"It feels so real in my sleep, never held something so close I couldn't keep"
Na semana passada, aleguei que "fecharia" o ano de 2012 neste post. Not quite. Antes disso, tenho ainda que fazer algumas menções honrosas, de bandas, álbuns e temas que não entraram nas selectivas escolhas do ano: Álbum original, Artista no activo, Revelação/Descoberta, Banda mais ouvida e Tema do ano.
Começo hoje com um tema de mais um álbum que me abanou em 2012, com a particularidade de ter sido lançado... em 2012. Aliás, este não é meramente "um" tema, é mais "o" tema que me abanou e me agarrou aos Tame Impala. Falo deste fantástico "Apocalypse Dreams", que podem ouvir em cima.
Aqui, o termo fantástico é usado num sentido abrangente e pode ser entendido em múltiplas dimensões, incluindo aquela "dimensão paralela" para onde se pode ir em determinadas condições... ingerindo determinadas substâncias (não sei se me estou a fazer entender). Enfim, aquela dimensão para onde o Syd Barrett foi muitas vezes; tantas vezes, que certo dia ficou lá preso e nunca mais conseguiu voltar.
Artwork de "Apocalypse Dreams", lançada em download gratuito a 14 Julho de 2012, como primeira amostra de "Lonersim"
Para quem não conhece, os Tame Impala são uma uma banda australiana de Rock Psicadélico (segundo os próprios, uma banda que faz psychedelic hypno-groove melodic rock music), cujo primeiro álbum foi lançado em 2010 ("Innerspeaker"). A dica foi-me dada por uma amiga, algures numa caixa de comentários deste blog e a aposta foi claramente ganhadora. Este registo psicadélico é totalmente a minha praia.
"This could be the day that we push through, it could be the day that all our dreams come true... For me and you"A música que ouvimos em "Lonerism" e particularmente neste meu favorito "Apocalypse Dreams" é uma curiosa amálgama da sonoridade de uma banda Indie dos anos 00, dos Pink Floyd circa-"Piper" e dos The Beatles circa-"Pepper" (note-se que o paralelismo entre estes dois álbuns, ambos lançados em 1967, é maior do que se possa pensar). Tudo isto, acompanhado pela inconfundível voz de...
A sério: que raio de acontecimento genético terá sucedido com Kevin Parker - o vocalista dos Tame Impala, que a voz dele é exactamente igual à do John Lennon? Principalmente àquele irresistível timbre arrastado do Lennon mid-60's, quando este estava encharcado em drogas? Incrível. Só mesmo ouvindo, para acreditar.
Terá o John Lennon ido à Austrália passar umas férias e deixado legado? Mas Lennon foi morto em 1980 e Parker nasceu em 1986, portanto não, não pode ser. A não ser que... Oh well.
A verdade é que fiquei completamente siderado com a voz do puto.
"Everything is changing and there’s nothing I can do..."
"Lonerism" é, de facto, um mostruário daquilo que de bom ainda se pode fazer no indie rock. Uma verdadeira maravilha, um dos álbuns mais entusiasmantes de 2012. Entusiasmante, porque ouvir um grupo de miúdos a fazer música desta, faz-me perceber que há esperança para o Rock.
O panorama da música está em mudança. A mudança é contínua, mas hoje, numa época em que tudo é feito e consumido a grande velocidade, essa mudança é feita a um ritmo ainda maior, num vórtice vertiginoso. O problema é que tenho dificuldade em ver uma direcção que me agrade neste vórtice e não há nada que possa fazer para mudar este panorama. Nada... a não ser levantar os braços sempre que sou abanado por algo novo.
A música dos Tame Impala é razão mais que suficiente para me fazer levantar os braços e ver uma luz. Uma luz de cores em tons de amarelo, verde, lilás e vermelho...
Deposito enormes esperanças neles, esperança que me tragam muito mais música para eu sonhar às cores... muito mais "Apocalypse Dreams".
Poster promocional da digressão britânica em 2012. Medusas psicadélicas para promover os Tame Impala, how appropriate. Dos melhores, mais fixes, mais fantásticos (pun intended) posters que já vi.
Ah, surreal ver este post! :P Ainda bem que gostaste assim tanto deles :)
ResponderEliminarEu por acaso gosto mais do "Innerspeaker" que do "Lonerism". Tem lá música atrás de música que gosto bastante. Mas o "Lonerism" também é bem bom.
(e que trip de DMT essa do "Enter the Void"!...)
Bem, surreal ou não, sem a tua sugestão, o post nunca teria sido escrito! ;)
EliminarAinda não conheço muito bem o "Innerspeaker", não me agarrou como partes do "Lonerism". Vou dar-lhe mais um spin!