sábado, 20 de novembro de 2010

Pink Floyd - "Sorrow" (Live in Venezia)

"A silence that speaks so much louder than words of promises broken"



Hoje fica aqui "Sorrow", um dos meus temas preferidos dos Pink Floyd, do álbum de 1987 "A Momentary Lapse Of Reason". O vídeo documenta um concerto histórico em 1989 na baía de Veneza, com um palco flutuante e a audiência em gôndolas.

Estima-se que, entre os milhares nas gôndolas e na Praça de S.Marcos (no lado oposto da baía) estavam 200 000 pessoas para assistir a este evento histórico. O concerto foi ainda objecto de uma mega operação televisiva, com transmissão em directo para 23 países (entre eles a URSS, a Alemanha de Leste, a Jugoslávia e... Portugal) e uma estimativa de mais de 100 milhões de telespectadores.

Apesar de congregar diferentes povos a assistir, numa época de conflitos internacionais complicados, este esteve longe de ser um evento consensual. A 2 dias do concerto, o seu cancelamento esteve iminente, devido a protestos em como as vibrações poderiam fazer estragos nos monumentos da cidade e nas fundações dos edifícios. As suspeitas confirmaram-se na ressaca do concerto e o Ministério da Cultura demitiu-se em bloco.

O Presidente da Câmara de Veneza garantiu que este seria o último evento deste tipo a ter lugar na cidade.

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Phil Collins - "In The Air Tonight"

"The hurt doesn't show, but the pain still grows... it's no stranger to you or me!"



Dizer que Phil Collins foi um dos melhores bateristas da sua geração é redutor, para descrever o impacto de Phil, como artista.

Phil foi pioneiro de vários estilos diferentes e influenciou os colegas de instrumento como muito poucos o fizeram. Foi pioneiro no estilo progressivo nos anos 70 (o seu álbum de estreia nos Genesis - "Nursery Crime" - é uma pérola no que à bateria diz respeito), onde usou o seu único sentido melódico para criar um estilo muito próprio.

Foi também pioneiro no estilo no cymbals (isto é: sem pratos) dos anos 80, que ele próprio inventou em conjunto com Peter Gabriel e Hugh Padgham. Em 1979, Peter procurava uma nova sonororidade para a bateria no seu álbum "Melt" e convidou o "mestre" para uma participação especial no seu disco. Sem saber, Phil Collins inventara um estilo que marcaria toda a música dos anos 80 (nomeadamente as famosas "power ballads") e a primeira amostra disso seria com o seu smash hit "In The Air Tonight".

Mas não foi só na bateria que PC foi genial... Quando saltou para o microfone em 1976 deu aos Genesis uma nova vida, universalizou a banda com êxitos atrás de êxitos e ainda teve tempo para embarcar numa carreira a solo de que poucos se podem orgulhar.

É claro que isto foi feito através de uma mudança de estilo, mas alguém esperaria álbuns progressivos no mainstream dos anos 80 ou 90? Nem o próprio Peter Gabriel voltou ao Prog.
Na minha opinião, a música pode ser "Pop" e ter qualidade e os Genesis são a prova disso mesmo.

Espero com isto transmitir que o aspecto técnico na música não é tudo, nem sequer é o mais importante. Os The Beatles iniciaram a sua carreira com temas com 3 acordes e não é por isso que são maus. Como em tudo, há pop boa e má, como também há rock progressivo bom e mau.
A música é um veículo de emoções e Phil tem o ónus de ter conseguido ao longo da sua longa carreira utilizar esse veículo de diversas formas.

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Roger Waters - "5:06 AM - Every Stranger's Eyes"

"I recognize myself in every stranger's eyes"



Depois do megalómano projecto "The Wall" e do álbum de despedida "The Final Cut", Roger Waters saiu dos Pink Floyd, na certeza de que os restantes elementos não teriam condições para continuar com a banda. A história provaria que Waters estava enganado...
Foi então que Waters embarcou num ambicioso projecto a solo, o mesmo que tinha sido dado a escolher aos Pink Floyd em detrimento de "The Wall": "The Pros and Cons of Hitch Hiking". Uma vez que o conceito tinha sido rejeitado pelos Pink Floyd, tornou-se no 1º álbum a solo de Roger Waters em 1984.

Este álbum narra um sonho de um homem em tempo real, entre as 04:30 e as 05:12. Para tentar colmatar a ausência de David Gilmour, Waters convidou Eric Clapton para a guitarra no álbum e na digressão subsequente. Mas nem assim o álbum teve grande sucesso... O álbum é muito "morno", sendo frequentemente apelidado entre os fãs como uma snoozefest.
Apesar de tudo, mesmo estando longe de ser um dos pontos altos da carreira de Roger Waters, gosto bastante do álbum e fica aqui o meu tema preferido: "5:06 AM - Every Stranger's Eyes".

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Tears For Fears - "Advice For The Young At Heart"

"While they play mothers and fathers, we play little boys and girls... When we gonna make it work?"



Hoje termino o dia com uma das minhas músicas "light" preferidas: Tears For Fears com "Advice For The Young At Heart" do álbum "The Seeds Of Love" de 1989.

Os TFF sempre foram um mistério para mim: uma banda com vários álbuns fabulosos e que no entanto são amplamente conhecidos como "Two Hit Wonders", devido ao sucesso com os dois singles mais populares do álbum "Songs From The Big Chair" de 1985: "Shout" e "Everybody Wants To Rule The World". De facto, este álbum é excelente e estes dois temas são peças fulcrais que moldaram a FM nos 80's. Mas a verdade é que os TFF são muito mais para além disto.

Talvez porque nunca foram uma banda preocupada com a promoção da imagem, não obtiveram a promoção que outros conseguiram, com muito menos qualidade (à cabeça vêm os Culture Club de Boy George, por exemplo), uma vez que os TFF "apenas" tinham a sua música para vender. A verdade é que os TFF lançaram nos anos 80 três álbuns muito bons e estilisticamente distintos. Se "The Hurting" foi um álbum severamente integrado no Synth Pop e no New Wave (com uma fortíssima carga emocional e depressiva) e "Songs From the Big Chair" foi uma evolução natural para o Pop Rock mais mainstream e alegre, em "The Seeds of Love", Roland Orzabal diz que "para criar, muitas vezes tem que se destruir e começar de novo". E isso dá a "Seeds" uma sonoridade completamente diferente de "Big Chair" e "The Hurting". É um álbum mais maduro, mais orgânico, mais cuidado na produção (só o loop de bateria em "Badman's Song" demorou 15 dias consecutivos a editar) e mais eclético. Mas nem por isso teve mais sucesso que os anteriores.

O problema é que "Seeds" foi editado 4 anos e 1 milhão de libras depois de "Big Chair", numa altura que a banda já tinha perdido o seu momentum. A descolagem do estilo de "Big Chair" também não ajudou e por isso o público não aderiu tão massivamente como no álbum anterior, atingindo "apenas" a platina em ambos os lados do Atlântico, contra a quíntupla platina nos EUA e tripla platina no Reino Unido de "Big Chair".

Voltando a "Advice", este é o tema mais alegre de "The Seeds Of Love", o único interpretado por Curt Smith neste álbum. Curt sentiu-se marginalizado na produção do álbum e na sequência de antigos conflitos com Roland Orzabal, acabaria por sair da banda e enveredar por uma carreira a solo.

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Joe Cocker with the Mad Dogs & Englishmen - "The Letter" (Live in 1970)

"Give me a ticket for an aeroplane"



Na ressaca do sucesso no festival de Woodstock em 1969 e principalmente da sua cover dos The Beatles "With A Little Help From My Friends", Joe Cocker tornou-se um fenómeno nos EUA. Porém, ao experimentar o sabor da fama, perdeu a vontade de continuar e dissolveu a The Grease Band, a banda que o ajudou a encontrar o sucesso.


O problema é que nesta altura o seu agente já tinha marcado uma digressão de 50 datas nos EUA, pelo que Joe Cocker teve que juntar uma nova banda rapidamente. Foi aí que nasceram os "Mad Dogs & Englishmen", uma banda com mais de 30 (!!!) músicos que durante 2 anos percorreu os EUA com uma mistura de Rock e Soul completamente nova para a altura. Relembro que estávamos em 1969 e o Rock estava só a entrar na adolescência...

Fica aqui "The Letter", um grande tema, original de Wayne Carson Thompson, que foi nº1 nos EUA em 1967 para a banda Soul Box Tops. Aqui, o tema é reinventado por Joe Cocker e a sua banda Mad Dogs & Englishmen.

Em baixo, Joe Cocker junta na mesma banda alguns dos meus heróis para a interpretação deste tema: Phil Collins na bateria, Brian May na guitarra. A actuação teve lugar na Prince's Trust Rock Gala de 1988, que nos anos 80 juntava todos os anos a nata do Rock para um concerto de caridade e que regressa em 2010. Para já, sei que pelo menos a presença de Eric Clapton (um habitué nestas andanças) está confirmada.

domingo, 14 de novembro de 2010

Rui Veloso - "Não Há Estrelas No Céu" (ao vivo no Coliseu '90)

"Vou por aí às escondidas, a espreitar às janelas, perdido nas avenidas e achado nas vielas"


Ontem ao navegar tranquilamente numa loja online, soube que tinha sido lançado uma edição comemorativa do 20º aniversário do álbum ex libris do Rui Veloso: "Mingos & Os Samurais". A edição especial continha o álbum original remasterizado e um DVD com o mítico concerto gravado pela RTP no Coliseu dos Recreios em 1990. Ora, sendo este um dos meus álbuns preferidos de música portuguesa e estando há anos à procura duma gravação decente deste concerto, corri para a loja mais próxima para comprar isto! E apesar de alguns contras, valeu a pena!

Em primeiro lugar, os contras: acho triste que a reedição daquele que é possivelmente o melhor álbum Rock português de sempre tenha sido tão pouco promovida. Nem sequer há uma menção no site do Rui Veloso... Não se compreende.
Depois, já li que o concerto não está completo, o que a ser verdade, é pena. Mas possivelmente isto é tudo o que foi gravado... Também é pena que o concerto esteja em Mono, percebe-se pela qualidade da imagem e do som que as fitas originais não foram muito bem tratadas pelo tempo...

Agora, os prós: a qualidade da embalagem desta edição é fenomenal, digna de uma edição especial de um qualquer artista internacional. A inclusão do DVD é uma ideia fantástica, que eu já esperava há muitos anos. Parece que alguém me leu a mente... O concerto em si é excelente e só por isto vale a pena comprar esta edição, mesmo para aqueles que, como eu, já tinham o álbum original em CD.

Quanto à remasterização do álbum, ainda não a ouvi, mas confesso que não me interessa por aí além, uma vez que a edição anterior em CD tinha grande qualidade sonora.

A música faz parte do imaginário da minha infância. O álbum foi lançado quando eu tinha ainda 4 anos e teve um impacto estrondoso na cultura portuguesa. De repente, parecia que temas como "Não Há Estrelas No Céu", ou "A Paixão (Segundo Nicolau Da Viola)" tinham estado sempre ali, tal a altíssima rotação que tinham nas rádios e na televisão. Para mim, que tinha o álbum em casa, era muito mais que isso. Todo o álbum tinha sonoridades que me chamavam a atenção e me prendiam. Não sabia o que era, mas sabia que gostava. E foi assim cresci com a história da banda desconhecida mais conhecida do Porto...

Em baixo fica o press-release da EMI Portugal:

2010 é um ano de grandes datas para Rui Veloso. É o ano em que se assinalam os seus 30 anos de carreira e, simultaneamente, 20 anos sobre a edição do álbum “Mingos & os Samurais”.Para celebrar a data, “Mingos & os Samurais” será reeditado no próximo dia 08 de Novembro. Edição especial 20º aniversário em digipack do CD-duplo com o som remasterizado a que se junta um DVD-bónus inédito com o filme de um dos míticos concertos realizados no Coliseu dos Recreios em 1990, filmado pela RTP. Recuemos a 1990. O ano arranca com a concretização de um velho sonho: Rui Veloso toca ao vivo com B.B. King; concertos no mês de Março em Lisboa e no Porto. Durante este ano apresenta-se pela primeira vez ao vivo no estrangeiro, em Toronto (Canadá).Em Maio, mesmo antes da edição do disco, inicia em Lisboa a digressão “Mingos & os Samurais” no Campo Pequeno. Sala esgotada. No início de Agosto chega, finalmente, às lojas o duplo-álbum “Mingos & os Samurais”. É a realização de um sonho antigo da dupla Rui Veloso/ Carlos Tê e a materialização de um disco que começou a desenhar-se no início da década de 80.


O êxito é estrondoso: Platina no dia de edição; em pouco mais de quatro meses, chega às Sete Platinas! Mais: “Mingos & os Samurais” ocupa o 1º lugar do top durante 24 semanas! Os temas “Não há Estrelas no Céu” e “A Paixão (segundo Nicolau da Viola)” são os maiores êxitos desse ano.Em Outubro apresenta-se ao vivo em Lisboa e no Porto. Realiza seis concertos esgotados nos Coliseus de Lisboa e Porto. O impacto de “Mingos & os Samurais” é tal que o alinhamento do concerto é feito apenas com os temas do novo disco; apenas nos encores surgem músicas de álbuns anteriores.


Em Dezembro, actua para 12.000 pessoas no Pavilhão do Dramático, em Cascais, feito nunca antes alcançado por qualquer artista português. Novembro de 2010 será o mês em que as comemorações dos 30 anos de Rui Veloso atingem o seu ponto alto. A juntar-se à edição especial 20º aniversário de “Mingos & Samurais”, Rui Veloso realiza os grandes concertos comemorativos dos 30 anos de carreira nos Coliseus do Porto e Lisboa, dias 07 e 17 de Novembro, respectivamente. Concertos cuja primeira parte será inteiramente dedicada ao álbum “Mingos & os Samurais”, com a presença dos Optimistas, banda original dos espectáculos do disco. O aúdio dos CD’s “Mingos & os Samurais” foi remasterizado no Masterdisk Studios, em Nova Iorque, por Andy VanDette.