"There is a light and it never goes out..."
Já tive dias melhores. Não que o dia de regresso ao trabalho após as férias seja, alguma vez, um dia muito feliz, mas regressar ao trabalho com um acidente de automóvel é, digamos, um dia especialmente mau.
O que mais vos posso dizer acerca do dia de hoje? É que hoje é um dia tão bom como qualquer outro para se ser poético. E por isso mesmo vos digo que hoje, pela primeira vez em toda a minha vida, durante uma fugaz sequência de fracções de segundo... as luzes apagaram todas e eu vi a Velha Senhora. Fitei-a e olhei-a nos olhos, algo que espero nunca mais fazer durante muitos... muitos anos.
As luzes apagaram todas... todas menos uma. Porque para mim, há ainda uma luz que nunca se apaga.
Qual era a música que profeticamente tocava no auto-rádio no exacto momento do acidente?
Nem a propósito: "There Is a Light That Never Goes Out", tema original dos The Smiths, do seu álbum ex libris "The Queen Is Dead" (mas lançado em single apenas em 1992), na voz de Noel Gallagher.
"Driving in your car, I never never want to go home, because I haven't got one... Anymore."
Já tive dias melhores. Mas daqui vos continuo a escrever porque para mim, há ainda uma luz que nunca se apaga.
Ainda bem que foi só mesmo um susto (enorme, claro!) ;)
ResponderEliminarSempre gostei imenso desta música. Tem o seu quê de triste, de poético, de melancólico, de romântico e de mórbido... O facto de estar a dar quando tiveste o acidente é mesmo daquelas coisas :O
Não sabia que o Noel tinha uma versão... O Morrissey tem a voz perfeita para a música e o sentimento está todo ali no original, é difícil gostar de outras versões.
É verdade, este tema é isso tudo. Eu gosto muito da versão original dos The Smiths, com aquela sonoridade, aquele feel próprio do rock alternativo britânico do final dos anos 80 (aquele órgão por trás...). Mas confesso que a voz do Noel tem um impacto especial para mim e todo o concerto acústico que ele lançou no álbum "The Dreams We Have as Children" é fenomenal. Era esse mesmo álbum que ouvia no carro naquela altura e este era o tema que tocava. Para adicionar ao "morbidismo" da cena, depois do choque... a música continuou a tocar. A última coisa que fiz antes de sair do carro, depois de ter "despertado" para o que me acabara de acontecer (quando os airbags expeliam uma fumarada tal, que eu pensava que o carro ia explodir), foi desligar a música. É "daquelas" coisas, mesmo...
EliminarO Morrissey é grande, pelo menos até que lhe falem em salsichas... :P
É engraçado que hoje um colega meu estava todo contente a ouvir e cantarolar músicas dos The Smiths e eu a pensar "olha, que coincidência..." ou sincronicidade como diria o Jung lol (http://en.wikipedia.org/wiki/Synchronicity).
EliminarEspero que ele não tenha ido para casa a ouvir aquilo no carro... ;x
Lol, MEAT IS MURDER!! :P ele é outro a quem falta ali um parafuso. Há histórias dele que não lembram ao diabo lol
Há coincidências que não têm explicação, realmente... E o conceito inexplicável (mas dificilmente refutável) da sincronicidade faz todo o sentido, ainda mais quando nos deparamos com um rol de acontecimentos na nossa vida que parecem estar interligados e/ou parecem guiar-nos numa determinada direcção. Bem, mas isto já mete aquele conceito do destino e aquelas reflexões tipo "Lost"... :P
EliminarEu, sinceramente, cada vez menos tenho explicações para algumas coisas que se passam na minha vida, ou até à minha volta. Mas como diria o Bill Hicks "Life is just a ride" (http://www.youtube.com/watch?v=Z1RQmnSJoRg), por isso o melhor é mesmo tentar "make the best out of it" (desculpa os anglicanismos, mas aqui só o inglês é que expressava correctamente o que queria dizer ;-) ).
Este post lembrou-me uma música dos Porcupine Tree que provavelmente conhece: Arriving Somewhere, But Not Here
ResponderEliminar«Could you imagine the final sound as a gun
Or the smashing windscreen of a car?
Did you ever imagine the last thing you'd hear as you're fading out
Was a song?»
Enfim, apesar de tudo acabou por ser uma história com um final feliz.
Quanto à cover do Noel, concordo plenamente com o/a (?) user apontamento. Com a ligeira diferença de que gostei bastante da cover!
Aguardo por mais posts,
Filipe Silva
Filipe, muito bem lembrado o tema dos Porcupine Tree! Efectivamente, tirando a parte da arma (livra...), foi mesmo isso que aconteceu imediatamente antes do meu efémero blackout. É que o vidro da frente partiu mesmo, com a força do impacto e foi exactamente a visão do vidro a partir durante o choque, a última que eu tive antes do "abanão".
EliminarEm todo o caso, é difícil descrever com exactidão o que se passou naqueles momentos, foi muita coisa a acontecer muito rapidamente.
Felizmente, como referiste, no meio do azar, acabei por ter alguma sorte e escapei "apenas" com um dedo partido e uns valentes arranhões.
O problema é que o dedo partido tem uma tala desde esse dia e torna muito difícil a escrita... Por isso é que o blog tem estado num interregno nos últimos dias! Espero que não por muito tempo. :)
Obrigado pelo comentário e já sabes, volta sempre!