quinta-feira, 25 de julho de 2013

Bruce Springsteen - "The Rising"

"Come on up for the rising"


Hoje a cidade de Santiago de Compostela está nas notícias e está pelas piores razões.
Santiago não merecia tal tragédia. Adoro a Galiza e esta cidade em particular. Foi lá que vivi uma das melhores noites da minha vida, quando assistir ao concerto de Bruce Springsteen & The E Street Band no Monte do Gozo. Mais do que um concerto, foi uma experiência, como aqui descrevi no ano passado.



À conta deste dia e de muitos outros que passei em terras galegas, desenvolvi uma relação especial com aquele lugar e com aquelas pessoas. Não mereciam tal provação. Força para eles; que juntem as mãos, como Bruce cantou em "The Rising" e que recuperem rapidamente deste fatídico dia.

quarta-feira, 24 de julho de 2013

Metallica - "Sad But True"

"I'm your dream, I'm your eyes, I'm your pain. You know it's sad but true"



Hoje senti que algo falta na minha vida.
Ao longo dos anos, todos ganhamos rotinas, hábitos cujo somatório resultam num estilo de vida. O nosso estilo de vida.
Pequenas coisas, como olhar para o telemóvel quando estamos aborrecidos, como verificar se o carro está fechado depois de o trancarmos, ou como...


...um concerto dos Metallica no Verão.

Hoje senti que algo falta na minha vida. E o que falta é rebentar-me todo, com 2 horas de mosh num concerto dos Metallica.
Desde 2008, ano em que os vi pela primeira vez no festival Rock In Rio, que já apanhei a banda de thrash metal americana por 4 vezes:

2008/06/05 - Parque da Bela Vista, Lisboa [Rock In Rio] - 2008 European Vacation Tour
2009/07/09 - Passeio Marítimo de Algés, Oeiras [Alive] - World Magnetic Tour - 4ª légua europeia
2010/05/10 - Pavilhão Atlântico, Lisboa - World Magnetic Tour - 6ª légua europeia
2012/05/25 - Parque da Bela Vista, Lisboa [Rock In Rio] - 2012 European Black Album Tour

Por calhar na véspera de um exame do Técnico, perdi tragicamente o grande concerto de 2007 no SBSR, mas desde então que não voltei a falhar nenhuma passagem dos Metallica por Portugal.

O meu concerto preferido até hoje foi, curiosamente, o último.
Para comemorar 20 anos do lançamento de "Metallica" (mais conhecido como "The Black Album", devido à capa integralmente preta), a banda lançou-se numa digressão onde tocava de trás para a frente (literalmente) o icónico álbum.  O álbum lançou os Metallica para a estratosfera do sucesso e apesar de não figurar nas preferências dos fãs mais puristas (que perderam o ónus da exclusividade da banda com este álbum), continua a ser um dos trabalhos mais populares da banda e também um dos meus preferidos.


O concerto foi fabuloso, com uma banda em grande forma, uma grande setlist e grandes condições sonoras. Foram 2 horas de mosh quase contínuo, apenas interrompido pelas baladas presentes no álbum (que muito irritam os tais puristas), como "Nothing Else Matters", ou "The Unforgiven".

Adorei. Mas a verdade é que os anos passam. Apesar do êxtase que levei para casa no final do concerto, levei também os hematomas de todo o arraial de pancada onde estive embrulhado durante aquelas 2 horas. O dia seguinte foi de ressaca do concerto: mal me consegui levantar da cama.
A verdade é que os anos passam e já pesam. Sad but true.

domingo, 21 de julho de 2013

Bruce Springsteen - "The Price You Pay"

"You learn to sleep at night with the price you pay"


Tinha 9 anos quando o meu Pai chegou a casa com um CD branco de um artista que nunca tinha ouvido falar. A capa mostrava um homem de costas, o que aumentava o mistério. "Vais gostar disto", assertou-me o meu Pai. Mal eu sabia que aquele álbum iria mudar a minha vida. Tratava-se do "Greatest Hits" do Bruce Springsteen:



Desde então que fui injectado ciclicamente em doses cavalares de Bruce. E ao contrário de outras bandas que adoro desde essa altura (como por exemplo, e que Freddie me perdoe a heresia, os Queen), à medida que os anos passam, eu gosto cada vez mais do Bruce. Cada vez mais o "percebo".
Quanto mais "vivo", mais sinto uma relação estreita, estranhamente próxima com o que ele escreve, com os sentimentos que ele transmite.  Porque são tais e quais os meus. Só não sei é se isso é bom ou não.

Toda a música de Bruce Springsteen reflecte essencialmente sobre 3 escolhas da nossa vida: o que fazemos; para onde vamos; com quem estamos.
A todas estas escolhas está associado um preço. É essa a consequência de "escolha". Preferimos uma opção em detrimento de outra. E pagamos um preço por isso.

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"You make up your mind, you choose the chance you take"
"The Price You Pay" fala disto mesmo. Do preço que pagamos pelas escolhas que fazemos.
Já uns anos antes, em "Darkness On The Edge Of Town", Bruce fora lapidar relativamente ao preço que se paga por determinadas escolhas:
"I'll be on that hill with everything I've got (...) and I'll pay the cost for wanting things that can only be found in the darkness on the edge of town"
"The Price You Pay" surgiu das sessões para o álbum perdido de Bruce Springsteen - "The Ties That Bind"  -, aquele que deveria ter sido o primeiro álbum de Bruce sobre a difícil relação de um casal. Infelizmente, como aqui referi, Bruce cancelou o projecto, em favor de um álbum mais variado como aquele que tivemos em "The River".

Foi uma pena. Na minha opinião, de modo a exponenciar a importância da sua música que nesta fase lhe chegava em torrentes criativas, Bruce deveria ter lançado um a dois álbuns por ano, cada um obedecendo a uma determinada matriz, tal como fez com "Darkness On The Edge Of Town". Assim, "The Ties That Bind" poderia ter visto a luz do dia no Natal de 1979 e em 1980 poderíamos ter recebido um álbum festivo com "Out In The Street", "Ramrod", "Sherry Darling", "I'm A Rocker" e todos esses temas mais upbeat que acabaram por ir parar a "The River". E quem sabe, mais um álbum introspectivo, com  temas como "Independence Day", "Drive All Night", "Point Blank", ou "Wreck On The Highway". E já nem falo na astronómica quantidade de material das sessões de "Darkness"...

O que torna esta decisão de cancelar "The Ties That Bind" ainda mais frustrante é que para trás ficaram temas-chave como "To Be True", "Cindy" e "Loose Ends", bem como versões definitivas de temas como "Stolen Car" e "The Price You Pay". Na versão que chegou a "The River", Bruce decidiu inexplicavelmente cortar uma estrofe.

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"Some say forget the past, and some say don't look back
But for every breath you take, you leave a track"
Normalmente, as escolhas da nossa vida são tomadas ao longo de um caminho que percorremos, de um processo contínuo; vamos sucessivamente chegando a diversos entroncamentos que nos obrigam a tomar decisões de vida, seja sobre a profissão, o lugar onde vivemos, a pessoa com quem fazemos este caminho.
Em raras ocasiões, este processo contínuo é interrompido, como se alguém carregasse num botão PAUSE da nossa vida; e todas escolhas concorrem num momento, numa encruzilhada que nos obriga a pensar o que, afinal, queremos fazer da vida. Depois é escolher. E pagar o preço dessa escolha.
"Now you can't walk away from the price you pay"
Não há volta a dar, não é possível fugir deste preço.
Será que podemos pagar esse preço, sem que nos arrependamos?
Será que estamos preparados para dormir com essa escolha?