"She still remembers you, the first boy that she gave it to. And she laughs at how little then she knew"
Nos últimos anos, George Michael tem-se dedicado a destruir a sua carreira e a sua vida, com argolada atrás de argolada. Na sua vida, houve várias detenções por posse de droga e condução sobre o efeito de álcool e drogas (George confessou que fumava 25 charros por dia), hábitos que culminaram na sua prisão, durante 4 semanas em 2010.
Na sua carreira, já há muito que não lança um álbum novo e a pouca música que temos ouvido é uma caricatura do artista que em tempos fora.
Desde quando é que se admite que um cantor com uma das melhores vozes do Mundo queira imitar a Rihanna e lance um tema em que a sua voz é praticamente imperceptível no meio de tanto tratamento electrónico (vulgo vocoder)? E ainda por cima fazendo uso de "True Faith" dos New Order - um dos melhores temas Synthpop dos anos 80? Eu digo: não é admissível.
Como classificou o jornal The Guardian, este terá sido "o pior single de caridade não-cómico de sempre". Ou então foi tudo a gozar, não sei.
Finalmente, parece que George Michael se deixou de merdas e (como diziam no Dragonball) decidiu passar a coisas sérias. Em Março de 2014, George decidiu lançar o álbum "Symphonica", gravado ao vivo entre 2011 e 2012, durante a sua Symphonica Tour - que eu tive o privilégio de presenciar em Madrid.
Se não contarmos com as compilações, "Symphonica" é o primeiro álbum de George Michael desde "Patience", lançado em 2004. Ainda assim, trata-se de um álbum ao vivo, pelo que já lá vão 10 anos desde o último álbum de originais e ainda não vimos nada nesse campo.
Em "Symphonica", George assume o seu lado crooner - papel que ele desempenha com mestria. Aliás, para mim, nem há outro como ele. Se compararmos com outros cantores em voga nesse género - como por exemplo, Michael Bublé - a conclusão a que chegamos é que George não só é o maior nesse campo, como ainda joga em muitos outros campos. Sendo mais concreto, para além de intérprete, também compõe. E tanto canta baladas, como temas Pop mais mexidos, ou até Rock. O maior.
Ao apostar nesta faceta, "Symphonica" mostra-nos uma das maiores paixões de George: cantar temas dos outros. Esta paixão foi sendo revelada ao longo dos anos, pelos vários covers que nos foi presenteando na sua carreira - em 1990 fez a Cover 2 Cover Tour, onde praticamente só cantava covers. Em "Symphonica" podemos ouvir nem mais nem menos 10 covers, num total de 17 temas (na versão física mais completa). É mais de metade do álbum.
George Michael dá voz a temas dos repertórios de Elton John ("Idol", do álbum "Blue Moves", de 1976), The Police ("Roxanne", do álbum "Outlandos d'Amour", de 1978), Nina Simone ("My Baby Just Cares For Me"), Rufus Wainwright ("Going To A Town", de 2007), Roberta Flack ("The First Time Ever I Saw Your Face", canção de Evan MacColl, lançada por Peggy Seeger em 1957), Terence Trent D'Arby ("Let Her Down Easy", do álbum "Symphony or Damn" de 1993), entre outros.
O primeiro single do álbum foi precisamente este "Let Her Down Easy", do norte-americano Terence Trent D'Arby (que agora quer ser conhecido como Sananda Maitreya). A faixa do vídeo em cima é diferente da que ouvimos no álbum, uma vez que, segundo George, a rádio se recusava a passar o tema se não fosse totalmente removido o ruído do público, defendendo que a faixa vocal foi gravada ao vivo e está intacta. Se assim é - e o eco que ouvimos no tema deixa escapar que foi mesmo gravada numa sala ampla e não em estúdio - então aqui está a prova que George Michael ainda está em grande forma.
Pena que seja apenas uma amostra. Quero tanto ouvir mais de ti, George. Sem merdas.
"Let her down easy and you'll grow up in time"
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