segunda-feira, 30 de junho de 2014

Black Sabbath - "Sweet Leaf"

"ALRIGHT NOW! Won't you listen?"


Há um ditado popular que refere que "as pessoas entram na nossa vida por uma razão". Pela minha experiência, aprendi duas coisas sobre os ditados populares: batem sempre certo e há sempre um segundo ditado que contradiz o primeiro.
Não sei se as pessoas entram na nossa vida por alguma razão ou não, até porque (cada vez mais) acredito na ordem caótica das coisas e dos acontecimentos que sucedem no nosso quotidiano; mas sei que há música que entra na minha vida em determinados momentos e que... me salva.
"When I first met you, I didn't realize I can't forget you, for your surprise.
You introduced me to my mind and left me wanting, you and your kind"
Estes versos que compõem a introdução de "Sweet Leaf" poder-se-iam referir à entrada da música dos Black Sabbath na minha vida. Contudo, como o nome pode deixar escapar, refere-se à entrada da erva na vida dos membros dos Black Sabbath. Close enough.



"Sweet Leaf" é o tema de abertura do álbum "Master Of Reality" - o 3º álbum dos Black Sabbath e o mais pesado da sua discografia. Foi o álbum que cimentou a posição da banda como a banda mais pesada da sua geração.
“I remember saying to Tony [Iommi]:
"Did you hear how heavy that Led Zeppelin album sounded?" 
Without missing a beat, he replied:
"We’ll be heavier."
Ozzy Osbourne em "I Am Ozzy"

A música dos Sabbath tem algo de único. A aura mística, pesada e sombria que a banda carrega trouxe-lhes tanto de sucesso como de problemas.
No início dos anos 70, uma enfermeira foi encontrada morta nos seu quarto, com o álbum "Paranoid" (o 2º da banda) ainda a tocar no gira-discos. Estalou a polémica.
A banda foi acusada de ser responsável pelo suicídio, devido ao conteúdo satânico da sua música e o caso foi mesmo para tribunal. A banda foi absolvida, mas a nuvem das trevas satânicas nunca deixaria de pairar sobre os Sabbath.

Mas que raio. Poderão então ser os Black Sabbath - esses vis mandatários satânicos - uma banda curandeira? Como pode então esta banda pesada e (presumivelmente) satânica servir de bálsamo para alguém? Pode, se esse alguém estiver de costas voltadas para o Mundo.
Os Black Sabbath são a banda sonora perfeita para quem está a percorrer a sua própria via sacra. A música dos Sabbath alivia o peso nos ombros do ouvinte, atira a sua bagagem borda fora.

A falecida lenda do saxofone da E Street Band - Clarece The Big Man Clemons - refere no documentário "Wings For Wheels", que quando um fã lhe disse que o solo de saxofone de "Jungleland" lhe tinha salvo a vida, Clarence achou que o seu trabalho estava feito.
Tony: pela minha parte, considera o teu trabalho feito.

Não deixa de ser apropriado que os Black Sabbath tenham entrado na minha vida neste ano e que neste ano me tenha sido dada a oportunidade de os ver ao vivo em Londres, no Hyde Park, num cartaz de sonho, com os Soundgarden a abrir.


Lá estarei, já na 6ª feira. Para atirar a minha bagagem borda fora.