"It's a pleasure that I have known and it's a treasure that I have gained..."
Ainda o ano de 2012. Já estamos no final de Janeiro e aqui no blog ainda se faz o balanço do ano que passou, num ritmo bem demonstrativo da velocidade de caracol em que o blog tem corrido.
No outro dia, deixei uma menção honrosa aos Tame Impala - uma das grandes revelações do ano passado - e hoje falo de outra grande banda da Oceânia, mais precisamente da Nova Zelândia, desta feita num registo bem diferente: os Crowded House.
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"He was in the throes of a nervous breakdown.
Alone in bed and crying uncontrollably, he noticed his baby daughter walking towards his bed, her arms outstretched.
In her hand was a glass of water. She wanted to give something. Something to make it alright.
This was all she could find."
Peter Paphides - radialista britânico, sobre a música dos Crowded House
É possivelmente a mais triste e, ao mesmo tempo, a mais edificante das histórias.
A história é verídica. Terá acontecido ao falecido humorista britânico Spike Milligan, a contas com uma depressão. A sua filha queria ajudá-lo e, sem saber como, levou-lhe um copo de água. Mal, o copo não faria; ao menos mataria a sede e reporia os níveis de água no corpo, esgotados de tanto choro.
O radialista Peter Paphides desenrolou esta metáfora para explicar a valência da música dos Crowded House e na minha opinião, acertou em cheio.
A música dos Crowded House não é a panaceia do mal de ninguém, mas alivia. Não cura as doenças, mas retira dor. Não é vacina, mas sim analgésico.
Se há algum sentido no rótulo de "Easy Listening", ele tem que ser aplicado à música dos Crowded House. A sonoridade é tão suave e acolhedora, que tem o dom de me transmitir tranquilidade.
Não deverá ser segredo para ninguém que tenha um rádio desde 1986, que os Crowded House são mestres no registo do Soft Rock, desde que invadiram as ondas FM com o seu grande êxito "Don't Dream It's Over". Este registo de banda de sótão, que seria explorado ao longo dos anos por bandas como os Coldplay, ou os Keane é o estilo Rock de mais fácil audição, apoiado na melodia e sem grandes espaços para distorções.
A voz dos Crowded House e sua principal força criativa é Neil Finn. À falta de rasgos musicias dilacerantes, Neil é um tipo que sabe escrever uma melodia, sabe colar-lhe uma lírica e sabe produzir tudo de forma a que caia no ouvido de forma macia e agradável, sem nunca perder a mensagem.
Neil Finn é um poeta. São várias as passagens ao longo da sua lírica que me abanam. Frases simples, mas de uma profundidade, sinceridade e, acima de tudo, realidade, comoventes:
"You opened up your door, I couldn't believe my luck..."
in "Into Temptation" - Álbum "Temple Of Low Men" (1988)
"I don't pretend to know what you want, but I offer love."
in "Distant Sun" - Álbum "Together Alone" (1993)
"Não finjo saber o que queres, mas eu ofereço amor."
Sem comentários... É isto.
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"It feels like nothing matters in our private universe."
O tema que aqui fica é um dos meus preferidos dos Crowded House, apenas um dos grandes temas que podemos ouvir em "Recurring Dream". Originalmente, "Private Universe" foi lançado no álbum "Together Alone", em Outubro de 1993 e serviria, exactamente um ano mais tarde, de 6º (!!!) single de promoção ao álbum.
Sim, leram bem; para tentar capitalizar o álbum nos vários mercados onde tentavam penetrar, os Crowded House lançaram um total de 7 singles de "Together Alone", nenhum deles com especial sucesso.
"You said the chance wasn't getting any better, labour of love is ours to endure"
"Private Universe" puxa algumas sonoridades da world music para criar uma atmosfera mística, muito própria do que se ouvia na rádio em meados dos anos 90. Estávamos na era dos Enigma ("Return To Innocence"), dos Era, da Enya, dos Sacred Spirit, do canto gregoriano, ou dos (hediondos) pan pipes (Deus me livre...). Um dia destes voltarei ao asssunto.
2012 foi o ano da confirmação dos Crowded House no meu reportório. Foi o ano em que passei a olhar para a sua discografia com um espectro mais alargado, para além dos êxitos mais conhecidos. De tal forma que a compilação "Recurring Dream - The Very Best Of Crowded House" foi um dos álbuns mais tocados do ano transacto.
Pan pipes, a sério, do que te foste lembrar! :D
ResponderEliminarNunca liguei muito a Crowded House. Ouve-se mas não me diz muito... Mas uma coisa que dizes e é bem verdade é como a simplicidade pode ser perfeita (na música e não só).
Os Coldplay... meh. Já foram uma das minhas bandas preferidas (o "Parachutes" é um marco para mim) mas não me identifico nada com a música que fazem hoje em dia :(
Pan pipes é "só" das maiores merdas que se lembraram de aplicar à música popular. Eu respeito a sua utilização na música tradicional, por exemplo, das civilizações antigas na América do Sul, ou na Ásia, mas nos anos 90 aquele ímpeto de worldmusiquificação de tudo o que fosse música dava comigo em doido...
EliminarO pior foi mesmo aquele esterco da banda sonora do "Titanic" (sorry, mas não posso mesmo com aquilo... lol), que estava em todo o lado e era SÓ pan pipes!! Enfim, sorry for the rant :P
Os Crowded House são isso mesmo, como eu dou a entender no texto. São um copo de água, para quem está deprimido. Sabe bem, mas não cura.
É um easy listening que eu gosto muito.
Relativamente aos Coldplay, sublinho por completo o que tu disseste. Adorei o "Parachutes" e julgava que eles estavam a virar numa boa direcção, mais artsy, com o Brian Eno e o "Viva La Vida", mas perderam-me por completo com o último álbum. Neste momento, com muita pena minha, estão mais próximos da Rhianna, do que dos Coldplay do "Parachutes"...