"It's louder than words, this thing that we do.
Louder than words, the way it unfurls.
It's louder than words, the sum of our parts.
The beat of our hearts is louder than words."
Se me dissessem há uns meses que hoje, 9 de Outubro de 2014, eu me levantaria mais cedo da cama, só para ligar a emissão online da BBC Radio e ouvir um tema novo dos Pink Floyd, eu abanaria a cabeça em descrença, olhando para o chão enquanto pensava nas parcas possibilidades para que tal pudesse acontecer. Mas às vezes a vida guarda-nos surpresas onde menos esperamos.
"Louder Than Words" está aí e é o tema de avanço do álbum "The Endless River", que junta 4 diferentes peças musicais, cada uma ocupando um lado do duplo LP. Estas peças foram gravadas em 1993, nas sessões de "The Division Bell", as quais produziram 5 a 6 horas de música (segundo Richard Wright referiu numa entrevista em 1994).
Ao contrário do que eu especulei aqui, não vão aparecer as sessões instrumentais que Richard Wright gravou nos seus últimos anos (essas ficarão guardadas para o próximo álbum a solo de David Gilmour, ou até, quem sabe, para um álbum em nome próprio); não vão aparecer elementos da montagem "Soundscape"; e aparecerão alguns segundos apenas da peça "The Big Spliff", originalmente criada por Andy Jackson.
O que teremos em "The Endless River" é algo totalmente novo, inaudito.
"The Endless River" será - David Gilmour já o garantiu - o capítulo final da História dos Pink Floyd. É um duplo álbum quase integralmente instrumental do trio Gilmour-Wright-Mason. Quase, porque David Gilmour quis fechar a discografia dos Pink Floyd com um olhar para o passado.
"Well, Rick is gone. This is the last thing that’ll be out from us. I’m pretty certain there will not be any follow up to this. And Polly, my wife, thought that would be a very good lyrical idea to go out on. A way of describing the symbiosis that we have. Or had… I didn’t necessarily always give [Wright] his proper due. People have very different attitudes to the way they work and we can become very judgmental and think someone is not quite pulling his weight enough, without realising that theirs is a different weight to pull."
David GilmourÉ isso que ouvimos em "Louder Than Words".
Não me interpretem mal, eu adorei "Louder Than Words". Mesmo. A voz de David continua divinal, a sua guitarra está no ponto e o Hammond de Richard conseguiu puxar-me as lágrimas diversas vezes em 4 minutos e meio. Só que "The Division Bell" é o meu álbum preferido de todos os tempos. É o álbum que o meu Pai punha a tocar todos os Domingos de manhã, durante anos a fio. Está na minha cabeça colado com a mesma força que a face da minha mãe e o caminho para a minha casa. É injusto comparar o que quer que seja ao melhor de sempre.
Posto isto, confesso que fiquei um pouco desapontado com o solo de guitarra do David Gilmour, para aquele que ficará para sempre como o último tema da discografia dos Pink Floyd. É demasiado curto. Mas depois lembrei-me que o que ouvi hoje é apenas um radio edit(uma versão curta para passar na rádio), por isso é possível que haja mais 2 minutos de solo no disco.
Mais uma vez, note-se que David é o meu guitarrista preferido de todos os tempos, por isso the bar was set very high para ele também.
Nesta paixão pela música, como em qualquer outra paixão, quando as expectativas são tão altas... É previsível haver dissabores e alguém acabar magoado.
Assim, sem querer ser um desmancha prazeres, vou pôr um pouco de água na fervura (também na minha).
Sejamos realistas, é muito difícil (para não dizer virtualmente impossível) que "The Endless River" supere "The Division Bell". Logo à partida, por 2 motivos: em primeiro lugar, porque TER é o que sobra das sessões de gravação de TDB, TER está para TDB como a Liga Europa está para a Liga dos Campeões; depois, porque o que vamos ouvir é material inacabado e daí ser revelado em forma instrumental.
Reitero que não quero com isto decretar o funeral a "The Endless River". Eu estou em pulgas para ouvir o resto do álbum. Estou convicto que vai ser fenomenal (olha para mim de volta aos superlativos), que vou adorá-lo e que vou ouvi-lo 100 vezes, só contando com o pouco que resta de 2014. Mas tenho que resfriar os ânimos desta paixão, especialmente para mim.
Honestamente, "The Endless River" é uma incógnita para mim. É um álbum duplo com 45 minutos instrumentais. Não sei o que esperar.
Se os Pink Floyd tivessem terminado em "High Hopes", teria sido um final perfeito. Mas se me derem a escolher entre ter ou não ter mais um álbum dos Pink Floyd, ainda que imperfeito, ainda que inacabado, a minha resposta será sempre: "SIM! CLARO QUE SIM! 'tás parvo ou quê, para me fazeres uma pergunta dessas?!".
Foi o que me ensinou 2014.
"Let's go with the flow, wherever it goes. We're more than alive."
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ResponderEliminarBlog muito bom Nuno, Parabéns!!!
ResponderEliminarwww.tempodemusica.com
Obrigado, volta sempre!
EliminarJá vi o teu site, também gostei muito :)