"Make a home where love is there to stay, peace and happiness in every day"
Agora que já lá vão quase 2 semanas do concerto dos Black Sabbath em Londres, chegou a altura de escrever umas palavras sobre aquele épico fim de tarde no Hyde Park. Começando por aí, destaco que depois de uma tarde em que tocaram Soulfly, Motorhead, Faith No More, Soundgarden e Black Sabbath, às 22:30 já estava tudo despachado e a caminho de casa.
Em Portugal, essa é a hora a que começam os concertos com algum interesse nos festivais. Não digo que um está certo e o outro errado, mas agora ficou finalmente explicado porque é que os Queen entraram em Wembley em 1986 quando ainda havia luz natural. Os concertos em Inglaterra acontecem cedo.
Como Soulfly não me diz nada, a tarde começava para mim com um aperitivo chamado Motörhead. Só apanhei o final do concerto, mas ainda deu para ouvir "Ace Of Spades", bem como o cartão de visita de Lemmy: "Hello, we are Motörhead and we play Rock n Roll". Continua em forma.
A seguir, vieram os Faith No More e o que posso dizer é que não fiquei nem mais, nem menos fã da banda do que já era. Foram competentes.
Depois fui lá para a frente e chegaram os Soundgarden, a primeira banda que eu queria realmente ver. E foi qualquer coisa entre o excepcional e o mesmérico. Voltarei aos Soundgarden em breve.
Finalmente, por volta das 20:00, o sol começou a esconder-se e uma nuvem negra desceu ao Hyde Park. Vinham aí os Black Sabbath.
Sobre o que aconteceu a seguir, vou dizer-vos uma coisa: eu já vi muito concertos na minha vida - centenas, diria (nunca fiz as contas, mas sabendo que já vejo concertos há 15 anos, fazendo uma média de 10 por ano e contando os múltiplos concertos em festivais, diria que é um número que passa os 200) - mas nunca vi uma entrada tão apoteótica em palco. Parecia que estávamos em Southampton a receber os fuzileiros ingleses e os Aliados tinham ganho a guerra sem ir para o campo de batalha.
Os Black Sabbath entraram ao som de "War Pigs" - o tema de abertura do álbum "Paranoid" - e geraram uma euforia como nunca vi igual. O público
Ainda estava a plateia a recuperar o fôlego da entrada extasiante da banda, já Ozzy anunciava o segundo tema... e logo um dos meus preferidos. Do álbum "Master Of Reality", vinha aí "Into The Void" - que na primeira prensagem americana do álbum estava dividida em 2 secções: "Deathmask" e "Into The Void".
"Into The Void" é provavelmente o tema mais influente dos Black Sabbath. Ao ouvir este tema, imediatamente reconhecemos uma série de bandas que de certeza beberam aqui as suas influências. Sabemos, por exemplo, que este é o tema dos Sabbath preferido de James Hetfield. Eu ouço "Into The Void" e reconheço um tema dos Metallica. Ou dos Soundgarden. E não é à toa que os Soundgarden fizeram um cover deste tema.
Por outro lado, não é ao acaso que "Master Of Reality" é largamente considerado o primeiro álbum de Stoner Rock. Logo aqui, podemos encaixar uma série de bandas.
Voltando ao concerto, a banda mostrou-se ao longo da noite em plena forma.
Tony Iommi - o pai do heavy-metal e o homem que derrotou um cancro para fazer mais um álbum com os Sabbath - esteve imperial na guitarra. Tony sempre tocou os seus riffs a um ritmo lento nos discos, o que confere (na minha opinião) uma atmosfera ainda mais obscura e carregada à música dos Black Sabbath. Mas ao vivo, parece-me que Tony faz questão de tocar ainda mais lentamente, como quem a cada nota quer prolongar um orgasmo; com a distorção, dá um efeito ainda mais pesado aos Sabbath. Majestoso.
Lembram-se da nuvem negra que falei? Não estava a metaforizar. A chegada dos Sabbath trouxe a escuridão ao Hyde Park, literalmente. A meio do concerto, começou a chover e foi como que se de uma bênção aos rockeiros se tratasse. Parecia que estava preparado e fazia parte do espectáculo.
Vinculou-se o clima de cerimónia religiosa.
Tony Iommi - o pai do heavy-metal e o homem que derrotou um cancro para fazer mais um álbum com os Sabbath - esteve imperial na guitarra. Tony sempre tocou os seus riffs a um ritmo lento nos discos, o que confere (na minha opinião) uma atmosfera ainda mais obscura e carregada à música dos Black Sabbath. Mas ao vivo, parece-me que Tony faz questão de tocar ainda mais lentamente, como quem a cada nota quer prolongar um orgasmo; com a distorção, dá um efeito ainda mais pesado aos Sabbath. Majestoso.
Geezer Butler - o baixista, letrista e conceptualista da banda - esteve imparável no baixo. A música dos Sabbath tem muito que se lhe diga e uma das suas marcas são as constantes mudanças de andamento, das quais o seu baixo tem que ser o faroleiro. Preciso.
Ozzy Osbourne - o príncipe da escuridão, estrela da reality TV americana e o homem que desceu ao inferno de uma depressão e voltou para regressar aos Sabbath - foi uma revelação. O homem está melhor que nunca. Ozzy canta grita os clássicos dos Black Sabbath como que um avozinho a gritar com os netos. Mas para falar a verdade, quando é que ele teve uma grande voz? Ozzy é perfeito para os Sabbath e a música dos Sabbath é perfeita para Ozzy. Foram feitos um para o outro, tal como Ozzy e este público, sempre com os braços no ar; nem Ozzy deixaria que fosse de outra forma, uma vez que fazia questão de mandar toda a gente levantar os braços, 3 a 4 vezes por música. Ele é um padre numa cerimónia religiosa. E foi exactamente disso que se tratou esta noite.
Ozzy Osbourne - o príncipe da escuridão, estrela da reality TV americana e o homem que desceu ao inferno de uma depressão e voltou para regressar aos Sabbath - foi uma revelação. O homem está melhor que nunca. Ozzy
Vinculou-se o clima de cerimónia religiosa.
Black Sabbath no Hyde Park foi muito mais que um concerto; foi um ritual, uma celebração, uma experiência, uma cerimónia para os fiéis dessa forma de viver, dessa religião, que é o Rock. Foi um daqueles dias que quem lá esteve vai relembrar durante muitos anos e dizer com orgulho às próximas gerações: "eu estive lá".
Pela minha parte, eu esperava que o concerto fosse bom, mas não estava preparado para isto. Um dos dias mais gloriosos de sempre.
Pela minha parte, eu esperava que o concerto fosse bom, mas não estava preparado para isto. Um dos dias mais gloriosos de sempre.
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