sábado, 13 de abril de 2013

Beady Eye - "Flick of the Finger"

"The future gets written today."


Liam Gallagher está de volta e desta vez, chega ao som das trompetes. "Flick Of The Finger" é a primeira amostra de "BE" - o novo álbum dos Beady Eye, que chegará às lojas no dia 10 de Junho.

Eu ouvi e gostei. "Flick Of The Finger" é diferente do que os Beady Eye mostraram em "Different Gear, Still Speeding". No 1º álbum, os Beady Eye trouxeram-nos um Rock muito straight-forward, revivalista dos primeiros anos dos The Who, dos Stones e claro, dos The Beatles.
Para além disso, também senti que "Gear" era muito pouco consistente. Se a 1ª parte do álbum era muito forte ("Four Letter Word", "Millionaire", "Beatles And Stones" e "Wind Up Dream" são faixas que poderiam figurar num bom álbum dos Oasis), chegado à 2ª parte (depois de "Standing On The Edge Of The Noise"), já tinha perdido o interesse por completo.

Veremos então o que nos traz "BE". Para já, a impressão que tiro da sua primeira amostra é que o álbum vai ser diferente, mais psicadélico, na linha do que os Oasis fizeram no seu último álbum "Dig Out Your Soul", que eu adorei.



Parece que Liam cumpriu o que tinha prometido a dois rapazes que o conheceram à porta de um estúdio em Brockenhurst:
"It's like rock 'n' roll fired out into space. If you're into drugs you'll like it.
It's pretty druggy."


Liam fez também questão de reiterar a sua vontade em fazer as coisas "como deve ser" desta vez:
"We'll be out in a few months. We're playing festivals, bar mitzvahs.
We've got to make it right this time, last time was a bit fucking stupid."
Um aparte: notem a simpatia do Liam para com os rapazes; notem a falta do pretensiosimo que lhe é imputado, quando é interpelado na rua por dois fãs, em vez de papparazis esfomeados de escândalos.
O maior.

Voltando à música.
A vontade de Liam mudar o paradigma dos Beady Eye é evidente. Para isso, recrutou o produtor David Sitek, que também já classificou o álbum de "trippy". É música para os meus ouvidos.

Sitek também elogiou a voz de Liam Gallagher e a sua facilidade em cantar, referindo que "basta ligar o microfone e pronto! Não é preciso processar a faixa vocal de maneira nenhuma, aquilo soa como um disco".
Percebem agora a diferença entre um cantor a sério e os "artistas" que precisam de passar a sua voz por filtros, auto-tunes e vocoders, para gravarem um disco? Ouçam aqui a faixa vocal de Liam. Poderoso.

Por seu lado, Liam também elogiou Sitek, afirmando que ele é "o melhor produtor com quem já trabalhei, um verdadeiro fora-da-lei!". Acrescentando que o álbum "não tem nenhuma das tretas dos 90's", curiosamente a época dourada de Liam nos Oasis. Liam quer mesmo um corte com o passado.

De facto, "Flick Of The Finger" é diferente. E é diferente, em bom.
O tema rejeita a estrutura corrente dos temas dos Oasis, não tendo um refrão que possamos entoar de peito cheio e braço de volta do nosso melhor amigo. Em vez disso, os Beady Eye foram buscar uma recitação radiofónica de um revolucionário francês do Século XVIII, para rematar o tema:
"Don't be deceived when our revolution has been finally stamped out and they pat you eternally on the shoulder and say that there's no inequality worth speaking of and no more reason for fighting.
Because, if you believe them, they will be completely in charge, in their marble homes and granite banks, from which they rob the people of the world, under the pretense of bringing them culture.
WATCH OUT, for as soon as it pleases them, they'll send you out to protect their gold in wars whose weapons, rapidly developed by servile scientists, will become more and more deadly... until they can, with a FLICK OF THE FINGER, tear a million of you to pieces."
Jean-Paul Marat (filósofo, jornalista, político e cientista do Século XVIII)

Brutal. "Flick Of The Finger" está a tocar aqui em repeat há 3 dias e ainda não me cansei.
Venha de lá esse "BE".