quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Stereophonics - “Maybe Tomorrow”

"Maybe tomorrow I'll find my way home"



Confesso que não sou um conhecedor profundo da obra dos Stereophonics. Confesso até que, daquilo que conheço, a minha opinião é “isenta”, isto é, nunca ouvi nada que deliberadamente não gostasse, mas também nunca me levou a comprar um álbum. É um sentimento que tenho para com outras bandas Britpop/Britrock dos late 90's, como é o caso dos Travis, dos Suede, ou dos Pulp, só dando alguns exemplos. Gosto do material, mas nunca me apaixonei. Talvez com o tempo...


Com o tema “Maybe Tomorrow”, a história já é diferente.
“Maybe Tomorrow” foi lançado em 2003, como o 2º single do álbum "You Gotta Go There To Come Back" (chegou ao nº3 no Reino Unido) e conquistou-me desde a primeira audição.

O tema é excelente, em todos os níveis. Em primeiro lugar tem um grande solo de guitarra, o que desde o início dos anos 00 parece ser cada vez mais raro nas bandas Pop/Rock. É como que se os guitarristas se acobardassem e ganhassem medo de arriscar um solo num tema que possa passar na rádio. Aqui não há medo. Há um grande solo.
Liricamente, o tema retrata a luta interna de identidade que todos travamos em certo ponto na nossa vida: “Maybe tomorrow I’ll find my way home”. Quem é que não se identifica com isto?

A minha apreciação por “Maybe Tomorrow” cresceu ainda mais quando vi o filme “Crash”, onde o tema foi utilizado na cena final, assentando que nem uma luva na coda do filme.
Notem que o vídeo que aqui deixo é a versão completa do videoclip e por isso a música só começa lá para o segundo 1:30.

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Gary Moore - "Still Got The Blues"

"So long, it was so long ago... but I still got the blues for you"



Esta semana foi-se mais um dos Grandes.
Foi no último Domingo que Gary Moore sofreu um ataque cardíaco fatal, quando se acabara de instalar num Hotel na Costa do Sol, em Espanha. Gary Moore tinha 56 anos e foi cedo. Nunca tive oportunidade de o ver...

Como sempre acontece com os grandes artistas, eles vêm e vão, mas deixam a sua marca. No caso de Gary Moore, essa marca ficou vincada em diversos lugares, em especial nos Thin Lizzy, uma das mais aclamadas bandas Glam Rock do Reino Unido.

No seu texto de tributo a Gary Moore, Roger Taylor - o baterista dos Queen - descreve-o como um "virtuoso", um "guitarrista dotado de uma velocidade estonteante" e "especialista em sequências de staccato". Um "Star Player".

Contudo, o grande predicado de Gary Moore era mesmo o Blues. Era algo que lhe estava no ADN. Influenciado por referências do Blues como John Lee Hooker ou B.B. King (com quem chegou a partilhar o palco), Gary Moore trouxe o Blues para o Rock, usando a lendária guitarra Gibson Les Paul.


Para mim, o seu momento alto foi em 1990, quando regressara a um registo mais próximo das suas raízes do Blues, com o tema (e álbum do mesmo nome) "Still Got The Blues".
Que balada. É impossível resistir ao riff deste tema.
"Still Got The Blues" será para sempre recordado, seja nos programas nocturnos da Rádio, seja nos anúncios da Televendas a compilações de Blues. É um tema que perdurará muito tempo e assim será com o seu nome.

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

David Bowie - "Stay"

" "Stay" - that's what I meant to say or do something,
But what I never say is "stay this time"
I really meant to so badly this time...
'Cause you can never really tell when somebody wants something you want too"



Descobri o álbum no final do ano passado e já é um dos meus preferidos. De sempre.
Falo de "Station To Station", o álbum de 1976 de David Bowie, que marca a transição para uma nova fase da sua carreira. Aliás, se há uma caracterização que faz sentido para este álbum é precisamente dada pelo seu nome... "estação para estação". Bowie faz a viagem da "estação" do Soul de "Young Americans", para a "estação" da Electronica da Trilogia de Berlim ("Low", ""Heroes"" e "Lodger"). E que viagem...


"Station To Station" apresenta solidez notável, muito difícil de encontrar num álbum. Entenda-se por "solidez", uma bitola de qualidade que é estabelecida no início do álbum e que até ao fim nunca é violada.
Esta é uma característica muito rara, uma vez que, por uma razão ou por outra, normalmente todos os álbuns têm pelo menos um tema que destoa no nível de qualidade dos restantes. É verdade que "Station To Station" tem apenas 6 temas, o que não deixa muito espaço a lixo, mas isso não significa que este álbum deixe de ser um exercício de solidez assinalável.

Neste caso, "solidez" não significa falta de risco, ou falta de ambição, ou "mais do mesmo".
Muito pelo contrário.
Perdido entre as fases Soul e Electronica de David Bowie, o álbum "Station To Station" é um improvável cocktail explosivo de tudo isto, com uma pitada de Funk e um topping dado pelo regresso de uma forte componente Rock, ausente desde "Diamond Dogs". Esta componente Rock, conjugada com o estado emocional periclitante de Bowie, confere um edge único a este álbum.
É arrepiante ouvir a carga emocional que David Bowie imprime à sua voz em temas como "Wild Is The Wind" ou "Word On A Wing". O que ouvimos neste álbum não tem qualquer paralelo em toda a sua carreira.

Quanto à saudada forte componente Rock que falei, ela está presente em temas como "Station To Station" e este fabuloso "Stay", que se tornou num dos meus temas preferidos de David Bowie.
Com um riff electrizante (lembrem-se do riff Disco de "Another Brick In The Wall - Part 2", criado por David Gilmour uns anos mais tarde... Coincidências?), um "cheirinho" de Funk e um solo que parece perdurar para sempre, "Stay" é o momento Disco Rock do álbum e marca também aquele que é, na minha opinião, o ponto alto da colaboração do guitarrista Carlos Alomar com David Bowie. No vídeo em baixo, Bowie apresenta o Thin White Duke na TV americana com uma performance ao vivo deste tema:



Diversidade. Intensidade. Solidez. Qualidade. São estes os 4 predicados que caracterizam "Station To Station" e o colocam lá em cima, no restrito lote dourado da longa carreira de David Bowie.

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

The Jacksons - "Blame It On The Boogie"

"I just can't... I just can't... I just can't control my feet!"



Em pleno auge da música Disco (a Disco Craze), o álbum "Destiny" dos The Jacksons foi lançado no ano de 1978, quando o filme "Saturday Night Fever" batia recordes de bilheteira e a sua banda sonora batia recordes de vendas. Para dar uma ideia do impacto do Disco na cultura popular em todo o Mundo, a banda sonora de "Saturday Night Fever" foi nº 1 nos EUA de Janeiro a Julho de 1978 e no nº 1 no Reino Unido de Maio a Setembro desse ano. Só nos EUA foram 24 semanas consecutivas à frente da tabela (24!!!), mantendo-se por lá até 1980, num período de 120 semanas! São números obscenos que ilustram o fenómeno da Disco, no seu apogeu dos late 70's.

Compreensivelmente, foram muitos os artistas que nesta época apanharam a carruagem do Disco, principalmente os artistas negros americanos (a faixa social onde teve mais influência) e os The Jacksons não foram excepção. Para o seu álbum "Destiny", a banda apostou forte no formato, com o tema "Blame It On The Boogie", um original de Mick Jackson (não relaccionado com ninguém da família Jackson).


Curiosamente, as versões de "Blame It On The Boogie" dos The Jacksons e de Mick Jackson foram lançadas em single na mesma altura, competindo por um lugar nas tabelas. A versão dos The Jacksons ganhou com naturalidade e mais recentemente, foi o próprio Mick que reconheceu que esta versão tinha a magia extra que a tornava incrível.

Neste tema, já é bastante perceptível que Michael Jackson era o elemento a despontar da família Jackson para uma brilhante carreira a solo, embora ninguém pudesse prever a dimensão do sucesso que alcançaria...
O álbum "Off The Wall" estava já ali ao virar da esquina (em 1979) e "Thriller" viria logo a seguir. Com o sucesso destes dois álbuns, principalmente de "Thriller", Michael obteria números ainda mais obscenos que a banda sonora de "Saturday Night Fever", consagrado-se, ele próprio, como o Rei da Disco.

domingo, 6 de fevereiro de 2011

George Michael - "Hard Day"

"Say yes because it's what we do best and I've had such a hard day..."



aqui expressei a minha apreciação pelas linhas de baixo dos anos 80. Foram uma das mais importantes forças motrizes da música daquela década e são também um dos responsáveis pelo seu feeling tão "dançável". Já se passaram mais de duas décadas, mas a música dos 80's ainda é aquela que mais me faz vibrar numa pista de dança.

George Michael fez uso deste elemento na sua música por diversas vezes, principalmente nos anos 80, com os Wham! e o seu primeiro álbum a solo "Faith". O responsável por muitas destas linhas de baixo foi o seu baixista de eleição Deon Estus, também um dos meus baixistas predilectos. Curiosamente, esse não é o caso de "Hard Day", tema incluído no álbum "Faith", que por estes dias foi remasterizado e relançado em formato de luxo. Em "Hard Day", George Michael toca todos os instrumentos, incluindo o baixo.


O tema é construído à volta de um loop de percussão, sobre o qual assenta uma pulsante linha de baixo. Esta é a estrutura básica de "Hard Day", introduzida pelo som de pan pipes, que criam um ambiente de ritmo e sensualidade que, na verdade, percorre todo o álbum.
Arrisco mesmo dizer que "Faith" é o álbum mais sensual que conheço. Por entre a escrita, a interpretação vocal, a instrumentação e a produção, George Michael encontrou uma forma de fazer com que a música transpirasse sensualidade. E não venham com clichés homofóbicos, até porque o próprio George Michael já confirmou que "Faith" foi concebido numa fase em que este ainda era heterossexual, ou pelo menos retrata experiências vividas nesse contexto.



O álbum "Faith" é fabuloso e merece o tratamento de luxo que lhe foi prestado recentemente. Com mais de 25 milhões de cópias vendidas (10 milhões só nos EUA) e com 7 singles de enorme sucesso (6 deles chegaram ao Top 5 nos EUA e 4 deles ao 1º lugar), é fácil perceber o sucesso estrondoso do álbum e o impacto que teve no mainstream. Infelizmente a edição de luxo é demasiado cara para o que oferece e vou apenas comprar a reedição com 2CD+DVD, altura em que darei feedback sobre a mesma.

O sucesso de "Faith" trouxe tanto de bom como de mau a George Michael e isso seria reflectido no drasticamente diferente (mas ainda melhor, na minha opinião) "Listen Without Prejudice Vol.1", o seu álbum seguinte de 1990.