segunda-feira, 28 de julho de 2014

Alice In Chains - "Them Bones"

"I believe them bones are me.
Some say we're born into the grave.
I've been so alone, gonna end up a big ol' pile o' them bones"

"Ha!!!...... Ha!!!...... Ha!!!......"  ...é com estes gritos, em prantos de quem está ao microfone debaixo de um chicote, que os Alice In Chains dão início ao seu 2º álbum "Dirt".
"Them Bones", como a maioria da discografia dos Alice, soa-me a isto:


A imagem em cima é uma fotografia de um combate de boxe, onde vemos a expressão de dor de um homem que leva um murro na cara. É disto que trata a música dos Alice In Chains - são representações de dor, de sofrimento.
Não havia, de certeza, melhor imagem para capa da colectânea "Greatest Hits" da banda:


É por demais evidente que os Alice In Chains levavam a sua música muito a sério. Tão a sério que roçavam a aversão ao mercado mais comercial. Os Alice eram demasiado mórbidos para serem do mainstream. E não digo mórbidos no sentido a que estamos habituados nas bandas de metal - eles não falam em entranhas expostas, nem no mau hálito do demo, ao som de grunhidos do vocalista e de mil notas por segundo do guitarrista.
Os Alice são mórbidos porque falam da morte, falam da dor e do sofrimento, falam de sentimentos reais. Eles não faziam música para agradar às massas, nem mesmo para os miúdos das camisas de flanela, que acharam piada aderir à moda do grunge. Os Alice faziam música porque sabiam o que é a  dor, o que é o sofrimento e queriam mostrar-nos alguma dessa dor e desse sofrimento, para que nós saibamos o que é também.

"I've been so alone, gonna end up a big ol' pile o' them bones"
Se havia veículo perfeito para passar esta mensagem, esse veículo era Layne Staley - o já falecido vocalista original da banda.
Layne Staley é a voz da morte. Se a morte tivesse uma voz, eu imagino-a como a voz do Layne Staley.

Não há esperança da voz arrastada de Layne, nem na música dos Alice In Chains. Não é como, por exemplo, os Pearl Jam, onde Eddie Vedder cantava sobre o pai que tinha morrido e nunca tinha conhecido, mas ao mesmo tempo exclamava a plenos pulmões que "Oooooh-aaaaaah-aah Ooh-ooh I'm still alive!", ou seja, que ainda estava vivo - há esperança ali. Não há nada disso nos Alice, aqui só há desolação, só há aridez.
Nomes de temas como "Rain When I Die", "Down In A Hole",  "Sea Of Sorrow", ou "We Die Young", falam por si.


Não gosto de bater sempre na mesma tecla, mas palavra que eu não entendo como é que os Nirvana é que foram a "cena" dos early 90's. Só entendo na perspectiva da "acessibilidade".
Por mais que eu esteja aqui a elevar a sua música, o apelo comercial dos Alice In Chains para as massas era diminuto. O sucesso que tiveram acabou por ser muito devido a terem surfado na onda dos Nirvana - banda que me parece em tantas coisas inferior aos Alice... e a muitas outras de Seattle.

2 comentários:

  1. Eu cá costumo dizer que os Nirvana foram aquilo que os Alice In Chains não quiseram ser :P
    O segredo dos Nirvana foi precisamente esse, acessibilidade. São aquela banda que quase toda a gente ouve e acha engraçado. O mesmo não se pode dizer da banda do Layne.

    PS: É bom ver o blog activo outra vez!

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    1. Bem visto sejas Filipe, é bom ver-te de volta por aqui também.
      Gosto muito da tua asserção e inclino-me a subscrevê-la - os Nirvana foram de facto a banda ideal para apelar às massas e lhes levar a cena de Seattle. Ainda bem para todos que alguém o fez, senão é possível que nem conhecêssemos algumas destas bandas de que tanto gostamos.
      Abraço!

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