sábado, 12 de julho de 2014

Roger Waters - "The Ballad Of Bill Hubbard"



Ainda "Amused To Death" - o álbum mais essencial da discografia a solo de Roger Waters. Dizia ontem que apesar da falta de melodias, isso não significa que este álbum não seja capaz de nos tocar.

A história de Bill Hubbard, que abre e fecha o "Amused To Death", consegue sempre deixar-me arrepiado. A história passa-se num campo de batalha durante a 1ª Guerra Mundial e é contada por Alf Razzell - um antigo soldado dos Royal Fusiliers (exército britânico).
Alf tinha a missão de ir à terra de ninguém depois de um combate e retirar a carteira aos cadáveres do seu exército que ia encontrando, de modo a serem identificadas as baixas. Com um trabalho destes, era normal Alf encontrar corpos desmembrados, decapitados e sabe-se lá mais o quê. O cúmulo dos horrores.
Um dia, na Batalha do Somme, os alemães levaram Alf à terra de ninguém e este encontrou um soldado com feridas profundas e em grande sofrimento, mas ainda com vida. Esse soldado era Bill Hubbard.

"Two things that have haunted me most are the days when I had to collect the paybooks; and when I left Bill Hubbard in no-man's-land.
I was picked up and taken into their trench. And I'd no sooner taken two or three steps down the trench when I heard a call, 
'Hello Razz, I'm glad to see you. This is my second night here,' and he said 'I'm feeling bad' and it was Bill Hubbard, one of the men we'd trained in England, one of the original battalion.
I had a look at his wound; rolled him over. I could see it was probably a fatal wound.
You could imagine what pain he was in, he was dripping with sweat; and after I'd gone about three shellholes, traversed that, had it been...had there been a path or a road I could have done better.
He pummelled me,
 'Put me down, put me down, I'd rather die, I'd rather die, put me down.' I was hoping he would faint.
He said 
'I can't go any further, let me die.' I said 'If I leave you here Bill you won't be found, let's have another go.' He said 'All right then.'
And the same thing happened. he couldn't stand it any more, and I had to leave him there, in no-man's-land."
Alf Razzell em "The Ballad Of Bill Hubbard" - "Amused To Death"


Para quem não percebe inglês, Alf Razzell encontrou Bill Hubbard com feridas mortais e tentou levá-lo às suas costas ao longo das trincheiras, com a esperança do salvar. Mas as dores por que Bill passava eram insuportáveis e este obrigou Alf a deixá-lo ali, a morrer, em terra de ninguém.

"[Alf:] Years later, I saw Bill Hubbard's name on the memorial to the missing at Aras.
And I...when I saw his name I was absolutely transfixed; it was as though he...he was now a human being instead of some sort of nightmarish memory of how I had to leave him, all those years ago.
And I felt relieved, and ever since then I've felt happier about it, because always before, whenever I thought of him, I said to myself, 'Was there something else that I could have done?'
And that always sort of worried me. And having seen him, and his name in the register - as you know in the memorials there's a little safe, there's a register in there with every name - and seeing his name and his name on the memorial; it sort of lightened my...heart, if you like."
[woman:] "When was it that you saw his name on the memorial?"
[Alf:] "Ah, when I was eighty-seven, that would be the year, ninete...eighty-four, nineteen eighty-four."
Alf Razzell em "Amused To Death" - "Amused To Death"


Ainda estou para perceber qual é, afinal, o fundamento de mandar os homens de um país para a morte num campo de batalha.
Se no fim de qualquer guerra os generais se sentam à mesa e chegam a um acordo, porque é que não fazem isso antes da guerra?

sexta-feira, 11 de julho de 2014

Roger Waters - "Amused To Death"

"No tears to cry, no feelings left. This species has amused itself to death."


Depois de falar nos Pink Floyd de David Gilmour (na prática, é isto) e de Richard Wright, chega a vez de Roger Waters.

Eu sei, nos últimos tempos tenho batido muito no tio Roger aqui no blog e ainda não dei a devida atenção à sua obra a solo. Mas isso não quer dizer que não goste dele.
Falar em Roger Waters é falar num dos maiores génios da história do Rock, criador dos álbuns conceptuais mais superlativos algumas vez gravados. É da cabeça deste génio criativo que saíram as ideias (não necessariamente toda a música) que resultariam em "The Dark Side Of The Moon", "Animals" e "The Wall". Não é de somenos.

Roger Waters é, de facto, um génio criativo. O problema de Roger é que o título de génio criativo lhe foi atribuído... por ele próprio. Reza a História que esta auto-indulgência pode ser extrapolada toda a sua personalidade.
Para ser friamente honesto, Roger era - pelo menos até há bem pouco tempo - o tipo de pessoa com quem nenhum de nós gostaria de se cruzar.
Se há um adjectivo que vemos repetidamente atribuído a Roger, esse será o de Prick (tradução livre: anormal/idiota/cabrão). "Roger is a prick", disse um dia David Gilmour, para explicar porque é que não falava com ele há 15 anos. "Just another prick in the wall" (esta tem piada), chamou-lhe recentemente este colunista, devido às suas posições anti-Israel.
Eu sou mais simpático e chamar-lhe-ia o maior egomaníaco da história do Rock, com tanto de mérito, como de idiota. Não poderá ter sido fácil trabalhar com ele, especialmente na sua fase mais obnóxia, durante a 2ª metade da década de 70 e 1ª da década de 80.

Foram precisos muitos anos para amansar a fera. Só recentemente parece ter enterrado o machado de guerra com David, tendo até marcado presença num evento de caridade promovido por Gilmour, favor que este retribuiu ao aparecer num concerto de Roger, para uma lendária rendição de "Comfortably Numb".

Mas o facto de eu o criticar e de até me pôr ao lado dos seus companheiros dos Pink Floyd devido à sua personalidade detestável, nada disso significa que eu não me identifique com o que escreveu Roger. Porra, se há alguém que conseguiu pôr em disco os meus medos, os meus dilemas e as minhas lutas internas, esse alguém é Roger Waters (e Bruce Springsteen, obviamente).

E ainda assim, nunca dediquei grande atenção à obra a solo de Roger Waters aqui no blog. Poderia ser obra do acaso, mas não é. O problema é que a obra a solo de Roger não é assim tão boa quanto isso.

Em meados dos anos 80, Waters estava deserto por se ver livre dos restantes membros dos Pink Floyd, por achar que eles já não contribuíam nada para as suas criações. Saiu assim dos Pink Floyd em 1984, alegando que estes eram já uma "força esgotada" (estou a citar) e ingenuamente presumiu que a banda tinha terminado, por não fazer sentido sem a sua presença. A vaidade sair-lhe-ia cara, uma vez que o futuro provaria que não poderia estar mais enganado e os Pink Floyd lançariam mais 2 3 álbuns de grande sucesso.

Se houve alguém que sofreu com a separação dos Pink Floyd, esse alguém foi Roger Waters. Sem David Gilmour, sem Richard Wright, músicos que ele considerou dispensáveis e esgotados, as ideias de Roger nunca mais puderam ser materializadas em música que o público quisesse ouvir.
Roger foi buscar Eric Clapton, Jeff Beck e Andy Fairweather Low para fazer de David Gilmour, mas nenhum deles tapou os buracos que ele próprio abrira com o seu ego. Uma pena. E por que não, uma lição para a vida de todos nós.

Nesta matéria eu falo à vontade, uma vez que a discografia de Roger Waters foi a primeira que eu conheci a fundo, de todos os membros dos Pink Floyd a solo.
No meu top de álbuns a solo dos Pink Floyd (vá lá, não façam essa cara, é óbvio que eu tenho isto categorizado e ordenado), em primeiro vêm "On An Island" de David e "Wet Dream" de Rick, quase ex aequo e só depois surge "Amused To Death" de Roger.



"Amused To Death" é o 3º álbum a solo de Roger Waters (o 4º, se contarmos com a colaboração com Ron Geesin em 1970) e o último a ser lançado até hoje; já remonta a 1992, já lá vão 22 anos.

Esqueçam as melodias. Em "Amused To Death", elas são inexistentes, ou estão tão difusas na quantidade torrencial de efeitos sonoros (explosões, comentadores, telefones, entrevistas, etc etc), que são praticamente imperceptíveis. Valham-nos um Jeff Beck e um Patrick Leonard em grande forma, que nos vão dando alguns laivos de musicalidade aqui e ali.

Na maior parte do tempo, o tio Roger tem coisas para dizer e quer que vocês ouçam. Estamos no início dos anos 90 e a televisão assume um papel mais importante que nunca na sociedade.
Guerra do Golfo é transmitida em directo para grandes audiências, Roger Waters não concorda e, como não poderia deixar de ser, quer falar sobre isto. Mais uma vez, muita política.

"Amused To Death" marca o culminar de um ciclo que começou em "The Wall", continuou em "The Final Cut" e prolongou-se pela discografia a solo de Waters ("The Pros And Cons Of Hitchicking" e "Radio K.A.O.S."), ciclo esse que eu chamo de purificação de Waters (grande trocadilho). À medida que Roger foi ganhando poder, a sua música foi ficando cada vez mais insípida, com cada vez mais foco nas palavras e menos (ou nenhum) na melodia.

Faltam as melodias, mas isso não significa que este álbum não seja capaz de nos tocar. E mais: que este não seja um grande álbum; que é. Mas poderia ser muito melhor e esse é que é o problema.

quinta-feira, 10 de julho de 2014

Richard Wright - "Mediterranean C"



Parece que é desta: o Verão está aí em força. Já não era sem tempo.
Como tal, hoje vou falar de um dos meus álbuns de Verão preferidos. O álbum dá pelo nome de "Wet Dream" e é o álbum de estreia de Richard Wright - esse mesmo, o teclista dos Pink Floyd.

Fazendo um trocadilho com a língua inglesa, diria que "Wet Dream" shows the Wright way; isto é, o álbum mostra a forma de fazer música segundo Richard Wright. Aqui não há espaço para poesia profunda e confessional, ou histórias de vida e de sofrimento. Pode-se dizer que é o antagonismo do que é a música, por exemplo, segundo Roger Waters. Pode-se dizer também que estes dois estilos são, no fundo, complementares; e que por isso é que a música dos Pink Floyd resulta tão bem. Mas isso é outra discussão.


"Wet Dream" é um álbum num registo mais Jazz-Rock, com forte carga instrumental: dos 10 temas, 6 são instrumentais e 4 têm (lindíssimas) faixas vocais de Rick. Aqui, tudo é melodia, tudo é ambiance, tudo nos sugere a calma e o azul do céu e o azul do mar (ui, daqui a pouco temos aqui o André Sardet).
"Wet Dream" é o típico álbum de música ambiente, que nos permite desligar o cérebro da música, concentrar a nossa atenção na paisagem (ou no meu caso - no trabalho) e desfrutar das pinturas melódicas que nos entram pelo ouvido.

É verdade: Richard vai cantando umas coisas de vez em quando e a sua voz soa lindamente. "I don't want to fight no more tonight.", suspira Wright em "Agaisnt The Odds" (não confundir com a balada de Phil Collins). Ok, é um tema que ele terá escrito quando estava chateado com a mulher, mas dificilmente se qualifica como poesia confessional como a que estamos habituados a ouvir com os Pink Floyd (escrita por Waters, naturalmente). Mas nada disso importa; na verdade, pouca é a atenção que damos ao que Richard canta. Imediatamente somos absorvidos pelos longos solos de guitarra, de saxofone, de teclado, ou de flauta. Como disse em cima, aqui, o ambiance é tudo.

A história de "Wet Dream" é simples e sem especial interesse. Depois da digressão de "Animals" (In The Flesh Tour de 1977) e dos seus percalços, os sumos criativos dos membros Pink Floyd estavam em alta. Enquanto Roger Waters pensava e criava o conceito do próximo álbum da banda ("The Wall"), David Gilmour concentrou-se no seu primeiro álbum a solo (o homónimo "David Gilmour" sairia em 1978) e poucos meses depois, Richard Wright lançaria também o seu primeiro trabalho em nome próprio - "Wet Dream".
O problema desta dispersão de atenções foi que (como o próprio Roger se queixou - e com razão), os sumos de David e Rick secaram e quando chegou a altura de gravarem "The Wall", era muito pouco o material que tinham para trazer para cima da mesa dos Pink Floyd. Mas isso é outra discussão ainda.

No fundo, "Wet Dream" foi um esforço solitário de Wright, que escreveu música e letra (quando aplicável) para todas as composições, menos para "Against The Odds", que escreveu em conjunto com (adivinhe-se) a sua mulher.
O álbum foi virtualmente ignorado na altura, não entrando sequer nas tabelas dos mais vendidos. Com o tempo, ganharia alguma reputação nos círculos dos fãs dos Pink Floyd, sendo hoje bastante difícil de encontrar (eu que o diga, que só tenho a versão em CD), uma vez que está há muito descontinuado.

Richard Wright tem estado na ordem do dia, devido ao novo álbum dos Pink Floyd que aí vem e que conta com as suas últimas gravações. Tal como "Wet Dream", espera-se que "The Endless River" tenha forte carga melódica e seja essencialmente instrumental. Assim, se queremos antecipar como poderá ser o álbum que nos chegará no final do ano, a melhor aposta deverá ser ouvir "Wet Dream" e este "Mediterranean C".

segunda-feira, 7 de julho de 2014

Pink Floyd - "Coming Back To Life"

"I took a heavenly ride through our silence
I knew the moment had arrived
For killing the past and coming back to life"
Hoje era para vos vir aqui falar de um fim-de-semana épico, onde tive o privilégio de presenciar um serão de concertos com Soundgarden e Black Sabbath, no Hyde Park em Londres, que entrou directamente para as noites mais gloriosas da minha vida.

Mas não.

Tudo o que se passou em Hyde Park foi pulverizado pela notícia que recebi quando estava a caminho de casa, sentado no piso superior de um qualquer autocarro londrino, às 3 e 40 da manhã de Sábado:

Os Pink Floyd vão lançar um novo álbum!!!

Repito:

OS PINK FLOYD VÃO LANÇAR 
UM NOVO ÁLBUM!!!

É verdade. Isto deve ser a melhor notícia de sempre, desde que Rui Costa foi apresentado no Benfica no Verão de 2006.
Quem diria? Eu não poderia imaginar uma coisa destas, de certeza.
Bem, na verdade, até já tinha pensado que seria possível fazer este álbum, mas nunca pensei que se concretizasse. Mas já lá vamos.

Antes de mais, vamos aos factos que já conhecemos.
Tudo começou com um tweet de Polly Samson, esposa de David Gilmour e co-letrista da banda no (fabuloso) álbum "The Division Bell":

Estava assim confirmado o regresso à vida dos Pink Floyd.



E estava também desvendado o mistério desta fotografia, que apareceu na internet no início deste ano pela mão de Durga McBroom (que faz backing vocals nos Pink Floyd desde a segunda metade dos anos 80) e que fazia adivinhar um novo álbum a solo de David Gilmour. Esse álbum a solo vai chegar mas, na melhor das hipóteses, só lá para 2015.


De repente, a internet entrou em histeria. E não era para menos.
20 anos depois de "The Division Bell", numa altura em que todos os fãs já davam como certo o fim da banda, aparece este oásis. Aliás, não é um oásis, mas sim um rio - um rio sem fim.
A história de "The Endless River" é contada em vários actos, em diferentes períodos temporais. Fica então aqui a história, conforme vista por mim.

O 1º Acto de "The Endless River" remonta às sessões de gravação de "The Division Bell", em 1993/1994. Na altura, Nick Mason confessou que a banda tinha gravado material suficiente para 2 álbuns, sendo que o primeiro lote fora lançado em "The Division Bell" e o segundo consistia em material instrumental, nascido de improvisações dos Pink Floyd no estúdio, o qual baptizou de "The Big Spliff". Algumas dessas improvisações devem aparecer na compilação de outtakes em baixo:



Nick revelou que a banda tinha intenção de lançar "The Big Spliff", mas o projecto nunca foi para a frente e desde então que os fãs dos Pink Floyd viveram aguados com este lote de instrumentais.
A única fracção que se pensa fazer parte deste projecto e que viu a luz do dia foi uma colagem de sons com mais de 20 minutos de duração, que os Pink Floyd usavam para abrir os seus concertos na digressão de "The Division Bell".
"Soundscape" - como foi adequadamente baptizado - seria mais tarde incluído na versão cassette do álbum ao vivo "PULSE", lançado em 1995. Para vossa curiosidade, fica também aqui:



Entretanto, foi recentemente anunciada uma caixa de luxo de "The Division Bell" (que me chegou hoje às mãos - oh happy days!) e parecia ser a oportunidade perfeita para "The Big Spliff" ser finalmente libertado. Mas para desgosto dos fãs dos Pink Floyd (e meu, obviamente), that was not to be*.
*gosto sempre de citar Take That num post.

Em todo o caso, a caixa de "The Division Bell" é um filão de tesouros e é para mim o produto musical mais perfeito desde o duplo DVD "Queen Live At Wembley Stadium", lançado em 2003 (um dia falarei disso).
Deixo-vos aqui algumas imagens desta maravilha:




Passemos então para o 2º Acto de "The Endless River".
Quando Richard Wright morreu em 2008, sabendo da sua importância para a sonoridade dos Pink Floyd e da sua forte amizade com o líder da banda - David Gilmour, ficou claro para mim que os Pink Floyd tinham acabado oficiosamente naquele dia.
No entanto, houve uma revelação no dia da sua morte que me despertou o interesse: Wright passara os últimos meses da sua vida a gravar material novo, para um álbum instrumental. Neste cenário, seria expectável que este material fosse entregue a David - amigo e companheiro musical de sempre de Rick.
Mas o que poderia fazer David com este material? Terminar, sozinho, um álbum "a solo" de Richard Wright? Incorporar o material de Richard no seu próprio disco a solo? Não fazia muito sentido. E restaurar os Pink Floyd, para uma última homenagem a Rick? Isso já fazia mais sentido. Mas não, não podia ser; afinal, David fazia sempre questão de ser peremptório na resposta negativa à questão do regresso dos Pink Floyd.
Entretanto, fez-se silêncio.

O 3º Acto desta história teve lugar desde há um ano para cá, no estúdio particular de David Gilmour, quando este decidiu finalmente pegar no material de "The Big Spliff" e (presumo eu) nas restantes gravações deixadas por Richard Wright e dar-lhe forma, para um álbum de despedida, agora sim, dos Pink Floyd.

Originalmente, "The Endless River" estava para ser um álbum instrumental de música ambiente, seguindo a linha temática de "The Big Spliff". No entanto, desde há um ano que David Gilmour e Nick Mason têm feito overdubs nas gravações originais, acrescentando faixas vocais em pelo menos um dos temas (o que está a ser gravado na foto de estúdio em cima).

Como seria de esperar, Roger Waters não estará presente em "The Endless River". E não é porque Roger não queira, mas sim porque David não está interessado.
É pena, mas é melhor assim. Senão vejamos: o último laivo de musicalidade de Roger Waters já remonta a 1979 ("The Wall") e o seu último álbum data de 1992 ("Amused To Death" foi lançado há 22 anos). Por muito que eu goste dele e admire o seu trabalho passado, ele dá mostras de estar criativamente terminado (embora adorasse ser provado do contrário, com aquele álbum a solo de Roger que nunca mais aparece).
Desde então, Roger deixou-se inebriar pela política, mas especializou-se na recriação de grande obras suas do passado. Nisso, faça-se justiça, ele é mestre.

Por outro lado, embora muito menos profícuo que no seu auge, David Gilmour vai fazendo uma gestão inteligente da sua carreira e lançando álbuns muito bons (como o "On An Island", a solo, em 2006), ou excelentes (como "The Division Bell" em 1994).
Isto não significa que eu não gostasse de os ver juntos novamente, mas a verdade é que é extremamente improvável.

Nesta altura, não se sabem ainda mais detalhes, mas o álbum já foi confirmado oficialmente para Outubro deste ano, esperando-se mais novidades no fim do Verão, provavelmente no que diz respeito à capa e aos formatos em que será lançado.
A minha aposta, a avaliar por aquilo que ouvi em "The Division Bell" e "On An Island", é que "The Endless River" vai ser um álbum do caralhão.

Para já, o tempo é de alegria. Venha então daí "The Endless River", que eu entretanto vou me entretendo com a edição de luxo do meu álbum preferido dos Pink Floyd de sempre. "Ah, mas como é que podes dizer isso? O Roger Waters nem está nesse álbum!" Olhem para a minha cara de preocupado:


"I took a heavenly ride through our silence
I knew the waiting had begun
And headed straight...into the shining sun"