domingo, 23 de outubro de 2011

Daryl Stuermer - "Urbanista" (Live)



Já foi há mais de uma semana, mas só hoje tive tempo para escrever umas linhas sobre o concerto de Daryl Stuermer na Sexta-Feira, dia 14 de Outubro, na Aula Magna.

Muitos perguntarão quem é, afinal, este Daryl Stuermer?
Muito sucintamente, Daryl Stuermer é um músico americano, que ficou famoso por tocar guitarra e baixo ao vivo com os Genesis e por ser o guitarrista principal que acompanhou Phil Collins, ao longo da sua carreira a solo.
Um sideman, portanto.
O próprio reconhece este desconhecimento geral acerca da sua pessoa, uma vez que a sua digressão foi promovida como "Daryl Stuermer of Genesis".


Foi assim, naturalmente, uma plateia de fãs de Genesis e Phil Collins que acorreu à Aula Magna, para ver a estreia de Daryl Stuermer a solo, fora dos Estados Unidos. Não contando com os concertos em que Daryl Stuermer tocou com os Genesis, nunca ninguém na sua banda tinha tocado ao vivo fora de portas, o que tornou esta noite muito especial para os artistas no palco.
Infelizmente, a crise, a falta de promoção do espectáculo, ou simplesmente a falta de apelo para ver um sideman dos Genesis, fez com que a plateia estivesse a apenas 1/3 da lotação esgotada.
Não deixa de ser surpreendente para quem, como eu, foi há 2 anos à Aula Magna ver os The Musical Box - uma banda de covers dos Genesis - para uma sala a rebentar pelas costuras.

Aparentemente, a falta de adesão do público não afectou a prestação, nem o bom humor, de Daryl Stuemer, que esteve bem disposto e comunicativo ao longo de todo o espectáculo.
Quanto à música, foi Genesis e foi por isso fabuloso.

A setlist completa foi a seguinte:

- "Duke's Intro" ("Behind the Lines" / "Duke's End") [Instrumental] (Genesis - Album: "Duke")
- "Just A Job To Do" [Instrumental] (Genesis - Album: "Genesis")
- "Throwing It All Away" (Genesis - Album: "Invisible Touch")
- "No Son of Mine" (Genesis - Album: "We Can't Dance")
- "Land of Confusion" [Instrumental] (Genesis - Album: "Invisible Touch")
- "Heavy Heart" (Daryl Stuermer - Album: "Go")
- "Deep In The Motherlode" (Genesis - Album: "…And Then There Were Three…")
- "Your Own Special Way" (Genesis - Album: "Wind And Wuthering")
- "...In That Quiet Earth" / "Ripples" [Instrumental] (Genesis - Album: "Wind And Wuthering" / "A - Trick Of The Tail")
- "Urbanista" (Daryl Stuermer - Album: "Go")
- "Squonk" (Genesis - Album: "A Trick Of The Tail")
- Drum Solo
- "Los Endos" / "The Cinema Show" / "Firth of Fifth" / "Squonk" (reprise) / "Los Endos" (reprise) [Instrumental] (Genesis - Album: "A Trick Of The Tail" / "Selling England By The Pound")
- "Something Happened On The Way To Heaven" (Phil Collins - Album: "…But Seriously")
- "Invisible Touch" (Genesis - Album: "Invisible Touch")

Encore:
- "I Can't Dance" (Genesis - Album: "We Can't Dance")
- "Turn It on Again" (Genesis - Album: "Duke")

Como se pode verificar, com a excepção de dois temas a solo, um tema de Phil Collins (que Daryl escreveu com Phil e que, segundo o que ele disse no concerto, lhe permitiu comprar uma casa nova), só deu Genesis na Aula Magna!

Como o próprio Daryl confessou, habituado a tocar o baixo com os Genesis (Michael Rutherford fica, na maioria das vezes, com a guitarra principal), esta foi uma oportunidade para ser ele a tocar as partes de lead dos Genesis, a música que ele mais admira e mais gosta.

O vídeo que aqui fica é de um dos temas a solo que Daryl Stuermer tocou: "Urbanista", retirado do álbum "Go" de 2007, o qual Daryl ainda está a tentar promover e vender nos stands das salas de espectáculos onde actua.

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Genesis - "Duchess"

"Yes times were hard, too much thinking about the future and what people might want"



"Times were good, she never thought about the future, she just did what she would"

A saída de Peter Gabriel dos Genesis, em 1975, obrigou a banda a procurar um novo rumo. Inicialmente, a ideia era procurar um novo vocalista, mas a maioria dos que se apresentaram para audição pareciam aspirantes a cópias de Peter Gabriel, tentando a todo o custo mostrar a sua excentricidade. Mal eles sabiam que era exactamente isso que os restantes membros dos Genesis queriam evitar.

Quem dava as indicações de como cantar as músicas nestas audições era Phil Collins, até então baterista e backing vocals dos Genesis. Com o álbum seguinte praticamente pronto, faltando apenas acrescentar as faixas vocais, a banda decidiria desistir das audições e aproveitar os inegáveis dotes vocais de Phil.
E foi assim que Phil Collins saltou para a frente do palco dos Genesis e nasceria uma carreira brilhante no Rock e Pop das décadas seguintes.

O álbum "A Trick Of The Tail" - o primeiro dos Genesis com o quarteto Banks/Rutherford/Collins/Hackett - foi um sucesso de vendas, superando todos os trabalhos anteriores dos Genesis, incluindo "Selling England By The Pound". No entanto, Steve Hackett e a restante banda pareciam estar a mover-se em direcções diferentes e após a digressão de "Wind And Wuthering", Steve deixaria a banda.
Estava então completa a formação mais duradoura dos Genesis: o trio Banks/Rutherford/Collins. O álbum seguinte chamar-se-ia, apropriadamente, "...And Then We Were Three".

"And she dreamed that every time that she performed, everyone would cry for more"

Porém, "...And Then We Were Three" foi um tiro ao lado, um álbum onde se notava que o trio Banks/Rutherford/Collins já não estava muito à vontade com o Prog. Para além disso, em 1978 a banda estava exausta depois de uma década de constantes gravações em estúdio e digressões.
Naquele cenário, o trio não iria longe e à chamada de aviso de Phil Collins, que queria voltar a casa para salvar o seu casamento, Banks e Rutherford responderam-lhe com uma proposta irrecusável: 1979 seria um ano de férias para os Genesis.

"She battled through, against the others in her world, and the sleep, and the odds"

Mas as coisas não correram bem para a vida pessoal de Phil Collins.
Enquanto o seu casamento desmoronava, Phil vivia nesta altura uma das fases mais prolíficas da sua carreira. Durante o aftermath do casamento, Phil escreveu "Face Value" - o seu primeiro álbum a solo e ainda hoje o mais aclamado da sua discografia a solo - e ainda emprestou aos Genesis dois temas para o novo álbum: "Misunderstanding" e "Please Don't Ask". Tudo isto no mesmo ano.

Em 1980, depois de um ano de hiato, os Genesis voltaram ao estúdio e assim nasceu o superlativo "Duke".

"Duke" representa o ponto alto da formação em trio dos Genesis. É a fusão perfeita entre o Rock Progressivo que ficara para trás em "...And Then We Were Three" e o Pop Rock que viria a seguir, mais influenciado por Phil Collins e cristalizado no álbum "Invisible Touch" de 1986. Em "Duke", os Genesis juntaram peças longas reminiscentes dos seus anos progressivos, mas também usaram Drum Machines, um instrumento proibitivo do Rock Progressivo.

É esse o caso deste fabuloso "Duchess".

"Duchess" faz parte da suposta "Duke Suite", uma sequência longa, inicialmente prevista para ocupar um lado inteiro do álbum (à imagem, por exemplo, de "Supper's Ready" do álbum "Foxtrot") e que consistia em:
- "The Duke" (mais tarde baptizado de "Behind the Lines")
- "Duchess"
- "Guide Vocal"
- "Turn It On Again" (alegadamente, mas aqui sou obrigado a pôr as minhas dúvidas, uma vez que não vejo grande relação entre "Turn It On Again" e as restantes partes)
- "Jazz" (faixas mais tarde separadas e baptizadas de "Duke's Travels" e a instrumental "Duke's End")


Deste grupo, sobressaem obviamente "Duchess" e "Turn It On Again", como faixas que se fazem valer por si só.
"Turn It On Again" foi lançado como o single de avanço de "Duke" e tornou-se num dos singles de maior sucesso dos Genesis até à data, fixando-se também como um dos temas obrigatórios em concerto.
"Duchess" seguiu-lhe como o 2º single e, embora não tenha obtido grande sucesso nas tabelas, é visto por Tony Banks como o melhor tema de sempre dos Genesis, eventualmente profetizando a História real da banda, desde o ido passado em 1980, até ao futuro que ainda aí viria.

"And all the people cried, you're the one we've waited for"

O vídeo foi gravado junto ao Liverpool Empire Theatre e mostra Phil Collins num novo visual de barba comprida, na minha opinião, o mais cool de sempre. Visual esse que eu tentei, com sucesso, imitar durante alguns meses nos meus tempos de estudante.

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Héroes del Silencio - "Entre dos Tierras"

"Entre dos tierras estás y no dejas aire que respirar"




"Déjame!! Que yo no tengo la culpa de verte caer, si yo no tengo la culpa de ver que..."

Numa das muitas tertúlias musicais que tinha em tempos com um velho amigo, um dia mencionei esta famosa introdução de guitarra em delay ("tan (tan tan) tan (tan tan)"... e por aí fora), ao que ele sorriu e disse: "Estes espanhóis sabem o que fazem".
E sabem mesmo.

O tema é o fabuloso "Entre Dos Tierras" dos Heroes Del Silencio, um hino Rock latino, que me acompanhou ao longo de várias fases da minha vida.
Aquando do seu lançamento, em 1990, como single de avanço do álbum "Senderos de Traicion" (que foi recentemente eleito pela Rolling Stone como o 2º melhor álbum espanhol de sempre), "Entre Dos Tierras" foi um smash hit não só em toda a Espanha, mas também nas rádios locais de onde eu cresci. Durante um longo período de tempo, não havia dia nenhum que não ouvisse este tema inadvertidamente, pelo menos uma vez.


Os anos passaram e eu deixei de ouvir "Entre Dos Tierras" com tanta frequência.
Passara para a época eu que teria que ser eu a procurar a música que queria ouvir. E assim surgiu novamente "Entre Dos Tierras", que adoptei como uma espécie de hino da noite na juventude.
Neste sentido, costumo dizer que há sempre uma maneira de salvar uma noite, mesmo as mais amorfas: é com Heroes Del Silencio e este imperdível "Entre Dos Tierras". Não sendo propriamente um êxito recente, é por isso inevitável que este seja um dos temas que mais requesitei a DJ's ao longo dos anos.

Para mim, "Entre Dos Tierras" não só o melhor tema que conheço do Rock espanhol (diria até do Rock não falado em inglês), como também um dos melhores temas Rock de sempre.
Mais do que isso, "Entre Dos Tierras" tornar-se-ia também num dos temas preferidos do meu Pai, o que faz com que aquela entrada com as guitarras em delay signifique muito mais do que a chegada de mais um tema Rock... mas sim uma experiência familiar.

domingo, 2 de outubro de 2011

Red Hot Chili Peppers - "Can't Stop"

"The world I love, the tears I drop, to be part of the way I CAN'T STOP, ever wonder if it's all for you?!"



Os Red Hot Chili Peppers têm aquela sonoridade muito própria, de quem trouxe um cheirinho Funk ao Rock. Não é um original deles, mas é algo que não havia muito no mainstream, quando explodiram em 1991 com "Give It Away".

A procura do ritmo, do groove, é algo que sempre assumiu grande importância nas música dos Red Hot. Tanto nos seus trabalhos mais antigos, nos anos 80 e 90, como nos álbuns mais recentes.
É o caso deste "Can't Stop", do álbum "By The Way" de 2002.

O álbum "By The Way" foi escrito no período mais feliz da banda, na sequência do mega-sucesso de "Californication", durante os late 90's e early 00's. Um mega-sucesso que não foi marcado por tragédias ou conflitos, como em outras fases da carreira dos Red Hot. "Californication" foi um álbum que marcou indelevelmente a minha geração. O seu sucesso foi tão grande, que durante 2 anos foram lançados singles de promoção ao álbum. Parecia uma mina sem fim para as rádios.

A recepção de "By the Way" foi assim feita com grandes expectativas, não só pelos fãs, como também pelo público em geral, que tinha sido brindado massivamente com os Red Hot na rádio e na televisão nos anos anteriores.
O primeiro single foi "By The Way" e eu confesso que, mesmo gostando, não fiquei muito impressionado. Já o segundo single - "The Zephyr Song" - revelou-se como o tema que mais abomino dos Red Hot. Não sei porquê, mas não me entrou no ouvido. Não entrou na altura e continua a não entrar hoje.

Foi só com o 3º single que o jogo mudou.
"Can't Stop" foi lançado em Janeiro de 2003, meio ano depois do lançamento de "By The Way" e fixou-se como o meu tema de eleição dos Red Hot Chili Peppers (ainda hoje o é). Mais que isso, mostrou-me que eles ainda tinham muito na manga.


Na mimha opinião, quem brilha com maior intensidade em "Can't Stop" é o guitarrista John Frusciante. John marca o ritmo com as suas simples frases na guitarra (o início até é reminiscente do Reggae, um género do qual nem gosto particularmente), mas mais que isso, confere com as suas harmonias vocais um estado de graça ao tema. Sublime.

Para além das virtudes musicais de "Can't Stop", a lírica deste tema é algo com que me identifico pessoalmente. As palavras de Keidis funcionam de forma salpicada e algo arbitrária, mas inserem-se todas na mesma temática: a condição inquieta e desassossegada do ser humano.
Não de todos obviamente.
Mas para quem vive em constante urgência de resolução;
Para quem não se limita a uma vida levada pela corrente;
Para quem não consegue parar;
Para essas pessoas... este tema toca nalguns botões.

"Choose not a life of limitation, distant cousin to the reservation!"

A lírica em "Can't Stop" está exposta de forma a que o ouvinte se possa identificar com pelo menos alguns dos pontos abordados. Kiedis descreve vários factos da sua vida, mas sem especificar o seu sentido pessoal, permite ao ouvinte adoptar a canção para si mesmo, como um hino da sua própria vida.

"Can't stop the spirits when they need you, this life is more than just a read thru"

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

George Michael - "Idol" (Live)

"He was an idol then, now he's an idol here.
But his face has changed, he's not the same no more and I have to say that I like the way his music sounded before..."



Lindo. Simplesmente lindo.
É a melhor, mais simples e mais exacta definição do que foi presenciar ao vivo o concerto em Madrid, da digressão "Symphonica" de George Michael.

Escrevo este texto já em Lisboa, com pouco mais de uma hora de sono, nesta altura apenas movido pela adrenalina que o concerto me injectou. Poucas horas de sono, mas com o coração cheio.
Porém, isto não significa, de maneira nenhuma, que o concerto foi uma experiência particularmente mexida.
Paradoxal? Passo a explicar: nesta digressão, George Michael resolveu brindar-nos com um alinhamento composto pelos temas mais calmos do seu reportório, muitos deles desconhecidos do público em geral, bem como uma série de covers.

Para o conhecedor generalista de George Michael, aquele que conhece apenas os singles da rádio e que esperava ouvir uma selecção dos seus êxitos (como foi com a sua digressão "25 Live"), esta poderá ter sido uma noite decepcionante. Para mim, que conheço o repertório de George de trás para a frente, foi o corolário de quase 14 anos a ouvir a sua música, desde que no Inverno de 1997 chegou às minha mãos a compilação "If You Were There (The Best of Wham!)".

Conforme já tinha sido veiculado pela crítica, confirmei que a voz de George Michael ainda está praticamente intacta. Não raras vezes, ele foge das notas mais difíceis que ouvimos em disco, mas é preciso lembrar que George está numa digressão longa, onde a sua voz é o instrumento frontal de uma orquestra sinfónica, por isso não é de admirar que se proteja.

Já disse que foi lindo?
Foi lindo. A música de George Michael assentou que nem uma luva nos arranjos orquestrais.
Ao longo da noite, a música pôs o meu coração repetidamente em vias de derreter. Foram tantos os momentos de êxtase: "Cowboys And Angels", "You Have Been Loved", "Understand", "You've Changed"... Poderia continuar.
Mas o momento alto da noite, o momento da estocada final, aconteceu quando George Michael sacou de "Idol", um fabuloso cover de Elton John, que George já tinha cantado algumas vezes na digressão "25 Live" (quando veio a Coimbra cantou "Ticking", também de Elton).

"Idol" é um tema retirado do duplo álbum "Blue Moves" de Elton John, em 1976. "Blue Moves" foi a última colaboração de Elton John com o seu letrista Bernie Taupin nos anos 70 e é visto como um dos álbuns mais heterogéneos de Elton, no que à qualidade diz respeito. De facto, para um álbum que estabelece uma alta bitola com temas como "Sorry Seems To Be The Hardest Word", "Tonight" e "Idol", esperava-se um pouco mais do restante material, especialmente tratando-se de um álbum duplo.
Fica a promessa de mais tarde voltar a "Blue Moves".


Voltando a "Idol", este é um tema que se encaixa na perfeição no conceito de "Symphonica" e na voz de George Michael. Minimalista e jazzy, com aquele toque urbano conferido pelo saxofone de David Sanborn, "Idol" é um tema que facilmente poderia ter entrado num álbum de GM, especialmente nos anos 90.



"He was a light star, tripping on a high wire
Bulldog stubborn, born uneven"

"Idol" fala sobre a queda de uma estrela frágil. Um homem como outro qualquer, que ascendeu ao patamar mais alto que sonhara, mas que não aguentou a vertigem dessas alturas. Um homem que triunfou no seu meio e que assim concretizou o sonho de passar para outro meio, o meio onde está a "lion's share".
"Era um ídolo então, agora é um um ídolo aqui".
O problema é que o ídolo não prosperou no outro meio. A sua música soava melhor antigamente.
Agora que o brilho da estrela já não é tão cintilante, o ídolo é um peixe fora de água em qualquer um dos meios. Já não pertence ao lugar de onde veio, mas não é bem-vindo ao lugar onde queria estar.

"But don't pretend that it won't end, in the depth of your despair"

A performance de "Idol" (que vemos em cima no concerto de inauguração do novo Estádio do Wembley, na digressão "25 Live") foi o momento em que George Michael me atingiu com maior intensidade.
Foi lindo. Já o tinha dito?

EDIT: Alguém gravou o momento de que falava! Eis a sequência "Your Have Been Loved" / "Idol" ao vivo em Madrid:

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

George Michael - "You Have Been Loved" (Unplugged)

"Take care my love, she said... You have been loved"



O ano de 2011 tem sido, como eu gosto, recheado de muitos e grandes concertos. Até ver, os pontos altos foram:
- Foo Fighters no festival Alive;
- Bon Jovi no Parque da Bela Vista;
- Slash no festival Super Bock, Super Rock;
- Curt Smith dos Tears For Fears no Whitefire Theater, em Los Angeles (onde tive o privilégio de conversar com Curt - um dos homens que mais me inspirou na adolescência);
- Roger Waters no Pavilhão Atlântico, com o espectáculo "The Wall Live".

...sendo que, deste lote, o concerto de Roger Waters entra para o restrito grupo dos melhores concertos da minha vida.
Chamem-me exigente, mas ainda não chega. Até ao fim do ano, ainda me resta:

25 de Setembro - George Michael no Palacio De Los Deportes (Madrid);
14 de Outubro - Daryl Stuermer (guitarrista dos Genesis ao vivo) na Aula Magna;
11 de Novembro - Scorpions no Pav. Atlântico;
8 de Dezembro - Smashing Pumpkins no Campo Pequeno;
11 de Dezembro - Ray Wilson (vocalista dos Genesis no álbum "Calling All Stations") no Teatro do Bairro.

É assim um ano cheio, no que a espectáculos ao vivo diz respeito.
O próximo é um dos que mais anseio. E é já dentro de poucos dias que parto para Madrid para ver George Michael ao vivo, na sua aclamada digressão "Symphonica".

A digressão "Symphonica" mostra George Michael numa viagem pelo seu reportório a solo, bem como pelo reportório dos seus artistas preferidos, acompanhado de uma orquestra sinfónica. A presença forte de covers na setlist dos seus espectáculos ao vivo não é um facto novo, uma vez que George já o tinha feito em 1991 com o "Cover To Cover Tour", na altura contra a vontade da Sony, que pretendia que George promovesse o seu álbum "Listen Without Prejudice Vol.1" da maneira mais tradicional: cantando temas do álbum ao vivo.

Desta feita, segundo a crítica, George parece querer trilhar o seu caminho para a redenção através da música, com um espectáculo onde ele mostra não ter perdido as suas qualidades como artista, pelo menos enquanto à performance ao vivo diz respeito.

Já em relação à criatividade... Veremos no álbum que está prometido para o próximo ano.
Porém, fazendo fé nas suas declarações, em como o próximo álbum terá uma forte influência House (em oposição às influências R&B e Jazz, onde ele é mestre)... Tenho as minhas reservas.

Um dos temas que espero ouvir Domingo em Madrid é este maravilhoso "You Have Been Loved", tema que faz parte da onda mais Jazz de George Michael.
"You Have Been Loved" foi o 6º (!!!) single do álbum "Older" de George Michael, um "double A-Side" com "The Strangest Thing '97". O single foi lançado em Setembro de 1997, mais de um ano depois de "Older" - o álbum de onde foi retirado. Mesmo assim, "You Have Been Loved" / "The Strangest Thing '97" chegou ao 2º lugar nas tabelas britânicas, apenas atrás de "Candle in the Wind" '97", o multi-platinado single de Elton John.
Lembro que "Candle in the Wind" '97" se tornaria no single mais vendido da História, com mais de 33 Milhões (!!!) de cópias vendidas.


No vídeo que aqui vemos, George Michael canta este tema ao vivo no programa "Unplugged" da MTV.
Esta foi uma performance histórica, que apanhou George num grande momento de forma, uma vez que ele não fez qualquer digressão para a promoção do álbum, mantendo assim a voz cristalina para esta actuação, como se de uma sessão de estúdio se tratasse.

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

James Brown - "Living In America"

"You might not be looking for the promised land, but you might find it anyway!"



O post de hoje é integralmente dedicado a um grande amigo meu. Um grande amigo que, tal como profetizou James Brown, inadvertidamente encontrou sua a terra prometida em solo americano, mesmo sem estar à procura.

"When there's no destination, that's too far and somewhere on the way, you might find out who you are"

Por vezes a vida tem disto. Andamos às voltas à procura do nosso destino, até que ele vem ter connosco, ao enviar-nos para uma terra distante e aí nos mostrar a verdade. A nossa verdade, claro está. Porque para cada diferente indivíduo existe um conceito diferente de verdade.
A verdade do meu amigo de que vos falo foi encontrada na América - a sua terra prometida.

"Super highways, coast to coast, easy to get anywhere!"

E como é possível fugir ao charme americano? É tudo em grande: os campos, as cidades, os menus, os edifícios, os casinos, a vida boémia... Enfim, tudo.
Eu próprio pude confirmar este ímpar charme americano com os meus olhos, quando os dois fizemos uma viagem "costa a costa" neste ano e sob o aroma do alcatrão americano nos aventurámos, literalmente, por estradas completamente desconhecidas.

"On the transcontinental overload, just slide behind the wheel! How does it feel?"

O tema que aqui fica visa homenagear o seu regresso (provavelmente fugaz) a terras portuguesas. Celebrando o seu encontro com a terra prometida, haverá tema mais adequado do que "Living in America", da banda sonora do épico filme de 1985 "Rocky IV"?

"Living in America" foi composto em 1985 por Dan Hartman e Charlie Midnight e é, nesta versão, interpretado pelo lendário "avô do Soul" - James Brown. O tema foi lançado como o single de promoção da banda sonora de "Rocky 4" em 1985, mas só chegaria aos lugares cimeiros das tabelas (tanto dos EUA, como do UK) no início de 1986, onde permaneceu durante várias semanas. A versão completa de "Living in America" apareceria no álbum a solo de James Brown "Gravity".

Curiosamente, "Living in America" acabaria mesmo por se tornar no single com mais sucesso da (na época já respeitável) carreira de James Brown. Para além disso, o tema daria ainda a James Brown o Grammy para Melhor Interpretação Masculina R&B, sendo ainda nomeado para o Grammy de Melhor Canção R&B.

"Living in America - I feel good!"

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Scorpions - "Hey You"

‎"Hey you, I'm in love with your eyes"



Depois de muita expectativa, hoje foi finalmente anunciado o concerto de despedida dos Scorpions em palcos portugueses.
Desde o lançamento de "Sting On the Tail", em Março de 2010, que os Scorpions embarcaram naquela que promoveram como a sua última digressão, em promoção ao seu último álbum de originais - precisamente "Sting On the Tail". Segundo a banda, a última digressão dos Scorpions teria que, no mínimo, os levar de volta a todos os locais do Mundo por onde já tinham passado.
Assim, espera-se que a digressão "Get Your Sting and Blackout" só termine lá para 2013.
Em todo o caso, eu não contaria com mais nenhum concerto em Portugal, para além do que foi anunciado hoje: 11 de Novembro no Pavilhão Atlântico, em Lisboa.

Os Scorpions põem assim um ponto final a uma História que tem tanto de longa como de rica. Com uma discografia que atravessou décadas, gerações e registos musicais (sempre de volta do Rock e do Metal), houve sucessos e falhanços. Houve um grande lote de bons trabalhos, alguns deles brilhantes, mas também alguns terríveis. Houve até diversas mudanças da formação. Enfim, em mais de 45 anos, houve um pouco de tudo.
Os Scorpions foram trilhando o seu caminho e souberam sobreviver a tudo isso.

Para marcar a data do anúncio do concerto que põe fim ao capítulo português desta História (capítulo onde figura a gravação de um álbum acústico no Convento do Beato), deixo aqui um tema muito antigo, um dos MUITOS temas que adoro dos Scorpions - "Hey You".


"Hey You" foi lançando em single em 1980, durante a promoção ao álbum "Animal Magnetism", mas foi surpreendentemente excluído nesse álbum. É um tema atípico dos Scorpions, uma vez que é o guitarrista rítmico Rudolph Schenker quem canta os versos, aparecendo o vocalista Klaus Meine apenas no refrão, deixando o mote:

"You're driving me wild! I really die!
I'm in love 100 times! To be your answer..."

Poesia anglo-germânica clássica dos Scorpions.

Tentei encontrar uma explicação para o facto de um tema com a qualidade de "Hey You" ter sido deixado de fora dos álbuns dos Scorpions, mas a minha pesquisa foi inconclusiva.
Aparentemente, o tema terá sido gravado originalmente no Inverno de 1978, nas sessões de "Lovedrive", álbum lançado no início do ano seguinte, em 1979.
Possivelmente, "Hey You" não terá sido terminado a tempo de "Lovedrive", tendo sido recauchutado nas sessões de "Animal Magnetism", mas deixado novamente de fora do álbum. Atentando ao desperdício de deixar um tema desta qualidade nos seus cofres, os Scorpions lá se decidiram pelo seu lançamento como um single "avulso" em 1980.
Note-se que este último parágrafo é apenas vagamente baseado em factos reais.

"Hey You" chegaria ao meu conhecimento apenas através das muitas compilações que os Scorpions foram lançando ao longo dos anos. Nestes álbuns, foram aparecendo alternadamente duas versões diferentes de "Hey You": uma mais curta, com 3:49; e uma mais longa, com 4:30.
A versão que eu conheci originalmente e que eu aprendi a gostar foi a mais curta e é essa que aqui é apresentada.

"Hey You" é uma das grandes malhas dos Scorpions, num registo que eu gosto de classificar como City Night Rock. Um tema perfeito para a condução em cenário urbano, numa quente noite de Verão.

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Queen - "One Year Of Love"

Ainda o efeito terapêutico da música dos Queen.
Hoje sobre a terapia do amor.



"All I can do is surrender to the moment, just surrender..."

Pois é, outra vez os Queen. Eu não sou grande adepto de repetir bandas num curto espaço de tempo (se verificarem na barra do lado direito, percebem que não há muitos marcadores repetidos), mas como já aqui expliquei, os Queen são os Queen.

Hoje acordei com vontade de ouvir Queen. Até aqui nada de novo.
O que decidi colocar? O álbum "A Kind Of Magic" de 1986. Este é para mim um álbum especial, porque retirando as compilações "Greatest Hits I & II" e os álbuns ao vivo "Live Magic" e "Live At Wembley '86", "A Kind Of Magic" foi o meu primeiro álbum de originais dos Queen. Na verdade, era uma velhinha cassete, cuja fita desafiou as leis dos materiais, de tanto uso que teve. E que ainda hoje vive.


Logo depois do fabuloso "One Vision" a abrir (um single lançado a 4 de Novembro de 1985, um dia de enorme relevância para a Humanidade) e do hit "A Kind Of Magic", surge "One Year Of Love".
E o coração fica apertado.

"One sentimental moment in your arms is like a shooting star right through my heart"

Há coisas que não se esquecem. "One Year Of Love" foi a minha primeira balada, andava eu na escola primária. Foi a primeira terapia de amor que conheci.
Foi mais uma, entre tantas outras sensações, que os Queen me proporcionaram ao longo da minha vida com a sua música. Não é à toa que eram a minha banda de eleição quando eu tinha 3 anos e ainda o são hoje.

"Just one year of love is better than a lifetime alone"

"One Year Of Love" é uma das grandes baladas desconhecidas dos Queen. E até foi lançada como o 7º (!!!!!) single do álbum "A Kind Of Magic", mas apenas em Espanha e França, provavelmente aproveitando o buzz criado pelo mega-sucesso da digressão "Magic Tour", que seria a última dos Queen. Em todo o caso, não conseguiu ganhar a notoriedade de outras baladas dos Queen.


"One Year Of Love" é um tema atípico. É um dos poucos temas dos Queen que não tem a presença do seu guitarrista Brian May. No lugar da sua parte de guitarra (e do seu solo) aparece o saxofone de Steve Gregory, o mesmo que tocou o famoso riff de saxofone em "Careless Whisper" de George Michael.

Não deixa de ser cómico que "A Kind Of Magic" seja visto pela maioria da crítica e por muitos fãs, como um dos álbuns mais fracos dos Queen. Ora, um álbum com apenas 9 temas, que pretendeu ser simultaneamente um novo álbum de originais dos Queen e a "banda sonora não oficial" do filme "Highlander", de onde são retirados 7 singles (sim, leram bem: sete!), alguns deles de ENORME sucesso como o tema-título "A Kind Of Magic", "One Vision", "Who Wants To Live Forever", ou "Friends Will Be Friends" e que, mesmo assim, é considerado um produto subpar na discografia dos Queen... É no mínimo notável.

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

The Beatles - "I'm Down"

"How can you laugh, when you know I'm down?!"



A acção decorre por volta da meia noite.
O local: o parque de estacionamento de uma discoteca algures nos arredores de Gruissan, no sul de França. A noite é escura, mas nitidamente estrelada, fruto da distância a qualquer centro urbano.

Enquanto estou dentro do carro com um amigo a cheirar o ambiente da casa, toca na aparelhagem do carro uma compilação de temas antigos, mais rockeiros, dos The Beatles. Ouve-se "I Saw Her Standing There", "Twist And Shout", "Roll Over Beethoven", entre outros.
A páginas tantas, entra um tema com Paul McCartney a gritar:

"YOU TELL LIES THINKING I CAN'T SEE!
YOU CAN'T CRY 'CAUSE YOU'RE LAUGHING AT ME!
I'M DOWN!"

A adrenalina do grito de Paul atinge-me como um relâmpago e eu abro a porta do carro.
Ao sair disparado da viatura, é com enorme surpresa que encontro, lá fora, um grupo de franceses a dançar, igualmente atingidos pela força do grito melódico de Paul.
E todos dançamos e em uníssono gritamos com os The Beatles:

"HOW CAN YOU LAUGH, WHEN YOU KNOW I'M DOWN?!"

Esta história é verídica e aconteceu em 2010, 45 anos depois da gravação de "I'm Down", 40 anos depois da separação dos The Beatles. Nenhum dos presentes viveu a Beatlemania e provavelmente os seus pais são demasiado novos para se lembrarem disso.
O que é que isso interessa? Nada.
À 3ª geração, volvidos tantos anos, é esta a força dos The Beatles.
Permanece intacta.

Bem, intacta... Mais ou menos.
A época da Beatlemania já passou e momentos como os que Paul, John, George e Ringo passaram, não voltaram nunca mais. Nem para eles, nem para mais nenhuma banda, por maior que tenha sido o sucesso que obteve.
O vídeo que se segue mostra-nos o último tema da performance dos The Beatles ao vivo no Shea Stadium, em New York, numa quente noite de Agosto de 1966. O tema é precisamente "I'm Down" e a reacção do público (principalmente do público feminino) é qualquer coisa que... só visto. Ver para crer.



Esta seria a ante-antepenúltima actuação ao vivo dos The Beatles, antes da sua retirada dos palcos, para se focarem exclusivamente nos seus álbuns de estúdio. Depois disso, só mesmo a famosa actuação no tecto dos estúdios da Apple, em Londres.

Note-se que "I'm Down" foi lançado em 1965 como o lado B do single de "Help!" e nunca foi incluído num álbum dos The Beatles. Não sei se o público conhecia o tema ou não, mas dá-me a sensação que isso não interessava para nada.


Aposto que quando Paul McCartney escreveu "I'm Down", há 45 anos atrás, este não imaginava que os netos dos fãs que na época gritavam pelos The Beatles em países diferentes, se juntariam de madrugada, num parque de estacionamento perdido no sul de França, para uma vez mais gritarem com ele.

terça-feira, 6 de setembro de 2011

Noel Gallagher - "Fade Away" (Semi-Acoustic Live)

"Fade away while we're living the dreams we have as children"



Depois do fim dos Oasis em 2009, a carreira a solo de Noel Gallagher está neste momento a arrancar a sério.
Em Outubro teremos o lançamento do álbum homónimo da sua nova banda - os "Noel Gallagher's High Flying Birds" - e entretanto o single de avanço "The Death Of You And Me" foi lançado dia 21 de Agosto, chegando ao (discreto) 15º lugar das tabelas britânicas. Uma desilusão, tendo em conta que Noel Gallagher é ainda uma das referências do Rock britânico.
Veremos como é que o álbum será recebido no mês que vem.

No entanto, o primeiro lançamento oficial de Noel Gallagher a solo data de Março de 2009, uns meses antes da famosa discussão em Paris, que ditaria o fim dos Oasis. Trata-se de "The Dreams We Have As Children", um álbum gravado ao vivo no Royal Albert Hall em 2007, para a instituição de caridade "Teenage Cancer Trust".


"The Dreams We Have As Children" tem sido o meu álbum de eleição nas últimas semanas, tocando repetidamente em qualquer lado onde esteja: seja em casa na minha aparelhagem, ou na rua no meu Creative (sim, porque em termos de compatibilidade e de qualidade sonora, a Creative é muito melhor que a Apple e o seu iPod).

O que mais me impressiona em "The Dreams We Have As Children" é a forma como os temas clássicos dos Oasis ganham uma nova vida, uma vez submetidos à transformação semi-acústica imposta por uma banda formada por Noel na guitarra acústica, Gem na guitarra eléctrica ou nas teclas e "the mysterious Terry" na percussão.



É esse o caso deste fabuloso "Fade Away", que dá nome a este álbum numa das suas linhas.
"Fade Away" é um tema da autoria do próprio Noel, originalmente gravado em 1994 como um Lado B para o Single de "Cigarrettes And Alcohol".


A versão original de "Fade Away" era cantada por Liam Gallagher e situava-se no território mais próximo do Punk que os Oasis pisaram. Ao ouvir "Fade Away" novamente em "The Dreams We Have As Children", este tema transforma-se, de repente, numa melódica balada.
Fabuloso.

Curiosamente, "Fade Away" já tinha conhecido um tratamento semelhante, quando em 1998 foi gravada a "Warchild Version", para uma compilação de ajuda à caridade e incluída como lado B no single japonês de "Don't Go Away". Esta versão conta com Noel na voz, Johnny Depp na guitarra e Lisa Moorish e Liam nos backing vocals.



Na altura em que Noel escreveu "Fade Away", supostamente com o propósito definido de ser um lado B, era habitual este ter a arrogância de atirar grandes temas para lados B dos singles, não os guardando para futuros álbuns. Embora constantemente avisado que os temas que escrevia eram bons demais para serem relegados para lados B, Noel teimava que "se foram escritos para serem lados B, lados B devem ser". E assim foi.

"Now my life has turned another corner, I think it`s only best that I should warn you: Dream it while you can, maybe someday I`ll make you understand"

Noel julgava que a inspiração que carregava consigo nos anos dourados dos Oasis duraria para sempre. Como seria de esperar, uns anos mais tarde Noel já se confessava arrependido destas decisões.
Outro exemplo desta arrogância é o fabuloso "Listen Up", que curiosamente também foi deixado como um Lado B de "Cigarrettes And Alcohol". Estes temas, juntamente com outros lados B de qualidade semelhante, foram reunidos em 1998 para a compilação "The Masterplan" - provavelmente a mais sólida compilação de lados B da História.


O vídeo que se apresenta em cima foi gravado na Union Chapel (em Londres), em Novembro de 2006. Este foi um concerto inserido numa pequena digressão semi-acústica pela Europa, que Noel Gallagher e Gem Archer fizeram para promover a compilação "Stop The Clocks" dos Oasis.
Esta actuação na Union Chapel seria posteriormente editada para transmissão televisiva, dando lugar ao especial "Sitting Here In Silence", numa alusão a "Sittin' Here In Silence (On My Own)", outro lado B dos Oasis, também escrito por Noel Gallagher, para o single de "Let There Be Love".

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Freddie Mercury - "Time (Nile Rodgers 1992 Remix)"

"Time waits for nobody..."



O dia em que o Rei faz anos. É hoje.

Foi há 65 anos que, em Zanzibar, numa pequena ilha ao largo da Tanzânia, nasceu o Rei. O Rei, claro está, é Freddie Mercury. O único, o mais genial e mais completo artista da História do Rock, o meu ídolo de sempre, o Rei Freddie Mercury.

Freddie nasceu pacatamente sob a cultura Parsi, muito longe dos palcos que viria a pisar uns anos mais tarde.
Muito cedo Freddie se mudou para a Índia, onde frequentou escolas britânicas na zona de Bombaim (hoje Mumbai), as quais lhe incutiram formação musical, principalmente de piano, instrumento onde já revelava capacidades notáveis.

Aos 17 anos, Freddie e a sua família mudaram-se para o Middlesex no Reino Unido. Freddie integrou alguns projectos musicais sem sucesso, até que em 1970 se junta a Brian May e Roger Taylor dos Smile e, mais tarde com John Deacon, formam os Queen.
O resto é História. A História que todos conhecemos.

Para festejar esta data, o tema que aqui deixo é "Time", um dos meus preferidos da curta carreira a solo de Freddie Mercury. "Time" foi originalmente gravado em 1986, juntamente com "In My Defence" (outro tema fabuloso), para o musical de Dave Clark com o mesmo nome.
Para a promoção do musical e do respectivo álbum, "Time" foi lançado em single no Reino Unido, atingindo o modesto 32º lugar.


As versões originais de "Time" e "In My Defence" ficariam de fora dos álbuns a solo de Freddie Mercury. Em 1992, diferentes remisturas de ambos os temas apareceriam nas compilações póstumas "The Great Pretender" (lançada nos Estados Unidos) e "The Freddie Mercury Album" (lançado na Europa). Os originais apareceriam apenas mais tarde na megalómana caixa "Solo" de 2000 e na compilação "Lover of Life, Singer of Songs: The Very Best of Freddie Mercury Solo" de 2006.

A versão que aqui fica é a remistura de Nile Rodgers (dos Chic) em 1992, uma vez que foi aquela que eu sempre conheci e aprendi a gostar. E é nada menos que fantástica.

A verdade é que parece que todo o Mundo hoje presta homenagem ao Rei. Basta abrir a página do Google, para darmos com o doodle:



A equipa da banda decidiu também criar um "vídeo oficial" de homenagem ao Rei:



Aqui vemos Freddie em vários momentos ao longo da sua carreira, seja ao vivo, em entrevistas, ou mesmo em estúdio. Destaco as imagens (absolutamente inéditas) de Freddie a gravar a lindíssima balada "My Melancholy Blues", nas sessões de "News Of The World". Adorei.
Neste vídeo, Freddie profere algumas frases fortes (a maioria já conhecia), onde fala também da sua pessoa:

"I think I am a man of extremes, I don't think I have that much in the middle"

Como eu te compreendo, Freddie!

"Everybody looks at me on stage and they think that's the way I am, arrogant and all...
And you look at me now and you see that actually I'm quite boring"

E aqui está aquilo que, para muitos, pode ser uma revelação. Freddie Mercury era mesmo um homem de extremos e se em palco era a bola de fogo que conhecemos, fora dele podia ser uma pessoa calma, até mesmo enfadonha.

"When I'm dead, who cares? I don't"

I do Freddie! I still do...

domingo, 4 de setembro de 2011

Deep Purple - "Fireball"

"Oh my love it's a long way, where you're from it's a long way"



Na (longa) discografia dos Deep Purple, "Fireball" aparece entalado entre os dois álbuns mais icónicos da banda - "In Rock" de 1970 e "Machine Head" de 1972 - o que faz com que "Fireball" seja, com alguma frequência, injustamente ignorado.


A verdade é que se "In Rock" e "Machine Head" têm esse estatuto, isso não acontece por acaso, uma vez que são efectivamente álbuns mais sólidos. Mas isto não significa que "Fireball" não tenha os seus momentos. Curiosamente, seria mesmo "Fireball" o primeiro álbum dos Deep Purple a atingir o nº1 das tabelas britânicas, feito não conseguido por "In Rock".

Nesta altura, a formação MkII dos Deep Purple vivia a sua época dourada, por isso praticamente tudo o que fazia materializava-se em trabalhos inspirados e muito, muito edgy.

No caso do álbum "Fireball", o grande momento vem com o seu tema-título, que é um também dos meus temas de preferência da banda. O tema abre o álbum de forma explosiva, ao som de um dispositivo de ar-condicionado, seguido de um solo de bateria.

O tema "Fireball" foi lançado como o segundo single de promoção do álbum e foi um êxito modesto, atingindo a 15ª posição na tabela de singles britânica. O lançamento deu-se depois de "Strange Kind Of Woman" no Reino Unido e "Demon's Eye" nos Estados Unidos, sendo que ambos os temas ficaram de fora do alinhamento do álbum nos respectivos países.


"They wonder where you're from, they wonder where I found you"

"Fireball" fala de uma situação peculiar da vida e do amor: quando o amor é encontrado a uma grande distância de casa, talvez num país distante, talvez numa cultura diferente. A mulher caracterizada no tema age de forma diferente de todos em seu redor e todos querem saber de onde é, onde que é que foi encontrada. Segundo Ian Gillian, o tema é baseado numa experiência que o próprio viveu, dizendo que "é mais uma história de amor não correspondido".
De facto, quem quer que já tenha vivido toldado pelo fascínio de alguém vindo de longe sabe que não é fácil fazer face a grandes distâncias no amor, sejam elas geográficas, ou culturais.

"Oh my soul it's a long way, where you're from it's a long way"

quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Queen - "Save Me"

"It started off so well..."




Hoje tive uma epifania. Mas já lá vamos.

Sempre que alguém me faz a clássica pergunta "Qual a tua banda preferida?", o primeiro nome que vem à cabeça são os Queen. Por isso, para mim, é essa a resposta mais objectiva a essa pergunta.

O mais engraçado é que sempre foi assim. Desde que me lembro de "ser", desde que me lembro de ouvir música. Sempre foi assim.
E note-se que muitas das minha memórias mais remotas são a ouvir música.

Ao longo dos anos fui expandindo o meu espectro de gostos musicais, mas os Queen ficaram sempre. Posso passar semanas sem os ouvir, mas quando decido voltar a tocar um dos seus álbuns, eles lá estão. O prazer está lá sempre.
A música dos Queen nunca me falhou como elemento calmante e apaziguador de uma vida que, doutra forma, tenho a sensação que seria mais dura.
Este efeito medicinal da voz de Freddie Mercury e da guitarra de Brian May (que me perdoem o Roger e o John, mas a sonoridade dos Queen deve-se em primeira instância a estes dois) mas aquela sensação é algo de inexplicável, mas que faz parte da minha vida. Sempre fez.

"Save me! Save me! Save me... I can't face this life alone"

Foi também a discografia dos Queen a primeira que eu completei, quando em Barcelona comprei o CD de "Live Magic", tinha eu 17 anos. Foram a minha primeira banda preferida e ainda o são hoje.

Assim, é fácil perceber que eu tenho um fraquinho pelos Queen e especialmente pelo seu vocalista, o Rei Freddie Mercury. Deste modo, podendo estar habilitado a para falar sobre factos relacionados com os Queen, tenho alguma dificuldade em avaliar qualitativamente o trabalho dos Queen, quando comparado com outras bandas.
Queen é Queen. Ponto final.

Tudo isto para dizer que hoje decidi tocar os primeiros álbuns que eu comprei, já lá vão uns bons anos: os inigualáveis "Greatest Hits" e "Greatest Hits II".
Digo inigualáveis porque, em matéria de êxitos, creio que os Queen são mesmo impossíveis de igualar.
Arrisco dizer que não há, nem houve, banda nenhuma no Mundo, na História da música popular, que tenha a enxurrada de êxitos que os Queen têm, a atingir uma população tão global como a que os Queen atingem. Nem os The Beatles, nem os The Rolling Stones, nem os U2... Ninguém.

Não só a quantidade de êxitos dos Queen é enorme (façam o exercício de pensar quantos temas dos Queen é que passam nas rádios mais mainstream, ou então quantos é que acham que "toda a gente conhece"), como também a legião de fãs dos Queen se estende até aos locais mais inesperados do Planeta (tudo isto tem explicação, mas isso ficará para outra vez), como nenhuma outra banda.
O apelo dos Queen é transversal.

Voltando à minha história, quando hoje voltei a ouvir os "Greatest Hits" dos Queen e me deparei com o solo de guitarra de Brian May (ao segundo 2:38), aquela sensação voltou. Passados todos estes anos, os Queen ainda lá estão. Os Queen ainda são os Queen.
E tive uma epifania.
Com a música dos Queen, estou a salvo, estou em segurança.




P.S.: Só para manter a "tradição informativa" deste blog, falta-me referir que "Save Me" foi o 2º single retirado do álbum "The Game" de 1980, ainda 6 meses antes deste ser lançado. Foi um êxito moderado, atingindo o 11º lugar nas tabelas britânicas e o Top 10 em vários países da Europa.

terça-feira, 30 de agosto de 2011

Pink Floyd - "High Hopes"

"Beyond the horizon of the place we lived when we were young, in a world of magnets and miracles..."



Hoje recuamos a 1994, para uma escolha muito pessoal, de um tema que marcou indelevelmente toda a minha vida, particularmente a minha infância.
Trata-se de um dos meus temas preferidos de sempre, de uma das minhas bandas preferidas de sempre, naquele que é muito provavelmente o álbum que mais vezes ouvi na minha vida. Eu sei, são muitos superlativos juntos na mesma frase. Mas é isso mesmo que significa para mim "High Hopes", retirado do melhor álbum de sempre (não sei se já o referi) "The Division Bell" dos Pink Floyd.




"The Division Bell" foi o álbum de despedida dos Pink Floyd. Sem Roger Waters - o principal compositor da banda nos anos 70 - este foi o 2º esforço dos restantes Floyd para voltar a fazer algo de verdadeiramente relevante, o que não tinha sido totalmente conseguido com o álbum de 1987 "A Momentary Lapse Of Reason".
E sem dúvida que acertaram em cheio.

Como um bom vinho envelhecido, "The Division Bell" mostra uma sonoridade apurada dos Pink Floyd, resultante da maturidade musical e pessoal da dupla Richard Wright / David Gilmour.
Sem a vivacidade dos seus tempos de juventude e sem a adrenalina criativa do veneno injectado por Roger Waters, "The Division Bell" mostra o lado tranquilo e pacífico da música de Gilmour e de Wright.

Ao contrário dos álbuns da década de 70, aqui deixamos de ver o "lado negro", para passarmos a ver o "lado luminoso".
A claridade, a luminosidade, são efeitos quase holograficamente palpáveis em diversos pontos ao longo do álbum, como o piano em "Cluster One", ou as introduções de "Take It Back" e "Coming Back To Life".
É lindo. Absolutamente lindo. Não encontro melhor maneira de descrever.

Esta capacidade que Gilmour e Wright possuem, em esculpir imagens exclusivamente com os seus instrumentos, confere a "The Division Bell" um predicado ímpar: o álbum consegue comunicar uma mensagem ao ouvinte, sem que para isso tenha que utilizar a palavra.
Recordo que a lírica sempre foi uma parte de extrema importância na música dos Pink Floyd até à saída de Roger Waters. Os álbuns tinham sempre uma mensagem muito forte, expressa pela escrita de Waters, quer de crítica da sociedade ("The Dark Side Of The Moon" e "Animals"), quer de crítica da indústria ("Wish You Were Here"), quer de crítica política ("Animals" e "The Final Cut"), quer mesmo da crítica do comportamento humano ("The Wall").

O reverso da medalha é que, com o tempo, a preocupação com a mensagem foi-se sobrepondo à atenção com a música. O domínio de Waters foi crescendo, os álbuns foram tornando-se mais líricos e as tensões criadas por estas mudanças, juntamente com uma série de outros factores (que dariam para vários artigos diferentes), levariam à sua saída da banda em 1984.
Com isto, se perguntarem a alguém como o meu pai, que não percebe a língua inglesa, a opinião sobre "The Division Bell" e, por exemplo, "The Final Cut" (o mais lírico de todos os álbuns dos Pink Floyd), ele dir-vos-á sem hesitações que adora o primeiro e não tem grande simpatia pelo segundo.
Porquê? A resposta está na preocupação com a música, recuperada pelo renascimento da dupla Richard Wright (expulso da banda depois da digressão de "The Wall") / David Gilmour.

Em "The Division Bell", as temáticas deixam de ser a alienação individual, ou a alienação com a sociedade. Aqui fala-se de temas simples e que nos tocam a todos: a vida, o caminho que percorremos, o amor e a importância da comunicação como a chave da interligação dos elementos anteriores. Nesta mudança de direcção, teve grande importância o input lírico da então namorada de David Gilmour, a novelista londrina Polly Samson (casados desde a digressão de "The Division Bell"), o que não agradou a muitos fãs dos Floyd.
Quanto a mim, nada disto me faz grande celeuma. O que em "The Division Bell" se perde em eloquência, ganha-se em música.
E isso não é pouco.

"The grass was greener..."

O tema que aqui fica é o épico "High Hopes", cujo vídeo é, por si só, uma obra de arte.
O tema abre com os famosos sinos de igreja, intercalados pelo piano de Richard Wright. Curiosamente, o efeito sonoro dos sinos foi retirado de um tema muito anterior dos Pink Floyd: "Fat Old Sun", do álbum "Atom Heart Mother de 1970.

"High Hopes" é o tema de despedida dos Pink Floyd. É um olhar sorridente sobre o passado, com vista ao que o futuro pode trazer. É o epílogo perfeito para o brilhante reportório dos Pink Floyd, com um solo final que parece propagar-se eternamente, no tempo e no espaço. Que é exactamente o que eu espero que aconteça com a música dos Pink Floyd.

"Forever and ever..."

terça-feira, 2 de agosto de 2011

Bon Jovi - "Livin' On A Prayer"

"Ooooohhh We're half way there! Oaaaahhh ha! Livin' on a prayer!!"



O tímido sucesso dos dois primeiros álbuns dos Bon Jovi ("Bon Jovi" e "7800° Fahrenheit") deixaram a banda reticente quanto à direcção que escolheram para a sua carreira. Para o 3º álbum, decidiram fazer uma abordagem diferente: trouxeram para o estúdio Desmond Child (escritor e produtor Pop/Rock profissional e hoje amigo de longa data da banda), escreveram aproximadamente 30 temas e deram-nos a conhecer a um grupo de adolescentes da zona.
A opinião do público alvo principal dos Bon Jovi, ajudou a banda a perceber qual a direcção a seguir, mas nem por isso o trabalho doravante foi fácil.

Neste processo de decidir o que sai e o que fica, o mais curioso é que Jon Bon Jovi queria deixar "Livin' On A Prayer" de fora de "Slippery When Wet", convencido que o tema não tinha qualidade suficiente para figurar no álbum. O guitarrista Richie Sambora tinha outra opinião e acreditando que os Bon Jovi tinham nas suas mãos um potencial êxito, levou a banda a re-gravar o tema, desta vez usando a talk-box e criando o hoje lendário riff de "Livin' On A Prayer".
Em boa hora Richie convenceu a restante banda do potencial de "Livin' On A Prayer", uma vez que a gravação original (que se pode ouvir em "100 000 000 Bon Jovi Fans Can't Be Wrong") deixa mesmo muito a desejar:



...e porque o resultado final é o clássico que todos conhecemos.
Cumprindo a profecia de Richie Sambora, "Livin' On A Prayer" foi lançado como o 2º single de "Slippery When Wet" e facturou o 2º nº 1 consecutivo nas tabelas americanas para os Bon Jovi, depois de "You Give Love A Bad Name".
O single foi um sucesso de proporções colossais, tornando-se no ex-libris dos Bon Jovi, com rodagem contínua nas rádios e nas discotecas durante os 25 anos que se seguiram e atingindo o lugar cimeiro das tabelas em todo o Mundo, durante várias vezes neste período.


O sucesso de "Livin' On A Prayer" é de tal forma consistente no tempo, que os Bon Jovi se deram ao luxo de replicar em 1999, quando gravaram uma recriação deste tema, sob a forma do smash hit "It's My Life", lançado no ano seguinte. O tema do álbum "Crush" apresenta indisfarçáveis paralelismos, sendo que até o riff da Talk-Box é o mesmo...

Tal como em tantos outros temas dos Bon Jovi, em "Livin' On A Prayer" as onomatopeias assumem uma importância lírica ao nível da letra. A introdução na talk-box, os "Ooooohhh!" e "Oaaaahhh ha!" do refrão... são estes os grandes hooks do tema. E é nada menos do que maravilhoso.
Quando estamos dentro do carro, cansados no fim de um dia, e aparece "Livin' On A Prayer" na rádio, gritar a plenos pulmões o refrão do tema chega a ser terapêutico. Isto é apenas um exemplo do brutal poder anímico da música, concretamente deste "Livin' On A Prayer".

"Livin' On A Prayer" é provavelmente um daqueles temas que TODOS conhecem, em TODO o Mundo. A sério.
Acredito piamente que se encontrarmos um ermita budista no Tibete, alguém que pode nem sequer saber quem é Obama, e se lhe falarmos em Bon Jovi, ele nos vai responder com o inconfundível "Uooh Uooh" da talk-box de Richie Sambora.

quarta-feira, 27 de julho de 2011

Richard Wright - "Breakthrough"

"By HATING more, you're FEELING more and that's how you get caught"



De todas carreiras a solo, de todos os membros Pink Floyd, o meu tema preferido é de... Richard Wright.

Para quem desconhece o nome (shame on you!), Richard Wright foi o brilhante teclista de sempre dos Pink Floyd. Em toda a carreira dos Pink Floyd, Wright só não participou no álbum "The Final Cut", uma vez que tinha sido despedido por Waters durante a gravação de "The Wall", por não estar a "contribuir musicalmente" para a banda segundo os padrões de Waters. Obviamente que a isto não terão ajudado os problemas com droga que o começavam a atormentar nesta altura... Até à sua saída, Wright ainda acompanharia a lendária digressão de promoção a "The Wall".

Como o próprio Wright confirmaria uns anos mais tarde, a sua falta de ideias durante as sessões de "The Wall" deveu-se também, em grande parte, à gravação do seu primeiro álbum a solo "Wet Dream" em 1978, um ano antes.

O ex-teclista dos Pink Floyd teve uma carreira a solo muito curta, com apenas dois álbuns em nome próprio: em 1978, depois do animicamente arrasador "Animals" e respectiva digressão (brevemente falarei disto), Wright escreveu, gravou e produziu o superlativo "Wet Dream", um álbum fabuloso de forte carga instrumental; em 1996, depois da regeneração artística de Wright em "The Division Bell" (Wright andara perdido nos anos 80 com problemas familiares e lutas com problemas de droga), este lançou o seu 2º e último álbum "Broken China".

É precisamente de "Broken China" que é retirado este fantástico "Breakthrough".
Este tema foi considerado para inclusão em "The Division Bell", mas segundo David Gilmour não foi fechado a tempo. Ao ser rejeitado para os Pink Floyd (eventualmente em favor do também genial "Wearing The Inside Out"), Richard Wright usou-o para o seu álbum "Broken China".
Para a gravação em disco de "Breakthrough", Wright chamou o guitarrista de digressão dos Pink Floyd Tim Renwick e convidou Sinéad O'Connor para a voz. O resultado é bom mas, na minha opinião, muito pouco satisfatório quando comparado com a versão que aqui apresento.

Esta versão foi gravada ao vivo no Royal Festival Hall em 2002, num concerto de David Gilmour inserido numa mini-digressão semi-acústica a solo. Wright apareceu como convidado especial para este tema e ambos tocaram aquele que poderá ter sido o arranjo preparado nas sessões de "The Division Bell" para "Breakthrough", alguns anos antes. As imagens desta reunião podem ser vistas no DVD "David Gilmour in Concert", que eu recomendo vivamente!


Voltando ao princípio, reitero que "Breakthrough" é o meu tema preferido das carreiras a solo de todos os Floyd.
Este é um tema que fala sobre a redenção, sobre a procura infrutífera de um lugar seguro, ao abrigo da dor e da desilusão... Só derrubando o muro, retirando o capacete emocional e expondo-nos às contingências da dor é que podemos viver em pleno.
É uma visão que subscrevo.
"Breakthrough" pretende desta forma ser um tema psicologicamente revigorante, uma vez que todos os que andam na vida de coração aberto sabem que, após várias quedas no vazio, não é fácil manter o queixo levantado...

"You die more times than anyone, but there's still no place to fall"

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Noel Gallagher's High Flying Birds - "The Death Of You And Me"

"Let's run away together you and me, forever we'd be free
Free to spend our whole lives running, from people who would be the death of you and me"



Já aqui falei dos Beady Eye, o novo projecto de Liam Gallagher e dos restantes membros dos Oasis, depois da separação da banda, na sequência da saída de Noel. Falei, mas falei ainda muito pouco, uma vez que adorei "Different Gear, Still Speeding", até ao momento um dos meus álbuns preferidos de 2011.

Chegou então agora a hora de falar da nova vida de Noel Gallagher, também conhecido como "o Chefe".
Depois da implosão dos Oasis em 2009, consequência de uma já célebre discussão em Paris entre os irmãos Gallagher, em que Liam se serviu de uma guitarra para tentar atingir Noel, qual lenhador que usa o machado num pinheiro, Liam e Noel seguiram caminhos diferentes.

Liam desdobrou-se em entrevistas e mensagens no Twitter, formou os Beady Eye e estes rapidamente gravaram e lançaram o seu primeiro álbum. Ao contrário de Liam, Noel resguardou-se na discrição que achou necessária para decidir o que fazer a seguir. Mas nem por isso o tempo de Noel foi menos produtivo...

No início deste mês, Noel deu uma conferência de imprensa para anunciar o lançamento não de um, mas de dois (!!!) novos álbuns: ainda este ano, o álbum de estreia dos "Noel Gallagher's High Flying Birds" - a sua nova banda de acompanhamento - e para o ano, um álbum de colaboração com os Amorphous Androgynous.

"Noel Gallagher's High Flying Birds" deverá ser um álbum em linha de continuidade com a direcção que Noel já seguia nos tempos finais dos Oasis (por exemplo, com "Falling Down" ou "The Importance Of Being Idle"), com mais influências electrónicas e psicadélicas na sua música. Contudo, Noel já avisou que "só lá para a 6ª faixa" é que há o primeiro solo de guitarra, por isso podemos esperar algo de, no mínimo, diferente.


Quanto ao projecto com os Amorphous Androgynous, aí sim devemos ter Noel a fazer um mergulho profundo na electrónica, o que ele já ameaça fazer desde a colaboração com os The Chemical Brothers em 1997 para o single "Setting Sun", que atingiu o 1º lugar nas tabelas britânicas.

Para já, venha então o "Noel Gallagher's High Flying Birds"!
Pessoalmente, tenho as expectativas nos píncaros para o primeiro álbum do "Chefe", como não me lembro para nenhum outro álbum recentemente. Aqui, Noel pôde finalmente trabalhar para si, sem se preocupar com os standards do que os fãs dos Oasis esperam. Escolher as melhores músicas (já todos conhecemos "Stop The Clocks" e "Record Machine"), fazer arranjos ainda mais psicadélicos e, quem sabe, surpreender-nos a todos com um álbum seminal. A ver vamos.

"Noel Gallagher's High Flying Birds" foi produzido pelo próprio Noel Gallagher e Dave Sardy (produtor dos dois últimos álbuns dos Oasis) e chegará às lojas a 17 de Outubro deste ano. O álbum contará com 10 temas:

"Everybody's On The Run"
"Dream On"
"If I Had A Gun"
"The Death Of You And Me"
"(I Wanna Live In A Dream In My) Record Machine"
"AKA...What A Life!"
"Solider Boys And Jesus Freaks"
"AKA...Broken Arrow"
"(Stranded On) The Wrong Beach"
"Stop The Clocks"


Antes da chegada do álbum, a notícia do dia é a revelação de "The Death Of You And Me", o single de avanço de "Noel Gallagher's High Flying Birds" e por aqui já podemos ter a noção que não se deve fazer grandes previsões para este álbum.
A primeira impressão de "The Death Of You And Me"? Poderia ser um tema clássico dos Oasis, com a diferença que, ao invés de termos um solo de guitarra, temos um solo de... trompetes e saxofones!
De resto, os hooks da música do Noel estão todos lá. Depois de ouvir o tema pela 2ª vez, fiquei automaticamente com ele na cabeça e esse é o maior elogio que ainda posso fazer ao Noel, ao fim de tantos anos a seguir a sua carreira.

terça-feira, 19 de julho de 2011

Grizzly Bear - "I Live With You"

"Return... Don’t put me on! Return... Don’t make me beg!"



Foi mais uma das surpresas de 2009. O álbum "Veckatimest" dos Grizzly Bear, o terceiro da sua carreira, conseguiu deixar-me com a estranha sensação de ouvir música dos anos 60 em 2009. Ou será música de 2009 nos anos 60?

Para quem não conhece, os Grizzly Bear são uma banda de Brooklyn, composta por Edward Droste e Daniel Rossen nas vozes, guitarras e teclas, Chris Taylor no baixo e Christopher Bear na bateria.

Classificar os Grizzly Bear... Isso já se torna um desafio.
É seguro rotular os Grizzly Bear de Alternativo, ou Indie. Mas atendendo às óbvias influências do psicadelismo dos anos 60 em "Veckatimest", à fraca proeminência de guitarras e ao uso dos sintetizadores, eu diria que a banda se situa algures na cena do Pop Psicadélico Moderno. O que quer que isso signifique.
Não que isto de rótulos tenha muita importância, até porque já ouvi chamarem os Grizzly Bear de muita coisa, entre as quais Chamber Pop Music e isso é que eu gostaria que decifrassem...

"Veckatimest" é um álbum complexo, obsessivamente meticuloso nos arranjos e na sónica. É um álbum carregadinho de ideias; algumas novas, outras nem por isso, mas a maioria conhece aqui uma nova e única forma de execução.
As decisões estratégicas de produção põem este álbum à partida à frente da maioria das bandas dos tempos que correm:
Em tempos em que as gravações são feitas quase exclusivamente de forma digital, os Grizzly Bear decidiram dar um passo atrás na tecnolgia e gravar em analógico.
Em tempos em que o som é comprimido para ficar bem em mp3, em que as partes calmas são altas e as partes altas são distorcidas, os Grizzly Bear decidiram dar primazia à dinâmica e apresentar um disco com um tratamento sónico magistral.

Por tudo isto (e não só), facilmente se percebe que "Veckatimest" é um álbum que tenta ser diferente. Eu diria que o consegue com brilhantismo.
Mas isso não chega aos Grizzly Bear. A atenção ao detalhe mostra que o verdadeiro objectivo do álbum é tentar ser perfeito. Eu diria que, pelo menos na produção, anda lá perto.


É assim que, logo à partida, pela forma de gravar, pela sonoridade morna das fitas e pela cuidada engenharia sonora, os Grizzly Bear primam pela diferença.
Louvo-os por isso.
Mas não é tudo. Nem só de brilhante produção vive "Veckatimest". Detrás de todo o folclore por cima de cada tema está uma melodia. Uma canção que poderia ser também tocada com uma guitarra acústica.
Em "Veckatimest", a complexidade dos arranjos não serve para esconder o vazio das melodias, mas sim para as enriquecer.

Hoje fica aqui o meu tema preferido de "Veckatimest": este "I Live With You", um tema repleto de texturas psicadélicas, que parecem fazer um cruzamento entre os Zero 7 e os Pink Floyd em 1967.
Pode parecer estranho e talvez até arbitrário, mas os elementos estão lá e esta é a melhor descrição que eu consigo formular para a caracterização de música Pop... Electrónica... Psicadélica.

domingo, 17 de julho de 2011

The XX - "Infinity"

"I can't give it up to someone else's touch, because I care too much"




Um dos álbuns que mais me surpreendeu em 2009 foi o homónimo álbum de estreia dos "The XX".
"XX" lançou a banda directamente para a linha da frente da cena Indie, dando-lhes uma posição de destaque nos mais conceituados festivais em todo o Mundo, coleccionando diversos prémios e posicionando-se mesmo no topo de diversas listas dos melhores álbuns daquele ano.

Os "The XX" são um quarteto londrino formado em 2005, que passou a trio depois da saída do seu teclista no final de 2009, pouco depois do lançamento do primeiro álbum da banda.
Defrontando as normais limitações de recursos de quem está a começar, os "The XX" gravaram o seu primeiro trabalho numa pequena garagem (segundo a banda: um "estúdio do tamanho de uma casa de banho"), num arrepiante ambiente durante várias sessões pela madrugada fora.

O resultado foi o meticuloso "XX", um álbum arguto que invoca uma ímpar aura de sensualidade e tranquilidade. A origem do nome do álbum deve-se ao facto de que todos os membros da banda tinham 20 anos, aquando do seu lançamento.


Para mim, os "The XX" foram uma agradável surpresa, que serviu de banda sonora a muitas tardes de Verão. O álbum cai num registo que aprecio bastante, oferecendo um tipo de música relaxante numa onda de Chill Out que me sugere, por exemplo, a música dos Zero 7. O meu tema preferido de "XX" é este fabuloso "Infinity", um tema que apresenta uma tonalidade de guitarra a fazer lembrar "Wicked Game" de Chris Isaak.

Neste momento, os "The XX" estão em estúdio a gravar o 2º álbum, esperando-se novidades para 2012.

terça-feira, 12 de julho de 2011

Pink Floyd - "The Narrow Way - Part 3"

"You know the folly was your own, but the force behind can't conquer all your fears"



Muito antes dos milhões de discos vendidos, dos concertos em estádios e da adoração internacional, a "formação clássica" dos Pink Floyd (Roger Waters, David Gilmour, Nick Mason e Richard Wright) andou perdida durante muito tempo, na procura de uma sonoridade própria.

Esta demanda por uma direcção teve origem na saída de Syd Barrett, a meio da gravação do segundo álbum da banda "A Saucerful Of Secrets", devido aos seus problemas com o uso de drogas. Syd era a força criativa da banda e o autor da esmagadora maioria dos temas dos Pink Floyd. A sua saída foi colmatada com a entrada da David Gilmour, que se tornaria mais tarde num ícone da guitarra, mas até lá chegar, as coisas não foram nada fáceis...

Depois das dificuldades em terminar "A Saucerful Of Secrets" sem Syd Barrett e da muito sofrível banda sonora para o filme "More", os Pink Floyd decidiram mergulhar no experimentalismo com o excêntrico "Ummagumma".

"Ummagumma" foi lançado em 1969 como um álbum duplo: um disco ao vivo e um disco em estúdio. No álbum ao vivo, os Pink Floyd davam uma amostra do espectáculo avant-garde que faziam na época, com largas dezenas de minutos de improviso todas as noites. Versões de 25 minutos de "A Saucerful Of Secrets", ou versões de 15 minutos de "Careful With That Axe, Eugene" figuravam habitualmente num concerto dos Pink Floyd.

O problema estava mesmo no disco de estúdio. Os Floyd estavam sem ideias e depois de gravarem o tema "Embryo" (uma composição conjunta que ficaria guardada na penumbra até ao seu lançamento na compilação americana "Works" de 1983), decidiram que o disco de estúdio devia ser formado por 4 composições individuais, uma de cada membro dos Pink Floyd.

E assim foi.
Largados ao isolamento das suas ideias, sem saberem bem o que fazer e para onde ir, cada membro dos Pink Floyd compôs um tema novo para o disco de estúdio de "Ummagumma", formando aquele que é certamente o mais bizarro álbum dos Pink Floyd.
Considerado por muitos o pior álbum dos Pink Floyd, "Ummagumma" vive a difícil existência de ser o fruto de um experimentalismo desenfreado e sem qualquer direcção.

Mas isto não significa que o disco de estúdio de "Ummagumma" não tenha os seus momentos. Nomeadamente, a composição acústica de Roger Waters "Grantchester Meadows", mas principalmente este fabuloso "The Narrow Way" do recém-chegado David Gilmour.

Com a banda à procura do seu rumo, David Gilmour terá dado aqui o primeiro passo em direcção ao seu estilo único, hoje em dia imediatamente reconhecível. Mais que isso, terá dado até o primeiro passo na direcção que os Pink Floyd seguiriam a partir daí (já no álbum seguinte "Atom Heart Mother") e que iriam aperfeiçoar até ao álbum "Meddle" de 1971.

"The Narrow Way" está dividido em 3 partes: a primeira parte é uma fabulosa introdução acústica, com elementos spacey de slide guitar; a segunda é um arrepiante "crescendo" eléctrico, com mais efeitos psicadélicos ("The Waiting Room" dos Genesis parece retirado daqui); mas a terceira... Bem, é na terceira parte que David Gilmour finalmente se foca, deixa o noodling do psicadelismo e decide compor uma canção.

O resultado? Nada menos que fabuloso.



Pouco ou nada antes de "The Narrow Way" parecia apontar para aqui. Por isso mesmo, a importância histórica deste tema é imensa para os Pink Floyd. David Gilmour toca todos os instrumentos em "The Narrow Way", mas curiosamente, é o próprio quem desconsidera o seu trabalho, referindo-se ao tema como o fruto do "desespero da falta de ideias".
Talvez isso tenha sucedido, mas se o resultado da falta de ideias de David Gilmour é algo como "The Narrow Way", é fácil entender que este seja o mesmo homem que viria a criar as partes de guitarra de "Shine On You Crazy Diamond", "Comfortably Numb", "Time" e tantos... tantos outros.

domingo, 10 de julho de 2011

Foo Fighters - "Best Of You"

"Is someone getting the best of you?"



Grande, GRANDE concerto dos Foo Fighters na última 5ª Feira, no Optimus Alive.
A banda está provavelmente na fase de maior popularidade da sua carreira (Dave Grohl referiu-se a isso mesmo durante o concerto) e isto notou-se bem pelo entusiasmo que havia no Passeio Marítimo de Algés. Sempre que a banda "puxava" como um tema mais rápido ou com um dos clássicos, os níveis de adrenalina na audiência batiam nos limites. Os meus com certeza que batiam. Já há muito tempo que não sentia este tipo de adrenalina colectiva num concerto.

Os Foo Fighters surpreenderam-me pela positiva a quase todos os níveis. Só foi pena que, no meio das 2 horas e meia de concerto, tenha havido demasiados temas mais lentos e/ou desconhecidos, em detrimento de algumas malhas que ficaram por tocar (não muitas, felizmente). Talvez isso tenha servido para deixar a banda recuperar o fôlego.

Para mim, este foi um concerto que deixou várias marcas: começando pela enorme dor de costas, passando pelo pescoço que mal se mexe, a voz que rebentou por completo... e uma enorme sensação de prazer. Estranho? Talvez, mas é isto mesmo que é um concerto Rock e os Foo Fighters surpreenderam-me ao mostrarem que sabem fazê-lo como poucos.

Depois do tema "Walk" do novo álbum, Dave Grohl deu o mote para o que deve ser uma banda de Rock e um concerto Rock (a partir do segundo 4:20):



"Ladies and gentlemen, Foo Fighters are a Rock N' Roll band... We don't need fuckin' computers, ok?
We made this record in my fuckin' garage, with a fuckin' tape machine!
Everything you hear tonight, right now, is the fuckin' Foo Fighters, ok?
So if you gonna see a Rock N' Roll band and you think there is a fuckin' computer on stage, just remember this...
Rock N' Roll is all about people and instruments and not fuckin' computers, ok?"

Lapidar.

Já durante toda a década de 70, os Queen (uns dos heróis dos Foo Fighters) orgulhavam-se de fazer música apenas com guitarras, baixo, piano e bateria, colocando sempre nos seus álbuns o dístico: "No synths!".
40 anos depois, os Foo Fighters mostram qual é a sua escola e qual é o caminho que escolheram percorrer... e que grande e acertada escolha eles fizeram.

O momento mais emocionante da noite chegou com este fabuloso "Best Of You" e um coro de mais de 40 mil pessoas a cantar:

"ooooh,oh,oh ooooh,oh,oh"

"Best Of You" foi o single de avanço do álbum "In Your Honor" de 2005, o álbum pelo qual Dave Grohl espera que os Foo Fighters sejam relembrados. É um dos mais profundos temas da banda, que fala sobre o drama de ter o coração preso a alguém que não o merece, nem faz para o merecer...

"I’ve got another confession to make: I’m your fool"


Há uma semana, disse aqui que não era "propriamente um fã dos Foo Fighters". Depois de um concerto eufemisticamente memorável, o mínimo que hoje posso dizer é que os Foo Fighters ganharam pelo menos mais um fã: eu.

domingo, 3 de julho de 2011

R.E.M. - "The One I Love"

"Fire!!!!"



Antes de se tornar numa sensação das rádios mainstream na década de 90, somando êxitos atrás de êxitos, os R.E.M. eram uma sólida banda de culto na cena alternativa americana. Os álbuns "Murmur", "Reckoning" e "Document" são ainda hoje, para os puristas, onde se pode encontrar os melhores trabalhos da carreira dos R.E.M..

O primeiro cheiro do sucesso mainstream para a banda foi mesmo obtido com o álbum "Document" de 1987, com os singles "It's the End of the World as We Know It (And I Feel Fine)" e este fabuloso "The One I Love".


O significado de "The One I Love" é frequente mal interpretado, devido à linha: "This one goes out to the one I love", levando muitas pessoas a pensar que se trata de uma canção de amor.
Como o próprio Michael Stipe já confessou, "The One I Love" está longe de ser uma canção de amor. Segundo o próprio, este é uma tema "incrivelmente violento", sobre uma relação nefasta, em que uma das partes se aproveita do outra e esta deseja a morte (o "fogo") à primeira.

Esta dicotomia da escuridão sob uma capa de um tema de amor faz de "The One I Love" um dos temas mais fascinantes dos R.E.M., com certeza um dos meus preferidos. Porém, na minha opinião, ainda faltava qualquer coisa para chegar ao nível atingido uns anos mais tarde com "Losing My Religion". Mas o céu estava já ali ao virar da esquina para os R.E.M....

sábado, 2 de julho de 2011

Foo Fighters - "The Pretender"

"So who are you?"




A poucos dias do muito antecipado concerto dos Foo Fighters no festival "Alive", deixo aqui o grande vídeo de "The Pretender". "The Pretender" foi o single de avanço do álbum "Echoes, Silence, Patience And Grace" (grande nome para um álbum) de 2007 e tornou-se um dos temas chave dos Foo Fighters. O álbum também teve grande sucesso, entrando directamente para o topo das tabelas britânicas.

"The Pretender" é, provavelmente, o meu tema preferido dos Foo Fighters. Desde a introdução melódica, a entrada da bateria, ou a explosão no refrão... Todas as peças parecem cair no sítio certo. Mas é a progressão de acordes no refrão que me atinge sempre que ouço este tema. Fabuloso.

Mais do que isso, no que toca à lírica, este tema parece cair que nem uma luva naquela forma raivosa de cantar característica de Dave Grohl.


Nas tabelas americanas, só "Best Of You" e "Learn To Fly" obtiveram maior sucesso que "The Pretender". Curiosamente, são estes os meus 3 temas preferidos dos Foo Fighters. Não sendo propriamente um fã dos Foo Fighters, noto com agrado a evolução que eles tiveram como banda ao longo dos anos. Ao fim de mais de 15 anos, já levam uma respeitosa carreira, solidificando continuamente a sua posição no panorama do Rock.

O álbum mais recente é deste ano e chama-se "Wasting Light". É este o álbum que traz os Foo Fighters a Portugal na próxima semana. Com as expectativas em alta, lá estarei no concerto para ver o que têm para dizer com o seu último trabalho e também ouvir todos os clássicos.

sexta-feira, 1 de julho de 2011

The Cranberries - "Animal Instinct"

"It is a lovely thing that we have... the animal instinct"



Hoje recuamos até aos late 90's para ouvir "Animal Instinct", tema do álbum "Bury The Hatchet" dos The Cranberries, a banda de Dolores O'Riordan. "Bury the Hatchet" que conta com uma enigmática capa, característica do génio Storm Thorgerson, o mesmo que fez todas aquelas memoráveis capas para os álbuns dos Pink Floyd.


The Cranberries tiveram grande sucesso no início dos anos 90, com singles como "Linger" e "Zombie". Embora a banda tivesse um som perfeitamente integrado no que se ouvia na rádio dos anos 90, os The Cranberries entregavam algo mais que a generalidade das outras bandas Pop, com uma profundidade e uma escuridão na sua música e respectivas letras.

Aquando do lançamento de "Bury The Hatchet", o sucesso mainstream da banda já era passado e o navio dos anos 90 já estava a terminar a sua viagem, mas foi aqui que, na minha opinião, eles atingiram o seu ponto alto, com este "Animal Instinct". Mais uma vez, a ideia da profundidade na música e na letra aplica-se, com uma particular comunhão entre elas.
O single não teve sucesso no UK, mas teve grande em Portugal. E ainda bem.

O vídeo conta história de uma mãe em espiral descendente, que tenta tudo para recuperar os seus filhos depois de estes lhe serem retirados pelo tribunal. Nem que para isso se torne uma fugitiva. "Animal Instinct" indeed...

Destaque também para o solo no fim. Numa década onde, com raras excepções, os guitarras ficaram com "medo" de fazer solos, principalmente para temas destinados a singles e à rádio, este solo é absolutamente sublime.

quinta-feira, 30 de junho de 2011

Lifehouse - "Hanging By A Moment"

"There's nothing else to lose, there's nothing else to find"



O pontapé de saída para o Verão aqui no blog é dado por "Hanging by a Moment" dos Lifehouse.

Hoje recuamos ao início dos anos 00 para um dos muitos grandes temas Soft-Rock que povoavam as ondas de rádio da época. Confesso que não sou muito revivalista da última década, uma vez que a maioria da cultura que consumia (música, filmes e até televisão) não era actual e por isso não me identifico com o que se foi passando nos mass media dos anos 00.

No entanto, vinha eu há uns dias da praia e surge este tema na rádio.
Não pude deixar de sorrir e de me transportar para as quentes tardes do Verão de 2000, a trabalhar e a ouvir a boa música que passava na rádio. Este tema dos Lifehouse é um bom exemplo disso. É um tema Soft-Rock despretensioso, mas que cumpre a sua função. Certeiro.


"Hanging by a Moment" foi o single de estreia dos Lifehouse, promovendo o seu primeiro álbum "No Name Face". O tema teve um sucesso retumbante nos Estados Unidos, atingindo o 1º lugar em diversas tabelas da Billboard e foi mesmo nomeado o 25º Single Rock mais bem sucedido de sempre pela própria Billboard.
O problema é que, depois de um início que excedeu todas as expectativas, a partir daqui foi sempre a descer para os Lifehouse...

"There's nothing else..."

quarta-feira, 29 de junho de 2011

Wham! - "The Edge Of Heaven"

"One last time might be forever!"



Ao ler as novidades de hoje no Facebook, cruzei-me com este brilhante artigo no fantástico blog "The Second Disc" e assim dei conta que fez ontem 25 anos que os Wham! deram o seu último concerto (apropriadamente chamado "The Final Concert") para um esgotado Estádio do Wembley, com uma assistência entre as 80 e as 100 mil pessoas. Estávamos a 28 de Junho de 1986.
Desde então que os fãs dos Wham! esperam ansiosamente por algum documento desta noite histórica, mas essa vontade acaba invariavelmente esbarrada na casmurrice de George Michael, que se recusou a lançar qualquer registo ao vivo ao longo da sua carreira. As únicas excepções foram o vídeo "Wham In China: Foreign Skies" de 1986 (nunca lançado em DVD) e o DVD/Blu-Ray "Live In London" de 2009, gravado em 2008 no Earls Court. GM terá mesmo afirmado que este seria o último documento ao vivo que ele lançará.

Muito oportunamente, o blog sugere uma edição de luxo para o álbum de despedida dos Wham!, também apropriadamente baptizado de "The Final" ("Music From The Edge Of Heaven" nos EUA). A sugestão indica que o álbum se deve fazer acompanhar de um registo áudio e/ou vídeo do "The Final Concert" no Estádio do Wembley. Embora duvide que tal seja possível, devido à irredutibilidade de George Michael, apoio totalmente a sugestão!
Apenas acrescento que se deve completar o alinhamento do álbum com as correspondentes versões 7'' e 12'' dos temas, sempre que tal seja aplicável.

É por isso altura de recordar aquele que foi promovido como o single de despedida dos Wham! em 1986 e que é também o meu tema preferido da banda: o vibrante "The Edge Of Heaven". O single acompanhou a álbum "The Final" e foi um tremendo sucesso em todo o mundo, atingindo naturalmente o 1º lugar no Reino Unido.
Aliás, o registo dos Wham! no Reino Unido é verdadeiramente avassalador: de 1982 a 1986, os Wham! lançaram 9 singles (não contando com "Club Fantastic Megamix") e todos, repito TODOS, entraram para o Top 10 das tabelas britânicas, sendo que 4 deles chegaram ao #1. Impressionante!




"The Edge Of Heaven" é um tema upbeat, com mais espaço para a guitarra de Andrew Ridgeley (ou que ele finge tocar) que o normal nos Wham!, o que dá um travo mais agressivo ao tema, em relação ao seu restante reportório.

Na minha opinião, foi desta fase da carreira de George Michael, que saíram os seus melhores temas pop, marcados pela irreverência e despreocupação da sua juventude. "The Edge Of Heaven", "Freedom" (o original), "I'm Your Man", "Everything She Wants"... são apenas alguns exemplos que provam nos temas upbeat, os Wham! são imbatíveis.
Quando seguiu uma carreira a solo e juntou, entre outras, as influências Jazz à sua música, George Michael tornou-se indiscutivelmente um artista mais maduro e mais completo, mas nalguns aspectos, discutivelmente melhor.
Nos anos 90, George Michael esteve "quase lá" com "Too Funky", "Fastlove" e "Outside", temas liricamente muito mais evoluídos, mas sem aquela alegria dos temas pop dos Wham!.

Quanto a "The Edge Of Heaven", este acabaria por não ser o último single dos Wham! nalguns países, cabendo essa honra ao fabuloso cover dos Was (Not Was) "Where Did Your Heart Go?", com sucesso bem mais reduzido.