"We´ll burn the sky, when it´s time for me to die!"
Nos idos anos 70, os Scorpions eram um animal (pun intended) bastante diferente.
Antes de ser domesticado no final dos anos 80 e vulgarizado no final dos anos 90, o escorpião era um animal selvagem, que espalhava o seu veneno pelas salas escuras dos 70's, um pouco por todo o Mundo.
Nesta altura, os Scorpions eram uma banda de culto; uma banda que tocava puro metal, do mais pesado e inventivo que se fazia então. Foi assim que ganharam uma visibilidade notável, principalmente se tivermos em conta que estavam fora dos pólos comerciais US / UK. É que é preciso lembrar que os Scorpions são uma banda alemã que em tempos triunfou em TODO o Mundo, sem excepção. A tocar metal e a cantar em inglês, não houve mercado que os Scorpions não dominassem, mais tarde ou mais cedo. Em suma, triunfaram a jogar fora de casa e submetendo-se às regras do mercado adversário.
É verdade que esse triunfo se deu em muitos lugares à custa da já referida domesticação a posteriori, mas não deixa de ser um feito notável.
A carreira dos Scorpions está nesta altura prestes a terminar (ou pelo menos é o que eles apregoam desde 2010, ano de lançamento do suposto álbum de despedida "Sting In The Tail") e a banda parece já correr em modo automático. Mas a História dos Scorpions já vai longa, remontando ao ano de 1965, ainda os The Beatles não tinham lançado "Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band", altura em que o jovem guitarrista Rudolph Schenker decidiu formar uma banda.
Porém, só em 1970 é que os Scorpions começaram a tomar a sua forma, quando o também guitarrista Michael Schenker (irmão mais novo de Rudolph) e o vocalista Klaus Meine se juntaram ao grupo. A banda procurou tocar num registo semelhante ao que os Led Zeppelin faziam na época, e em 1972 lançaram o seu primeiro álbum "Lonesome Crow".
Após o 1º álbum, Michael Schenker saiu e entrou Ulrich Roth (que mais tarde "internacionalizou-se" como Uli Jon Roth). Com esta troca, os Scorpions endureceram e assim encontraram o seu caminho. À medida que foram lançando sucessivos trabalhos de enorme qualidade, ganharam notoriedade no panorama europeu do metal, culminando na extraordinária sequência de álbuns "In Trance" / "Virgin Killer" / "Taken By Force" que, de 1975 a 1977, elevaram os Scorpions ao status de banda de metal internacional.
Foi aqui que os Scorpions atingiram aquele que foi, na minha opinião, o ponto mais alto de toda a sua carreira, com o fabuloso "We'll Burn The Sky". O tema foi escrito por Rudolph Schenker e a lírica foi emprestada por Monika Dannemann - última namorada de Jimi Hendrix, que após a sua morte se envolveu com Uli Jon Roth - que dedicou a Hendrix o poema que serviu de base à canção.
"I know we´ve never been apart, your love sets fire to my heart
We´ll burn the sky, when it´s time for me to die! We´ll burn the sky!"
Capitalizando o sucesso retumbante que tinham no Japão (à semelhança de outras bandas pesadas da época como os Queen e os Deep Purple), os Scorpions viajaram para a "Terra do Sol Nascente" para gravar o álbum ao vivo "Tokyo Tapes" em 1978 (os Deep Purple também já o tinham feito, com "Made In Japan"). O álbum documentava as últimas actuações ao vivo da banda com Uli Jon Roth, que já tinha anunciado a sua saída depois do lançamento de "Taken By Force".
"We'll Burn The Sky" aparece em "Tokyo Tapes" com um solo prolongado de Uli Jon Roth, dando-lhe a oportunidade para brilhar intensamente na sua despedida dos Scorpions.
Para substituir Uli Jon Roth, entrou Matthias Jabs, guitarrista que se mantém até hoje na banda. Com esta mudança, o registo dos Scoprions foi amolecendo a pouco e pouco, tornando a sonoridade da banda mais "amigável" e consequentemente, o sucesso nas tabelas foi aumentando.
Os álbuns de qualidade continuaram a suceder-se até a meados dos anos 80, mas quando surgiu "Love At First Sting" e os Scorpions encontraram o sucesso, o escorpião deixou em definitivo a selva e o animal nunca mais foi o mesmo...
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