segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Bruce Springsteen - "Prove It All Night" (Live in Phoenix '78) (IV)

"I've been working real hard, trying to get my hands clean"

 

Com este post, termino hoje a sequência de artigos dedicados a "Darkness On The Edge Of Town" de Bruce Springsteen, por ocasião da (magnífica) reedição do álbum. Juntamente com o álbum remasterizado, esta reedição conta com a compilação "The Promise", com dois (!!) discos de temas que ficaram de fora do álbum original, um concerto completo da lendária digressão de promoção do álbum em 1978, um documentário sobre a história do álbum, uma performance recente do álbum e ainda diverso material de arquivo.

Assim, a caixa é composta por 3 CD e 3 Blu-Ray (ou DVD, na versão mais barata) e é uma delicia para quem é fã de Bruce ou, como é o meu caso, deste álbum em particular.

Resumidamente, o conteúdo da caixa é o seguinte:

CD 1 - "Darkness On the Edge of Town" (Remastered)
CD 2 - "The Promise" (Disc 1)
CD 3 - "The Promise" (Disc 2)
DVD 1 - The Promise: The Making of "Darkness On the Edge of Town" (documentário sobre o gravação do álbum, realizado por Thom Zimmy, vencedor de prémios Emmy e Grammy)
DVD 2 - "Darkness on the Edge of Town": Paramount Theatre, Asbury Park & Thrill Hill Vault: 1976–1978 (performance intimista do álbum completo, filmada em Asbury Park em 2009. Filmagens do arquivo pessoal de Bruce Springsteen, nunca antes vistas)
DVD 3 - Houston '78 Bootleg: House Cut (concerto completo da Darkness on the Edge of Town Tour, nunca antes visto)

Olhando agora para o álbum original, este começa com um estrondoso Badlands (que parece fazer a transição do optimismo de "Born To Run" para o que viria a seguir) e depois continua até ao fim do Lado 1 com uma das sequências mais fantásticas num álbum rock: o brutal "Adam Raised A Cain", o desesperante "Something In The Night", o explosivo "Candy's Room" e o melancólico "Racing In The Street". É difícil escolher momentos altos ou baixos no Lado 1 deste álbum, tal é a sua solidez.

Lado 2 parece começar mais uma vez com um raio de optimismo em "The Promised Land", outro fabuloso tema, mas também aqui prossegue com temas que transmitem dificuldades. A dureza da rotina de uma vida de trabalho em "Factory", a dureza da libertação em "Streets Of Fire" e a dureza do compromisso em "Prove It All Night". Todos estes temas fazem um build-up para o que chega no fim, quando o sujeito do álbum já perdeu tudo e surge de mãos vazias e coração despedaçado em "Darkness on the Edge of Town", terminando o álbum de forma sumária e lapidar:

"I'll pay the cost for wanting things that can only be found in the darkness on the edge of town"

O que me parece de realçar em "Darkness" é que, enquanto os temas no Lado 1 aparecem no álbum com as suas versões definitivas, os temas no Lado 2 parecem resultar melhor em concerto (especialmente na digressão de 1978), integrados num ambiente mais livre, vivo e acutilante. Para além disso, alguns temas foram alargados nas versões ao vivo, casos de "The Promised Land", com um solo duplo de harmónica no início e principalmente de "Prove It All Night" cuja versão no álbum durava 3:56, mas que ao vivo por vezes passava a marca dos 10 minutos.

E foi mesmo ao vivo que este álbum ganhou outra dimensão. A digressão de "Darkness On The Edge Of Town" ainda hoje é recordada como uma das mais intensas e lendárias da história do rock. A banda tinha chegado ao seu ponto alto, aperfeiçoando a performance dos temas novos e antigos.

O vídeo que está em cima é de uma performance de "Prove It All Night" em Phoenix, ainda no início da digressão, numa altura em que a versão alargada ainda não estava bem oleada, mas já dá para ter uma ideia. Esta versão está incluída no material de arquivo da reedição de "Darkness On The Edge Of Town".

Para terminar, vou fazer uso das palavras do próprio Bruce Springsteen, da mesma maneira que ele fecha o documentário de Thom Zimmy.

“How do you deal with those things and move on (...) to a life where you can make your way through the day and sleep at night”
“That's what most of these songs were about”


P.S.: Para leitura complementar: os Capítulos I, II e III.

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