"I feel so extraordinary, something's got a hold on me"
"Who is the laziest member of the band?
Ian Curtis. I've never seen him do anything for years!"
Peter Hook - baixista dos New Order e dos Joy Division - por volta de 1993
Não deve ter sido fácil. Perder um amigo, um amigo que era também o vocalista da banda, que era o principal autor das letras e figura de proa do grupo... Perdê-lo quando, finalmente, a banda começara a ganhar alguma notoriedade...
Não deve, não pode ter sido fácil.
Contudo, os restantes Joy Division queriam continuar a fazer música. Nem fazia sentido ser de outra forma.
A perda de Ian Curtis significava que a identidade carregadamente urbano-depressiva da banda ia também cair. As temáticas do isolamento, da alienação, ou da depressão, trazidas pela mente perturbada de Ian, dissipar-se-iam com a sua saída. Mas a música, essa, estava lá intacta.
Porém, sem Ian Curtis, os Joy Division não faziam mais sentido. Assim, Bernard Sumner, Peter Hook e Stephen Morris decidiram adoptar um novo nome e recrutar um novo elemento para as teclas - Gillian Gilbert; nasciam então os New Order.
Os primeiros singles e o primeiro álbum dos New Order, lançados entre 1981 e 1982, cheiravam ainda a Joy Division. Por vezes, isso era bom, como em "Ceremony", "Everything's Gone Green", ou "Dreams Never End", por outras nem por isso. Em todo o caso, era impossível esconder que a banda dos subúrbios de Manchester estava a passar uma fase de transição.
"I can't tell you where we're going, I guess there's just no way of knowing"
Porém, quando em 1983 rebentou "Blue Monday" e se tornou no single de 12'' mais vendido de sempre (ainda hoje detém esse título), era evidente que os New Order já tinham passado para a outra margem. Já não eram uma referência do Post-punk, eram agora um porta-estandarte do Synthpop e do New Wave. Passaram do registo urbano-depressivo para um registo "dançável".
Confesso: não sou, em geral, um apreciador de música de dança; nem sequer, num conceito mais abrangente, de música "dançável". Nunca fui.
Nunca fui... até chegar aos New Order. Talvez pelo facto de misturarem as guitarras e as influências Punk, com as influências electrónicas germânicas (Kraftwerk, etc.), como David Bowie tinha feito 6 anos antes, os New Order arrebataram-me de imediato. Primeiro, com o inevitável "Blue Monday" e depois, com este superlativo "True Faith".
"True Faith" é o meu tema preferido dos New Order, mas é mais que isso: é o meu tema preferido de toda a "música dançável"; e mais ainda: é o meu tema de 2011.
Já devo um post aos New Order há muito tempo. Pelo menos desde há um ano quando, por esta altura, deveria ter feito o balanço de 2011. Porque a escolher o Tema do ano de 2011, seria "True Faith", na sua versão de 12''. O tema que simboliza uma das melhores coisas que me aconteceu nos últimos anos.
O papel dos New Order em 2102 foi diferente, não tão centrado num tema, como em 2011, mas mais abrangente.
Se ontem falei da banda Revelação do ano - os The Smiths - hoje é tempo para a Banda do ano - a banda que mais marcou o meu quotidiano, em 2012. Como já terão percebido por esta altura, trata-se dos New Order. Curiosamente, foi uma banda que explodiu no Reino Unido, mais ou menos na mesma altura que os The Smiths.
Já a minha explosão de New Order deu-se no último trimestre de 2012, quando descobri esta pequena maravilha:
Fiquei de tal forma agarrado aos New Order, que 2012 viu a minha única interpretação de um tema em público, num karaoke de um bar. Nem mais nem menos que... "True Faith".
Depois, respeitando a minha pancada coleccionista (a partir do momento que gosto de alguma banda, tenho que ter tudo dessa banda), prima directa da minha pancada de romântico (se gosto de algo ou alguém, gosto mesmo muito), fui "obrigado" a comprar este lote:
Exacto. Falo de edições de coleccionador, expandidas, dos 4 primeiros álbuns dos New Order. Isto resultou, como já referi, num verdadeira enxurrada de New Order na fase final de 2012, o suficiente para ganharem o meu prémio de Banda do ano. E tenho para mim que isto ainda não acabou...
Nota: a versão 12'' de "The Perfect Kiss" - o meu ex libris dos New Order em 2012 - só não leva as honras deste tópico porque... Bem, porque já devia um post ao "True Faith"!