal sabia ele que aquilo seria apenas o início de uma longa caminhada real dos Queen.
O concerto de Novembro foi mais uma vez gravado profissionalmente em áudio e em vídeo e os registos desta mantiveram-se intactos ao longo dos anos, como se pode observar tanto no CD, como no DVD de "Live At The Rainbow". Este fora o concerto parcialmente incluído na "Box Of Tricks" e aparece aqui, completo, em toda a sua glória.
Em Março, os Queen estavam a promover o seu 2º álbum, lançado nesse mesmo mês e apropriadamente batizado de "Queen II" - uma maravilha sónica, que é também um dos melhores álbuns de sempre (considerado por mim, obviamente).
Naquela altura, para uma banda que ainda não tinha alcançado um único êxito ("Seven Seas Of Rhye" estava somente a começar a ganhar alguma notoriedade), parecia uma loucura uma banda como esses tais de "Queen" ir ao Rainbow - uma das salas mais prestigiadas de Londres na época. Mas foram e... esgotaram os mais de 3 mil lugares, provando que eram uma banda que tinha vindo para ficar.
O concerto juntou algumas das melhores faixas de "Queen" e "Queen II" e foi gravado profissionalmente em áudio e em vídeo (embora a maior parte das fitas de vídeo tenham desaparecido e por isso apenas 10 minutos dessa noite estão presentes no DVD/Blu-Ray). O que muito pouca gente sabe, é que os Queen se deram ao trabalho de documentar este concerto porque foram ao Rainbow gravar o seu 3º álbum ("Queen III - Live At The Rainbow" soa tão bem...). Só que o motor dos Queen estava em alta rotação e obviamente, esse álbum nunca veria a luz do dia (até agora).
Mesmo depois de Brian May ter caído na cama do hospital por exaustão, após 6 noites consecutivas de concertos em Nova York e de lhe ser diagnosticada hepatite, os Queen enfiaram-se em estúdio, escreveram novas canções para um novo álbum de originais e o programado álbum ao vivo foi posto na gaveta.
Em Novembro, os Queen voltaram então ao Rainbow Theatre para promover o tal novo álbum - "Sheer Heart Attack" de seu nome - um álbum menos polido que o anterior, mas mais pesado e com mais potencial comercial. Na semana do concerto, o single de promoção do álbum "Killer Queen" / Flick Of The Wrist" chegou a nº2 das tabelas, falhando por uma unha negra o posto mais alto. Brian May faria referência a essa frustração durante o concerto. Mal sabia ele que aquilo seria apenas o início de uma longa caminhada real dos Queen.
O concerto de Novembro foi mais uma vez gravado profissionalmente em áudio e em vídeo e os registos desta mantiveram-se intactos ao longo dos anos, como se pode observar tanto no CD, como no DVD de "Live At The Rainbow". Este fora o concerto parcialmente incluído na "Box Of Tricks" e aparece aqui, completo, em toda a sua glória.
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Em 1974 os Queen eram ainda uma banda em ascensão, esfomeada pelo sucesso, com tudo para provar ao público. E isso nota-se em "Live At The Rainbow", isso ouve-se.
Tanto no concerto de Março, como no de Novembro, podemos ouvir os Queen a esforçarem-se, a darem o litro.
Nesta altura, Freddie Mercury já se mostrava um predestinado a lidar com a plateia, mas ainda não era o showman que conhecemos dos estádios dos anos 80. Em sua defesa, ele não teve nenhum modelo para se basear, uma vez que foi ele, em grande parte, que inventou o seu próprio conceito. Freddie Mercury inventou-se a si próprio: inventou o seu nome, inventou a sua persona no palco, inventou a banda que os Queen se tornariam.
Mas quem ouvimos a brilhar mais intensamente em "Live At The Rainbow" e que eu não posso de maneira nenhuma esquecer é o Dr. Brian May. Munido da sua guitarra Red Special e do seu impressionante sistema de som Echoplex, Brian dispara lasers sonoros por toda a sala e desenha as linhas de um rendilhado que ornamenta os meus sonhos e me afaga a alma. Meu Deus, que paraíso.
Se o meu cérebro tem um estimulador, é aquele som que vem da guitarra de Brian. Um som vindo ao mesmo tempo do Céu e do Inferno.
E depois há as harmonias... Ai as harmonias. Que delícia.
Harmonias pode mesmo ser a palavra chave de "Live At The Rainbow". Freddie Mercury, Roger Taylor e Brian May, os 3 com um registo vocal bem diferente, juntos completam o espectro sonoro quando gritam em uníssono ao microfone. O efeito é arrepiante.
Infelizmente, por volta de 1976 / 1977, à medida que o espectáculo visual dos Queen crescia, o espectáculo das harmonias foi desaparecendo. Mas nos early days dos Queen, eles eram imbatíveis nas harmonias.
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O tema que aqui deixo para mostrar "Live At The Rainbow" é "White Queen (As It Began)" - tema composto por Brian May e incluído no Side White (ou 1º lado) do álbum "Queen II". "White Queen" é um dos meus temas preferidos dos Queen e esta versão em específico, ao vivo no concerto de Novembro no Rainbow Theatre, é a minha preferida de sempre.Isto é Queen em estado cru: 4 senhores apenas, vestidos de senhoras, a fazerem Rock.