sábado, 15 de janeiro de 2011

Rui Veloso - "A Ilha"

"Fiz-me ao mar com lua cheia, a esse mar de ruas e cafés..."



Para a gravação do seu terceiro álbum em 1983, Rui Veloso deixou a "Banda Sonora", que o acompanhara nos dois primeiros álbuns. O resultado foi um álbum diferente dos dois primeiros, mais sombrio e mais afastado do rótulo de pai do rock português; um rótulo que ainda hoje insistem em colocar em Rui Veloso, embora este seja um homem essencialmente do Blues.

O álbum é "Guardador de Margens", um álbum sem os grandes êxitos que caracterizaram (todos) os restantes álbuns de Rui Veloso nos anos 80, mas que funciona pela qualidade da escrita dos temas, pela dupla Rui Veloso/Carlos Tê. Na minha opinião, o melhor exemplo disto é este maravilhoso tema: "A Ilha".

"E assim fui na monção, perdido na imensidão deparei com uma ilha... uma pequena maravilha"

Lançado em 1984, "A Ilha" foi o único single retirado do álbum "Guardador de Margens" e é para mim um dos momentos mais brilhantes da carreira de Rui Veloso. Tanto na lírica, como na melodia e principalmente na cuidada produção, "A Ilha" é um tema completo que, talvez devido à falta de apelo mais Pop, não atingiu a projecção de outros temas de Rui Veloso da época.

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Coldplay - "Shiver"

"So I look in your direction, but you pay me no attention, do you?"




A grande notícia do dia de hoje foi a do regresso dos Coldplay a Portugal, para encabeçar o cartaz do dia 6 de Julho do festival Optimus Alive 2011. Ausentes desde 2005, quando apresentaram "X & Y" no Pavilão Atlântico, já não era sem tempo que os Coldplay regressavam ao nosso país!

Por isso, hoje trago "Shiver" do álbum "Parachutes" de 2000, o primeiro álbum dos Coldplay e um dos melhores daquele ano e, porque não, um dos melhores álbuns rock dos "anos 00".

Se nos anos 90 surgiu o conceito de "banda de garagem" (aquela banda que fazia a vida negra aos vizinhos com muito barulho e por isso eram expulsos para uma divisão exterior), os Coldplay inserem-se mais no que eu chamo o conceito de "banda de sótão": uma banda que toca muito baixinho, que não precisa da distorção para fazer Rock e que baseia a sua música na melodia. E é isto mesmo que os Coldplay trazem com "Parachutes", na minha opinião ainda hoje o melhor álbum da carreira dos Coldplay.



Lembro-me perfeitamente da 1ª vez que ouvi (e vi) "Yellow" no "Top Rock", um programa que dava aos Sábados de manhã na TVI, patrocinado pela antiga Rádio Comercial - "A Rádio Rock". Na altura foi anunciado como o tema da banda que estava a revolucionar o panorama musical no Reino Unido. Confesso que não dei grande importância na altura, parecia-me apenas mais um "one hit wonder"... (alguém se lembra dos Train e "Drops Of Jupiter"?) Mas quando tive a oportunidade de ouvir o álbum "Parachutes" a minha opinão mudou. "Shiver", "Spies", "Trouble", "Everything's Not Lost", "Don't Panic", "Yellow"... a lista de grandes temas que este álbum traz é enorme.

É um dos álbuns obrigatórios dos anos 00, de uma banda que iria popular a rádio nesse período.

Aqui fica então "Shiver", uma balada fantástica onde, para além da melodia, Chris Martin ainda mostra os seus dotes vocais de falsetto. "Shiver" foi o single de avanço de "Parachutes" e o 2º single lançado na carreira dos Coldplay, tendo atingido "apenas" o Top 40 no Reino Unido e nos EUA.

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Genesis - "The Musical Box"

"Play me my song! Here it comes again..."



Depois do lançamento do seu 2º álbum - "Trespass" - em 1970, os Genesis eram uma banda ainda à procura da sua identidade. Os álbuns não tinham grande sucesso e a banda não encontrava a sonoridade que procurava. Assim, depois da saída do guitarrista Anthony Phillips e do despedimento do baterista John Mayhew, os restantes membros procuraram quem pudesse inserir na banda os elementos que faltavam.

E encontraram.
Em 1971, foram admitidos nos Genesis Steve Hackett para a guitarra e Phil Collins para a bateria. Steve Hackett diferenciava-se dos outros guitarristas não pela capacidade de debitar múltiplas notas por segundo, mas sim pela sua enorme criatividade e objectividade dos solos. As suas frases eram curtas, tinham uma estrutura premeditada e acima de tudo sabia valorizar e gerir... os silêncios. Sabia quando aparecer e quando se resguardar no espaço do som da banda.

Phil Collins foi escolhido entre dezenas de bateristas e a banda imediatamente sabia que tinha encontrado alguém muito especial. Aos 17 anos, Phil Collins já tinha gravado com George Harrison, no seu 1º álbum pós-Beatles "All Things Must Pass". Tal como Hackett, Phil Collins também se distinguia dos outros bateristas. Ele juntava o virtuosismo à criatividade e assim tornar-se-ia num dos mais influentes bateristas da História do Rock, tanto pelo seu trabalho no rock progressivo com os Genesis, como mais tarde na criação da sonoridade "no cymbals", que usaria (com o sucesso reconhecido) em "In The Air Tonight" e que iria marcar toda a década de 80.

Estava assim encontrada a "formação clássica" dos Genesis. O seu 1º álbum foi "Nursery Cryme" em 1971, de onde saiu este "The Musical Box". Neste álbum foi também revelada
a sonoridade que marcaria os Genesis ao longo dos anos 70.


Na minha opinião, é em "The Musical Box " que os Genesis, como banda de "rock progressivo", atingem o seu apogeu.
"The Musical Box" é um daqueles temas onde todos os elementos da música parecem combinar na perfeição: a melodia, a história contada, a estrutura, os solos, a colocação dos instrumentos... Tudo encaixa no crescendo da música, que relata a história de Henry; da sua curta vida e da sua reencarnação, até ao fabuloso clímax final, onde revela o seu desejo por Cynthia:

Why don't you touch me? Touch me, NOW, NOW, NOW, NOW, NOW!