Um olhar sobre "Darkness On The Edge Of Town" de Bruce Springsteen, por ocasião da (magnífica) reedição do álbum.
Capítulo I - A promessa
"When the promise was broken, I cashed in a few of my dreams"
"A promessa". "A promessa" é um tema que fala de uma história de desilusão, traição e isolamento. É um tema que descreve a situação que Bruce Springsteen passava naquela altura.
Quem quebrou "a promessa" foi Mike Appel, o manager de Bruce Springsteen na época. Em 1972, Mike deu a assinar a Bruce um contracto, que estipulava que este recebesse uma ínfima parte dos direitos de autor das suas músicas e que os direitos de publicação fossem exclusivamente da editora. Reza a lenda que este contracto foi assinado por Bruce Springsteen num parque de estacionamento em New Jersey, sem sequer o ler.
Só em 1976, quando Bruce Springsteen decidiu que Jon Landau estivesse envolvido nas suas decisões artísticas e Landau aconselhou-o a analisar este contracto, Bruce se apercebeu do que tinha feito. Na sequência, Bruce despede Mike Appel e dão início a uma longa batalha jurídica que se arrastou pelos tribunais até 1977, sem que Bruce pudesse voltar ao estúdio, uma vez que Mike o tinha impedido de gravar com Landau.
"When the promise was broken I was far away from home, sleeping in the back seat of a borrowed car"
"A promessa". "A promessa" não só é um dos melhores temas que Bruce Springsteen nunca lançou (e são muitos), como também é dos momentos mais brilhantes da carreira de Bruce. Um momento tão brilhante e ao mesmo tempo tão pessoal, que Bruce tinha receio de o submeter ao juízo do público e da crítica. Medo esse que, em boa verdade, nunca terá perdido, uma vez que mais de 30 anos depois do lançamento do álbum, a versão mais aclamada deste tema continua sem ver a luz dia, em forma oficial:
"I followed that dream just like those guys do up on the screen"
A performance vocal de Bruce Springsteen neste take específico é tão profunda e tão emocional, que consegue materializar o sentimento de desilusão como nenhum outro tema que eu já ouvi. E parece-me que foi o seu cunho pessoal na interpretação do tema, que o impediu de lançar este take nas várias oportunidades que teve ao longo dos anos.
Vejamos: em 1978, Bruce deixa "The Promise" de fora do álbum "Darkness On the Edge of Town", muito embora este tema se encaixe na perfeição no espírito do álbum. Em 1998, Bruce deixa de fora da caixa "Tracks" que pretendia reunir em 4CD, os melhores temas de Bruce que tinham ficado de fora dos álbuns. Em 1999, pressionado pelos fãs que ficaram surpreendidos com a exclusão de "The Promise" da caixa, Bruce lança finalmente o tema em "18 Tracks", uma compilação com o melhor de "Tracks". No entanto, Bruce volta a surpreender, ao lançar uma regravação de 1999, excluindo os vários takes existentes no arquivo, de 1976 a 1978. Esta regravação é nomeada para um Grammy, mas voltou a não deixar os fãs satisfeitos. Finalmente, em 2010, Bruce lança um duplo álbum com os melhores temas gravados entre 1976 e 1978, que ficaram de fora de "Darkness On the Edge Of Town". A compilção chama-se "The Promise" e finalmente é incluído um take gravado na época. Mas ainda não não foi desta que "o take" que os fãs querem viu a luz do dia.
"We're gonna take it all and throw it all away"
Capítulo II - A escuridão
"I'll pay the cost for wanting things that can only be found in the darkness on the edge of town"
Para minha enorme satisfação, foi no passado fim-de-semana que, após largos meses de espera, me chegou às mãos no a reedição do álbum "Darkness On the Edge Of Town" de Bruce Springsteen, com o nome pomposo: "The Promise: The Darkness on the Edge of Town Story".
Mas já lá vamos. Antes disso, vamos abordar a complexa história deste álbum e resumir o que aconteceu até chegarmos aqui.
Depois do enorme sucesso do álbum "Born To Run" de 1975, altura em que Bruce cometeu a proeza de ser capa da Time e da Newsweek na mesma semana, a expectativa era grande para saber o que é que Bruce Springsteen tinha na manga para o 4º álbum. No entanto os meses passavam, Bruce andava na estrada e estreava alguns temas novos, mas não havia notícias sobre o novo álbum...
O problema estava no contracto que ele tinha assinado em 1972 com o manager Mike Appel, num parque de estacionamento em New Jersey, sem sequer o ler. "A promessa" tinha sido quebrada.
Enquanto decorria a batalha legal com Mike Appel, Bruce era obrigado a continuar na estrada a dar concertos com a E Street Band, a sua única verdadeira fonte de rendimento. Impedidos de gravar em estúdio, foi neste período que Bruce Springsteen e a E Street Band aperfeiçoaram as suas perfomances ao vivo, eventualmente ganhando a reputação de uma das melhores bandas rock ao vivo da história.
Resolvida a questão legal, no Verão de 1977 Bruce Springsteen avançou determinado para o estúdio com a E Street Band para gravar o seu novo álbum "American Madness", nome que daria lugar ao mais apropriado "Darkness On The Edge Of Town", lançado em 2 de Junho de 1978. Só que desta vez a motivação de Bruce Springsteen era bem diferente de "Born To Run".
Enquanto "Born To Run" era uma ode ao optimismo, à esperança e à mudança para um lugar e para tempos melhores (a metáfora nova-iorquina de “passar para o lado de lá do rio”); "Darkness" representa a percepção que afinal o lugar e os tempos para onde se mudou também têm os seus problemas e que a vida é isso mesmo: podemos andar a vida inteira à espera de um momento ("Badlands"), ou a perseguir um sonho ("Something In The Night"), mas no fim de contas o handicap com que nascemos ("Adam Raised A Cain") vai acompanhar-nos para sempre.
É esta dicotomia que faz estes dois álbuns tão especiais. Em suma, o optimismo e romantismo de "Born To Run", dá lugar à desilusão e isolamento de "Darkness On The Edge Of Town".
Fica aqui o tema-título "Darkness on the Edge of Town", ao vivo em Passaic (New Jersey), naquela que é a minha performance ao vivo preferida de Bruce Sprinsgteen. Seja ao vivo ou em estúdio. A paixão que Bruce imprime nesta actuação é arrepiante.
Na introdução, Bruce dedica a música a um amigo em dificuldades, com a seguinte frase lapidar, que resume o espírito do álbum:
"At one time or another, everybody's gotta drive through the darkness on the edge of town"
Capítulo III - O compromisso
Os primeiros 3 álbuns de Bruce Springsteen são uma ode ao romance, aos sonhos da vida e do Rock N' Roll, sob a premissa que tudo é possível, desde que se acredite piamente nisso e se tenha força de vontade suficiente para mudar.
São álbuns que transmitem um sentido de possibilidades ilimitadas que intoxicam o ouvinte. São álbuns cheios momentos de glória que não são reais, são fantasias que reflectem a vontade de um jovem de origens modestas, mas com grande coração, em triunfar no mundo.
Na introdução do documentário "The Promise: The Making Of Darkness On The Edge Of Town", incluído na edição especial lançada no último mês, Bruce Springsteen descreve o álbum da seguinte forma:
“The album is a reckoning with the adult world, with a life of limitations and compromises.”
Numa retrospectiva, podemos dizer que a visão que definiu a carreira de Bruce é dada em “Darkness on the Edge of Town” e não nos seus primeiros álbuns. As ideias de luta contra as dificuldades do mundo e os handicaps da vida são a fundação de quase tudo o que seguiria no seu trabalho.
O resultado desta mudança foi um álbum bem menos comercial e com sucesso bem mais reduzido. Mas isso não incomodou Bruce Springsteen, uma vez que a sua motivação para este álbum era criar algo verdadeiramente seu, inserido nas experiências que estava a viver. Como o próprio diz no referido documentário:
"More than rich, more than famous, more than happy, I wanted to be great"
A prova de que Bruce Springsteen não procurava o sucesso mainstream com este álbum é a escolha das músicas. Alegadamente, foram escritos e gravados aproximadamente 60 a 70 temas para "Darkness", sendo que a larga maioria não chegou à versão final do álbum.
Alguns destes temas seriam oferecidos a outras artistas e resultaram em grandes êxitos (por exemplo, "Because The Night" a Patti Smith, ou "Fire" às Pointer Sisters). Outros temas só chegariam no álbum seguinte, o duplo "The River", ou muito mais tarde na retrospectiva de 4CD "Tracks", em 1998. Outros ainda apareceriam apenas em performances ao vivo, ou em bootlegs que os fãs partilhavam entre si.
Tudo isto até agora, quando em 2010 chega finalmente a tão prometida edição especial de "Darkness On The Edge Of Town". Juntamente com esta reedição, é lançado "The Promise", uma compilação de 22 temas que ficaram de fora do álbum. Neste lote, incluem-se temas mais conhecidos como "Because The Night", "Fire", temas novos como "Save My Love" ou até versões alternativas de temas do álbum, como a versão eléctrica de "Racing In The Street".
Dos temas incluídos em "The Promise", provavelmente o mais conhecido é mesmo "Because The Night", que seria o grande êxito da carreira de Patti Smith. Como é contado no documentário pelos próprios, Bruce Springsteen deixou o tema fora de "Darkness On the Edge Of Town" porque era uma canção de amor e não entrava no espírito gélido que procurava para o álbum. Assim, o tema foi entregue a Patti por meio de Jimmy Iovine (um produtor que trabalhava com ambos), ainda com partes da letra incompleta. Patti completou-a e lançou "Because The Night" como single de avanço do seu álbum "Easter".Mais tarde, Bruce completaria a letra à sua maneira e o tema tornar-se-ia uma presença assídua nos seus concertos. Fica aqui um exemplo de uma versão ao vivo de "Because The Night" em Houston, uma performance também incluída na reedição de "Darkness On The Edge Of Town".
Capítulo IV - O álbum
"I've been working real hard, trying to get my hands clean"
Com este post, termino hoje a sequência de artigos dedicados a "Darkness On The Edge Of Town" de Bruce Springsteen, por ocasião da (magnífica) reedição do álbum. Juntamente com o álbum remasterizado, esta reedição conta com a compilação "The Promise", com dois (!!) discos de temas que ficaram de fora do álbum original, um concerto completo da lendária digressão de promoção do álbum em 1978, um documentário sobre a história do álbum, uma performance recente do álbum e ainda diverso material de arquivo.
Assim, a caixa é composta por 3 CD e 3 Blu-Ray (ou DVD, na versão mais barata) e é uma delicia para quem é fã de Bruce ou, como é o meu caso, deste álbum em particular.
Resumidamente, o conteúdo da caixa é o seguinte:
CD 1 - "Darkness On the Edge of Town" (Remastered)
CD 2 - "The Promise" (Disc 1)
CD 3 - "The Promise" (Disc 2)
DVD 1 - The Promise: The Making of "Darkness On the Edge of Town" (documentário sobre o gravação do álbum, realizado por Thom Zimmy, vencedor de prémios Emmy e Grammy)
DVD 2 - "Darkness on the Edge of Town": Paramount Theatre, Asbury Park & Thrill Hill Vault: 1976–1978 (performance intimista do álbum completo, filmada em Asbury Park em 2009. Filmagens do arquivo pessoal de Bruce Springsteen, nunca antes vistas)
DVD 3 - Houston '78 Bootleg: House Cut (concerto completo da Darkness on the Edge of Town Tour, nunca antes visto)
Olhando agora para o álbum original, este começa com um estrondoso Badlands (que parece fazer a transição do optimismo de "Born To Run" para o que viria a seguir) e depois continua até ao fim do Lado 1 com uma das sequências mais fantásticas num álbum rock: o brutal "Adam Raised A Cain", o desesperante "Something In The Night", o explosivo "Candy's Room" e o melancólico "Racing In The Street". É difícil escolher momentos altos ou baixos no Lado 1 deste álbum, tal é a sua solidez.
O Lado 2 parece começar mais uma vez com um raio de optimismo em "The Promised Land", outro fabuloso tema, mas também aqui prossegue com temas que transmitem dificuldades. A dureza da rotina de uma vida de trabalho em "Factory", a dureza da libertação em "Streets Of Fire" e a dureza do compromisso em "Prove It All Night". Todos estes temas fazem um build-up para o que chega no fim, quando o sujeito do álbum já perdeu tudo e surge de mãos vazias e coração despedaçado em "Darkness on the Edge of Town", terminando o álbum de forma sumária e lapidar:
"I'll pay the cost for wanting things that can only be found in the darkness on the edge of town"
O que me parece de realçar em "Darkness" é que, enquanto os temas no Lado 1 aparecem no álbum com as suas versões definitivas, os temas no Lado 2 parecem resultar melhor em concerto (especialmente na digressão de 1978), integrados num ambiente mais livre, vivo e acutilante. Para além disso, alguns temas foram alargados nas versões ao vivo, casos de "The Promised Land", com um solo duplo de harmónica no início e principalmente de "Prove It All Night" cuja versão no álbum durava 3:56, mas que ao vivo por vezes passava a marca dos 10 minutos.
E foi mesmo ao vivo que este álbum ganhou outra dimensão. A digressão de "Darkness On The Edge Of Town" ainda hoje é recordada como uma das mais intensas e lendárias da história do rock. A banda tinha chegado ao seu ponto alto, aperfeiçoando a performance dos temas novos e antigos.
O vídeo que está em cima é de uma performance de "Prove It All Night" em Phoenix, ainda no início da digressão, numa altura em que a versão alargada ainda não estava bem oleada, mas já dá para ter uma ideia. Esta versão está incluída no material de arquivo da reedição de "Darkness On The Edge Of Town".
Para terminar, vou fazer uso das palavras do próprio Bruce Springsteen, da mesma maneira que ele fecha o documentário de Thom Zimmy.
“How do you deal with those things and move on (...) to a life where you can make your way through the day and sleep at night”
“That's what most of these songs were about”
P.S.: Com este post encerro a sequência de posts de análise à reedição de "Darkness On The Edge Of Town". As 4 partes da análise estão aqui compiladas e estruturadas, de modo a conferir uma forma coerente ao texto.
P.P.S.: Esta foi a minha prenda de Natal. Espero que recebam as vossas.
BOM NATAL!
Estes teus posts sobre o Darkness On The Edge of Town deixaram-me curiosa quanto ao documentário. Fui ver primeiro o do making of do Born To Run e vi então depois o do DOTEOT. Compreendi e percebi muito melhor o que escreveste sobre o mesmo e concordo contigo.
ResponderEliminarSe já admirava aquele homem, agora então… A dedicação dele, o perfeccionismo às vezes a raiar a loucura, uma visão exacta e precisa do que queria (apesar de não saber por vezes como lá chegar), uma certa inocência até (no Born to Run)… E o que transparece para quem vê de fora é toda a honestidade que ele põe no trabalho dele e foi isso que me tocou. É ver que quanto dás de ti, é quanto recebes também. Que se pões tudo de ti nalguma coisa, se pões a tua verdade, o resultado vai ser proporcional.
Todas aquelas dúvidas dele, aquela urgência em viver, em evadir-se, em descobrir o mundo e depois a realização que a vida nos troca as voltas e se calhar não há para onde “fugir”... Acho que todos nós que já vivemos um bocado conseguimos compreender tudo isso e daí estes álbuns serem tão significativos, tão relacionados com a condição humana.
O documentário do Born To Run chega a ser enternecedor em várias partes.
Aquela altura na vida que tudo é possível, tudo está ao nosso alcance, que podemos criar o nosso próprio destino se assim o desejarmos, que não há impossíveis... Tramps like us, baby we were born to run... :) E não é que isso não seja possível mas acabamos por aprender que a vida não é exactamente como a idealizávamos, que acontecem coisas fora dos nossos planos. Como ele diz, há limitações, desilusões…
Acho-o muito autêntico e muito interessante. Uma pessoa com quem gostaria de ter uma daquelas conversas de horas e horas... É também isso que me faz admirá-lo, o facto de ser uma pessoa normal como qualquer um de nós, com as mesmas dúvidas, angústias, receios. E uma pessoa que procura sempre manter-se fiel a ela própria, fiel às raízes, fiel a determinados valores e ideais sem se deixar corromper.
E depois há tanta coisa que achei curiosa sobre a parte mais prática de criação das músicas e dos álbuns que não fazia ideia...
Enfim, podia escrever sem fim sobre isto mas não te vou maçar mais com tanta coisa para ler :P era só para te contar que gostei imenso dos documentários e foram os teus posts que me fizeram ir vê-los ;)
P.S. - Gostava de um dia destes, quando o tempo te permitir, ler um post teu dedicado ao Born To Run :) (imagina-me com um cartaz como nos concertos, este é o meu request :P)
Rita, escreve à vontade, também gosto muito de "te" ler. Não me maças nadinha. :)
EliminarJá li tudo e quando tiver um bocadinho, respondo-te com mais calma. Tenho uma série de posts na cabeça, alguns ainda do RIR, mas o trabalho não me tem deixado tempo para mais nada...
Entretanto, reitero aquilo que já te disse várias vezes: saber que foram os meus posts que te levaram ao Bruce deixa-me radiante. Mesmo. MUITO obrigado pelas palavras!
O post do "Born To Run" já é uma ideia antiga. Só gostava que tivesse mais tempo para dedicar à escrita desse e de outros...
Ainda bem Nuno lol é que pus-me a divagar e às tantas não queria que pensasses: pronto, lá vem aquela outra vez... ;P
EliminarResponde quando quiseres e quando puderes, claro :)
Rita, cá está a tua resposta finalmente. :)
EliminarEm primeiro lugar, tenho que te felicitar pelo teu magnífico trabalho de pesquisa! Efectivamente, para melhor compreender o "Darkness On The Edge Of Town", deve-se primeiro conhecer o "Born To Run" e perceber de que situação veio o Bruce. Por isso, foi grande ideia primeiro ver o "Wings For Wheels" (nome do tema que viria dar lugar ao "Thunder Road") e depois o "The Promise".
Ambos os documentários são muito bons e penso que até ganharam uma batelada de prémios em vários festivais de cinema. Dá que pensar que seria difícil alguém criar uma história ficcionada de uma estrela Rock, mais emocionante e mais dramática que a própria vida real do Bruce. E que melhor para ilustrar isso mesmo, que as imagens das sessões de gravação, que por alguma razão (felizmente) o "tio Bruce" decidiu filmar na altura? Nesse tempo, não havia mini-câmaras, camcorders, nada disso. Era complicado uma câmara de filmar passar despercebida! (Bem, já estou eu a divagar agora! :P )
Em relação à autenticidade e honestidade do Bruce no seu trabalho, não poderia estar mais de acordo. E vou também escrever sobre isso brevemente! :)
A minha ligação pessoal com a música do Bruce tem muito a ver com isso. As emoções que ele transpira na sua música, as situações que ele retrata, os dilemas que ele descreve... Eu ouço-o e parece que ele está a falar de mim e para mim.
Como que alguém me dissesse que o que me está acontecer a mim, aquilo que eu estou a sentir, ele também já sentiu. E depois conseguiu materializar (aqui, "materializar" é a palavra-chave) tudo aquilo em música. E é essa capacidade única, sem qualquer comparação que eu conheça, que eu tanto admiro nele.
Sobre isso, há uma entrevista do James Hetfield (vocalista dos Metallica, ou seja, longe do estilo do Bruce), em que ele fala sobre a importância de ser verdadeiro na sua música:
http://www.youtube.com/watch?v=tL0sJpNBupI
"We went to see Bruce Springsteen the other night. I'm not the biggest fan of his music, but I watched him live and... "
(James arregala os olhos)
"My God, he means it! He really means it! It's in his heart, it's in his face, it's in his eyes!
You see him and you go.. WOW! He could go on forever!"
É isto! :)
Esqueci-me de falar dos cartazes! :)
EliminarEssa é uma tradição muito curiosa dos concertos do Bruce. Eu já fui a dois e em ambas as situações pensei em levar o cartaz, mas é sempre muito difícil chegar lá mesmo à frente, onde ele o poderia receber. :P
O teu cartaz diria "Born To Run"? Não precisavas de o levar, então, porque ele toca esse tema em todos os concertos com a E Street Band. Mais vale escolheres um tema mais improvável, que também queiras mesmo ouvir, para chamares a atenção do tio Bruce.
O meu provavelmente diria "The Promise". :)
:)) Acabei por descobrir o Wings For Wheels por acaso e até já tinha o The Promise preparado para ver mas pensei que o melhor seria ir por ordem cronológica senão às tantas estava a ver as coisas de trás para a frente lol
EliminarÉ engraçado falares sobre o facto deles documentarem tudo na altura porque foi uma coisa que pensei enquanto estava a ver os documentários: ele pensou que isto qualquer dia ainda serviria para algo importante :) ainda bem que guardaram!
É *tão* isso que o James diz! É isso que o torna tão especial (o Bruce), essa autenticidade como pessoa que se reflecte no trabalho dele, essa verdade que ele põe nas coisas... Essa capacidade de fazer uma pessoa sentir-se acompanhada, sentir que o que viveu/está a viver não lhe é exclusivo, alguém sentiu o mesmo e materializou (lá está ;) ) numa canção, num álbum... muitas vezes é isso que me atrai numa banda/artista, identificar-me com o que dizem. Por isso é que gosto de "perder" tempo com as letras das músicas.
Comecei a ouvir os álbuns dele também por ordem cronológica, o próximo vai ser o Nebraska. Isto às tantas é como ler um livro, os álbuns são os vários capítulos :P
Quanto aos cartazes, era mais uma brincadeira no sentido do teu blog ser um concerto como os do Bruce e eu pedir-te um post sobre o Born To Run (o álbum) na forma de request lol ;)
Se efectivamente levasse um cartaz, o meu diria "Jungleland". É das músicas mais épicas e mais incríveis que já ouvi!... estou a ouvi-la e só me aparecem é imagens mentais tipo filme (já reparei que a música dele tem essa particularidade). Sem falar nas pequenas nuances que acontecem durante aqueles quase 10 minutos e aquele solo (MEU DEUS, AQUELE SOLO!) de saxofone... Adorei quando falaram da música no documentário e o Clarence disse que muitas vezes as pessoas o interpelavam para lhe dizer o quanto significava na vida delas aquele momento na música, algumas até diziam que aquele solo lhes salvou a vida... Impressionante o que a Música pode fazer por uma pessoa! E esta é simplesmente perfeita :)
Conheço duas pessoas que vão ao concerto de amanhã em Madrid e se eu soubesse há uns meses o que sei hoje, ia também.
É pena a tour nos EUA acabar já em Setembro, já não dá muito tempo para eu ganhar o euromilhões e ir vê-lo a New Jersey ;D
A música do teu cartaz é linda (e já tinha ouvido a versão do vídeo que puseste da primeira vez que li este post) mas é daquelas que dói ouvir. Uma pessoa pode não saber o que é assinar um contrato de forma "cega" e as consequências que traz mas sabe bem de que forma uma desilusão pode quebrar a alma de alguém e ele consegue definir isso em palavras...
Entretanto também já consegui o tal concerto de 19-09-1978 em Passaic. Tendo em conta que são 4h, ainda tenho bastante com que me entreter lol :)
É curioso que fales do "Jungleland", porque foi durante muitos anos o meu tema preferido do Bruce Springsteen. Só foi "ultrapassado" pelo "The Promise" uns anos mais tarde, quando me começou a bater que o Mundo não eram só rosas. Um pouco à imagem da evolução histórica do Bruce. ;-)
EliminarQuando vi o "Wings For Wheels" pela primeira vez, acho que em 2005, e ouvi o Clarence dizer o que tu referiste, ainda fiquei mais apaixonado pela música. Principalmente pelo solo de saxofone, como é óbvio, ainda hoje o meu solo preferido desse instrumento! :)
Para além da versão estúdio, há uma versão, em especial, que eu também adoro, que foi gravada ao vivo em Toronto, na digressão do "Born In The U.S.A.": http://www.dailymotion.com/video/x6ujm2_jungleland-84-bruce-springsteen_music
No solo, a imagem divide-se com o Clarence numa metade e o Bruce noutra. É lindo :)
Quem me dera ir ao concerto de hoje em Madrid... Na verdade, só não vou, porque desta vez não consegui convencer ninguém a ir comigo! Ou melhor, eu até consegui convencer alguém a ir comigo, mas isso só aconteceu DEPOIS de o terem visto aqui em Lisboa! ;-)
E a ideia de New Jersey já me bateu várias vezes! :P
O concerto de Passaic é fabuloso, mas o essencial é o 1º Set. Na altura o Bruce tocava 2 "sets" de hora e meia, com um intervalo pelo meio e depois ainda havia o "encore".
Eu há uns anos gravei o 1º Set (que acaba no "Jungleland" num CD e ouvi aquilo em repeat durante meses! :)
Ah e qual Bruce, também eu vou pegar no teu cartaz e fazer um post sobre o "Born To Run", brevemente! :)
EliminarEntretanto, os teus amigos acabaram de assistir em Madrid a um dos mais longos concertos de sempre do tio Bruce, onde ele quase chegou às 4 horas! Tendo em conta a idade que tem e o tempo de digressão que já leva... É incrível.
Gosto dessa versão em Toronto! O tio a sentir mesmo a música ;P
EliminarJá agora por falar em vídeos, vi no outro dia um que me deixou mesmo sem palavras: http://www.youtube.com/watch?v=UGHqeYNe_1g&list=FLnioNSN3RjXcrPBoyP8CaKw&index=1&feature=plpp_video
Nem era uma das músicas dele que mais ouvia, ainda não tinha prestado a atenção devida. Depois vi este vídeo e o saxofone e a harmónica e todo o ambiente e a intensidade da música... Às tantas toda aquela história da música mexeu mesmo comigo. Lindísima.
Isto de Madrid é daquelas coisas que vou ficar a remoer durante algum tempo lol Eu e os teus amigos que gostaram do concerto em Lisboa devíamos ter começado a ouvir há mais tempo!...
A setlist foi das primeiras coisas que fui ver quando liguei o pc (talvez desta vez tocassem a Jungleland... ). Quase 4h é de homem! :D a sério que não faço ideia onde eles vão buscar esta energia com aquela idade! O meu medo é que isto já seja mesmo do género: vamos dar todo o sangue, suor e lágrimas porque provavelmente com a nossa idade não nos metemos nisto tão cedo... Imagino que em New Jersey seja daquele tipo de concertos míticos, ainda por cima a terminar a tour. Acredito que é daquelas coisas que qualquer fã como tu sonha assistir :)
Fico bem contente por saber que está para chegar um post do "Born to Run" :D cá estarei para ler!
(Só por curiosidade, vias Os Sopranos? É das minhas séries preferidas de todos os tempos, já vi várias vezes e adorava a personagem do Steven Van Zandt. Eu não fazia era ideia na altura que ele era guitarrista da E Street Band até o ver num vídeo de um concerto aqui há uns tempos lol ele é mesmo engraçado).
o link de cima está meio esquisito, talvez este seja melhor:
Eliminarhttp://www.youtube.com/watch?v=UGHqeYNe_1g&feature=slpl
Pois é Rita, "o meu medo" é o mesmo que o teu: é que isto seja uma espécie de "último urro" da E Street Band. Já antes do início da digressão eu estava com esse feeling e com estas maratonas consecutivas que o Bruce anda a fazer, tudo leva a crer que sim... :/
EliminarO que vale é que eu já os vi 2 vezes e vou ficar com essas memórias para sempre. Principalmente (se me permites ;-) ) o de Santiago, em que ele tocou 30 temas durante 3 horas e meia. Uma das noites de maior êxtase da minha vida :)
Madrid foi mesmo uma pena! E olha que eu bem tentei convencer os meus amigos do que os esperava num concerto do tio Bruce! Mas eles só acreditaram quando viram :P
O "The River" vai ter um post também para muito breve, mais centrado até sobre a versão ao vivo no "Live/1975-85"! O post vai ser também uma espécie de resposta a um "cartaz" de uma amiga que foi ao concerto! lol
É uma grande falha minha, mas nunca vi, a sério, os Sopranos! Vi um episódio avulso aqui e ali, mas nunca acompanhei a série com a atenção que merecia (e sei que merece). Mas estava a par da participação do Little Steven e, obviamente, do inesperado final!
O Steven Van Zandt é, ele próprio, um personagem :). Ainda há pouco tempo deu uma entrevista a dizer que se considerava "um sortudo", porque todas as coisas boas que a vida lhe deu, aconteceram porque ele estava no local certo à hora certa: tornou-se amigo do Bruce, convidaram-no para os Sopranos, ofereceram-lhe um programa de rádio, etc. É um personagem muito engraçado! :P
Principalmente (se me permites ;-) ) o de Santiago
EliminarOh :(( (lol ;P) percebo perfeitamente que tenha sido mais inesquecível que o do RiR :) mas já fico bem contente de ter ido pelo menos a esse...
A tal história em que o pai dele diz "that's good" :) Impossível uma pessoa não sorrir quando ele diz isso. Apanhei no outro dia no youtube (só mesmo a história, não sabia que era do "Live 1975-85").
Quando tiveres disponibilidade de tempo tens mesmo de ver a série! A personagem do Steven nas primeiras seasons ficou muito conhecida pelas imitações do Al Pacino no Godfather III lol:
http://www.youtube.com/watch?v=G29DXfcdhBg
Lembro-me também agora que há 2 episódios seguidos em que a "Comfortably Numb" tem um papel importante na história de uma forma bastante subtil e um outro episódio em que acontece isto (podes ver à vontade porque não tem spoilers caso um dia queiras ver):
http://www.youtube.com/watch?v=oIv8rtOYD6Q
:P
Haha grande Steven! Adorei os clips :)
EliminarNão há volta a dar, tenho mesmo que ver a Série. Penso que nem preciso de procurar nos meios "menos nobres" (lol), porque acho que alguns colegas meus já têm isto na íntegra!
Já há muito tempo que não "mergulho" numa Série. Nos últimos 2 anos tenho andado numa onda de Cinema, que tem normalmente uma mensagem mais coesa e profunda (o facto das Séries serem um produto televisivo é um enorme handicap criativo). Com isto, fui deixando as séries e no último ano, já praticamente só acompanhei as sitcoms que já vejo há muito tempo.
Desde o "Lost" que não me apaixono por uma Série. Veremos como será com os "Sopranos". :)
Madrid já foi, mas a ideia de New Jersey, ou de uma outra paragem europeia... Ainda ecoa na minha cabeça! :P
(Aaaahhh, who am I kidding?! lol)
Essa história do "The River"... A relação sempre turbulenta entre pai e filho e a forma como o Bruce a retrata... É perfeita. Esse será o próximo post do Bruce... Brevemente :)
EliminarAcho que vais gostar da série :) está mesmo muito bem feita.
EliminarPercebo que tenhas um pé atrás em relação às séries por comparação com os filmes mas nos últimos anos têm surgido séries de enorme qualidade. Nota-se o investimento que tem sido feito nelas e os actores que atrai (que anteriormente recusavam por preconceito já que preferiam o cinema, lá está...).
Tenho tantas saudades do Lost! todos os enigmas, mistérios, os «twists» na história, tudo. Das melhores séries de sempre! O tempo que eu perdi em blogs, fóruns etc a ler todas as teorias e mais algumas sobre tudo e mais alguma coisa lol
Ahahaha! Sei bem do que falas! :D Racionalmente uma pessoa tenta conformar-se e ficar contente pelos concertos a que já foi mas lá dentro há aquela vozinha que ainda não está satisfeita :P
A ideia que me dá é que o pai dele era adepto do tough love e essa história mostra bem... Estou muito curiosa para ler o que vais escrever (para variar lol) :)
Ena, também gostavas do Lost? :)
EliminarTive que sorrir com o que tu escreveste, porque eu era exactamente a mesma coisa! :P Desde o lostpedia (talvez o site mais obsessivamente detalhado sobre uma série! lol), passando pelo timelooptheory (eles tinham aquilo tão bem montado e depois falharam completamente) e tantos outros... Foi muito tempo "perdido" com o Lost. (pun intended :P )
O Lost fez parte da minha vida durante aqueles anos, tanto pela ansiedade que era esperar mais uma semana pelo episódio novo, mas principalmente pelas discussões que a série me proporcionava todos os dias com os meus amigos! Cada um teorizava sobre o que achava que ia acontecer, qual era a explicação para os mistérios e o que significavam... Enfim, a série era de tal forma parte do meu quotidiano, que posso-te até dizer que quando acabou (e eu apesar de tudo gostei do final, apesar de ter bastantes reservas sobre aquela história do "limbo"/"afterlife experience"), fiquei com um vazio em mim.
Isto pode ser um pouco poético, mas não deixa de ser a verdade. :P
Esse vazio foi então preenchido com um "mergulho profundo" no Cinema. E a verdade é que o Lost acabou por me inspirar para o tipo de cinema que eu passei a ver e a gostar, a partir daí.
Bem, depois desta "história de vida", já deves estar aborrecida, por isso vou avançar. :P
Realmente tenho visto alguns actores bastante conceituados a aderirem à televisão (ainda agora vi o Danny DeVito num anúncio de uma série na Fox! lol). Mas como te disse, deixei de acompanhar o que quer que seja, exceptuando algumas sitcoms. Vou então dar a oportunidade aos Sopranos, até porque já a pretendo dar há muito tempo! Mas só depois do Euro, que agora com o futebol não há tempo para nada, nem sequer para escrever aqui! :P
Não era gostar, era mesmo adorar lol
EliminarTambém ia muito ao lostpedia ehehe. Esse timelooptheory não conhecia...
Cada vez que acabava um episódio, era uma tortura esperar uma semana pelo próximo, especialmente quando acabava com aqueles cliffhangers típicos da série.
Quando entrou na derradeira season estava cada vez mais curiosa pelo fim conforme os episódios iam passando mas ao mesmo tempo com uma pena enorme de estar a acabar, como nunca senti com outra série. E ainda hoje tenho saudades de ter episódios novos para ver...
Até vi o último episódio num site americano qualquer que transmitiu em streaming, fiquei a ver até às 3h ou 4h da manhã porque não ia aguentar esperar pelo dia seguinte lol e fui agora à procura de uma coisa que escrevi na altura, depois de rever esse episódio com mais calma:
"Já fui ver novamente, desta vez a horas decentes e sem interrupções a cada 5 mnts para publicidade.
O «there's no now, here» na altura deixou-me à nora e agora já fez todo o sentido e já consegui compreender.
Pensando bem, tendo em conta o que os criadores sempre quiseram desta série - uma história sobre o relacionamento destas pessoas, em particular toda a jornada espiritual do Jack - não podia acabar de outra forma. Os mistérios estiveram sempre em segundo plano e serviram o propósito maior de adicionar elementos à odisseia destas pessoas nestes 6 anos... nunca foram o principal nesta história, as pessoas é que o foram. Muito bom!
Estava à espera de um final diferente (sem saber definir qual) mas este, depois de digerido, é o ideal."
Claro que estava à espera da resposta para todos os mistérios e enigmas, acho que todos que seguíamos a série estávamos mas acabei por perceber (pelo menos na minha opinião) que o mais importante nem era isso.
Era mais que uma série para quem investiu tanto tempo nela, era mesmo uma paixão :)
E não me aborreces mesmo nada! O Lost merece ser um episódio na "história de vida" de qualquer fã :P
Espero bem que assim continue até dia 1 de Julho, sinal que chegámos à final (e desta vez ganhámos, claro) :P
Como eu te compreendo... Também eu tenho muitas saudades do Lost, daquela excitação quando saía um episódio novo, da tortura que era esperar uma semana (ou mais...) pelo próximo, das discussões durante a semana... De tudo! :P
EliminarFogo, viste o último episódio em directo?! Espectáculo! :)
Eu ainda ponderei fazer isso, até porque deu na Fox em directo também, mas como aquilo foi num Domingo à noite e eu trabalhava na 2ª, preferi deixar a "carregar" (lol) durante o dia, fazer um esforço hercúleo para não ver, nem ouvir nada acerca do final e depois chegar a casa e ver tudo mais comodamente! E assim foi! :)
Bem, mas começar a discutir teorias de Lost comigo... isso é coisa para dar conversa para uma noite inteira!! :) lol
Eu gostei do último episódio, adorei mesmo. Acho que eles terminaram a história original da melhor maneira que poderiam ter feito, mesmo sem ter respondido a todos os mistérios porque, como tu disseste muito bem, a série era sobre um grupo de pessoas. Um grupo de pessoas desconhecidas que se juntaram em condições trágicas e foram obrigadas a viver em sociedade, num meio inóspito.
O meu problema é com a resolução da "realidade paralela", ou do "flash-sideways". Para isso é que eu tinha uma teoria muito, mas MUITO melhor! Ou pelo menos é assim que eu acho! ;-)
Mas como te disse, a começar a discutir estas coisas, isto é matéria para muitas horas de discussão. :)
Isto tudo está a trazer-me tanta coisa à memória!... Parece tão parvo, uma série ter este tipo de significado para uma pessoa mas aquela era especial. (É engraçado que estou a escrever isto e a ver um episódio da S05 que está a dar no MOV).
EliminarAinda me lembro do momento exacto em que fiquei presa à série (“espera lá, um urso polar numa ilha perdida no Pacífico?!...” lol). Eu devo ter visto as primeiras três seasons ao todo, umas três vezes :P isto porque comecei a ver na RTP mas às vezes perdia alguns eps por causa do horário. Depois saqu… “carreguei” (:P) as primeiras 3 seasons para ver tudo desde início e voltei a ver tudo antes de começar a S06, havia muita coisa que já não me lembrava e que ganhou uma dimensão completamente diferente sabendo pormenores que não se sabiam inicialmente. A S06 é a única que vi apenas uma vez…
Esta série tem momentos tão épicos! Claro que não vou enumerá-los mas aquele final da S03 (we have to go back!!...) foi daqueles indescritíveis! De génio mesmo. Ainda hoje em dia tenho a mania de usar essa expressão do Jack quando sinto nostalgia em relação a alguma coisa na minha vida :P
Sabendo o que sei hoje, teria ficado era a dormir e via no dia seguinte lol porque estavam constantemente a interromper para publicidade, eu às tantas já estava cheia de sono e no fim já nada fazia grande sentido porque não estava com toda a atenção necessária. Mas na altura foi mais forte que eu, ver logo em directo.
Ah, eu vou ter de saber essa teoria um dia destes, não te safas! :D
Era também isso que me atraía no Lost, a forma como cada espectador interpretava as coisas, como se conseguia complementar a visão de cada um com a perpectiva dos outros, daí termos todos aquela vontade de discutir constantemente uns com os outros e passar horas nisso :)
E pronto, com isto tudo fiquei com o bichinho que voltar a ver tudo :D
http://www.youtube.com/watch?v=Rz1yHmUW05Y&feature=player_embedded
I´ve looked into the eye of this island and what I saw was beautiful :)
Rita, do que me foste lembrar também... :P
EliminarO último episódio da Série 3 (na verdade os 3 últimos: a sequência "Greatest Hits", do Charlie e o episódio duplo "Through The Looking Glass", do Jack ) é, na minha opinião, não só o melhor episódio do Lost, mas sim o melhor episódio de uma série televisiva de sempre! Que eu tenha visto, claro :)
E essa última cena, com o Jack e a Kate na pista do aeroporto ("we have to go back!!...") é o ponto alto de toda a série. É perfeito. Até esse ponto, tu não sabes que estás a ver o futuro, nem sabes que eles já saíram da ilha. Mas com isso tu percebes que o Jack chegou àquele grande dilema da existência humana, que é trabalhar toda a uma vida para alcançar um objectivo, para "fugir" de um lugar qualquer e uma vez que isso é conseguido... o desejo de voltar. A ilha era ao mesmo tempo o seu desejo e a sua maldição.
Ao mesmo tempo, nós víamos o Jack em "modo Moisés" na ilha, com a moral em alta, a conduzir os sobreviventes para a "salvação" e víamos o mesmo Jack, uns tempos mais tarde, emocionalmente desfeito PORQUE tinha saído da ilha. A forma como eles ilustraram esta dicotomia do estado de espírito humano é brilhante, genial, perfeita! :)
O Matthew Fox é um ENORME actor e ele mostrou isso principalmente neste episódio.
Curiosamente a minha história de acompanhamento do Lost é muito semelhante à tua! Quando apanhava aquilo nas transmissões originais na RTP, achava que era tudo uma idiotice (a do urso polar numa ilha do Pacífico era mesmo... WTF?! lol)
Só comecei a acompanhar na série 3, com os episódios das jaulas e do Jack aprisionado e já não me lembro bem, mas acho que fiquei fascinado pela abordagem que eles estavam a fazer ao "enclausuramento" de um casal (a Kate e o Sawyer) em celas de jardim zoológico diferentes. (agora que penso nisso, que raio de ideia esquisita... :P) Depois foi uma questão de "rebobinar", ver o que faltava para trás e quando chegou àquele último episódio da S3... Percebi que estava dentro de uma experiência inesquecível. :)
Já ando com a ideia de ver tudo outra vez há algum tempo. Já comprei a caixa com os Blu-Ray todos e tudo! A ideia é desta vez ver tudo "como deve ser", em alta-definição, sem ser com aquela definição manhosa das séries sac... "carregadas". :P
A minha teoria tem mesmo que ficar para outro dia, porque cada vez que eu começo a escrever sobre o Lost (basta fazer scroll up para se ter uma ideia... lol), entusiasmo-me e sai sempre testamento! ;-)
Sim, os últimos eps dessa season foram qualquer coisa de extraordinário! É tal e qual como dizes, o Jack sempre assumiu aquele papel de salvador, de líder, de pastor até (o apelido dele apesar de ser Shephard e não Shepherd, não era inocente de certeza… tal como os nomes de muitas outras personagens) que os quer salvar daquele destino trágico de estarem presos na ilha e ao mesmo tempo estarmos a vê-lo a implorar para voltar, foi daqueles «volte-face» de todo o tamanho… Há que ter cuidado com o que se deseja.
EliminarAgora que falas no Matthew Fox, o Terry O’Quinn fazia um papelão! A personagem como John Locke e depois a transfiguração dele quando o Man In Black se serve do corpo do Locke… brilhante! Sem falar no Michael Emerson que era suposto entrar só em 3 episódios e ficou até ao fim. Havia excelentes actores na série.
A cena das jaulas, já nem me lembrava lol Foi caricato, no mínimo. É engraçado que a Kate era a personagem que eu menos gostava na série, tinha muitas atitudes que nunca entendi e outras que me irritavam e o Sawyer era a minha preferida desde a primeira season precisamente porque era aquela figura anti-herói (no início, depois teve uma evolução bastante interessante), aquele sarcasmo mordaz dele e as alcunhas que arranjava para toda a gente lol
Em Blu-Ray deve estar espetacular! :) é aquela caixa com imensos extras?
Lol, a teoria fica para quando quiseres claro ;)
"Careful what you wish for". Mesmo! É uma moral universal que é válida para qualquer pessoa, em qualquer tempo. E essa poderia a ser a moral de toda a série! Essa e o papel do "destino" e da nossa intervenção no seu andamento. Era mais por aí que eu esperava que eles "desatassem" a série e a minha teoria passava por aí. Mas ainda "a" vou guardar para mais tarde, em tempo e em local mais adequado :)
EliminarO Lost é "a" série para se ver em Blu-Ray. True story. :)
Se quiseres dá uma vista de olhos nos sites da especialidade (tipo o blu-ray.com http://www.blu-ray.com/movies/Lost-The-Complete-Collection-Blu-ray/9557/) e vês como é que eles falam desta série em alta definição.
Desde os cenários fabulosos da ilha, às expressões dos personagens, à música, está tudo detalhado ao mais ínfimo pormenor, tudo em gloriosa alta definição! É uma maravilha :)
(Ah, mas a minha é versão pobre, não tem os extras :P )
Em relação aos actores da série, subscrevo inteiramente. O Jack, o Sawyer, o Locke, o Ben, a Kate, ou a Juliet (para dar apenas alguns exemplos), só resultaram tão bem porque tiveram grandes actores por trás.
Acredito que não gostavas da Kate, ela não era uma personagem fácil de fazer. Mas acho que ela representava bem aquele tipo de miúda muita "rija", mas sentimentalmente muito volátil (ora gostava de um, ora gostava do outro). O que te posso dizer, era que eu gostava bastante dela :P
Em defesa dela, eu também gostava muito de ambos os personagens e identificava-me praticamente em igual medida com eles (mas em aspectos diferentes, claro :P )
"Son of a..."
http://www.youtube.com/watch?v=JVQpETyWLag
:P
É uma moral que fui aprendendo a prezar bastante! Quantas vezes não nos acontece ter o que desejamos e acaba por ser uma maldição... Às vezes acho que o Universo tem formas perversas de actuar. Passei a ter mesmo muito cuidado com o que peço (...cause I just might get it lol).
EliminarE sim, é tão verdade o que dizes! A série girava toda à volta do destino, do livre arbítrio, daqueles momentos em que se voltássemos atrás provavelmente agiríamos de forma diferente mas isso iria alterar o rumo das coisas... Dá tanto sobre o que pensar e filosofar :P Muito interessante a tua teoria pegar nisso tudo já que era precisamente o coração da série :)
É melhor nem ler muito a fundo sobre as maravilhas do Blu-Ray neste caso, senão ainda tenho de abrir os cordões à bolsa :P mesmo sem os extras deve valer a pena :)
Tenho alguns filmes e séries ("Band of Brothers" que ainda não consegui acabar de ver, fiquei a meio :/) em 1080p e realmente é outra coisa! Nunca liguei muito a essas coisas mas a primeira vez que vi um filmes em 1080 num LCD em condições, todo um novo mundo se revelou para mim lol
Imagino que gostasses bastante dela :P a actriz é lindíssima! Não tenho mesmo nada contra a Evangeline Lilly, a Kate é que me irritava precisamente por causa desses dramas: Sawyer ou Jack... eis a questão :P Às tantas dava um tom de novela à série lol mas pronto, o dilema dela também não era de fácil solução eheheh
Ahahaha! muito bom esse vídeo! :D
Há outros dois bem engraçados também em que fizeram um apanhado das alcunhas que ele inventava (e algumas só demonstravam que era bem mais letrado do que se poderia inicialmente pensar...):
http://www.youtube.com/watch?v=or_BGsW7Mgg&list=FLnioNSN3RjXcrPBoyP8CaKw&index=1&feature=plpp_video
http://www.youtube.com/watch?v=ODByPPenRYk
Oh happy day, here comes Dr. Giggles... :D
E há este que ao que parece faz parte de uns extras:
http://www.youtube.com/watch?v=8J2oN6mWAfM&feature=related
Hehe é exactamente esse tipo de reflexões que eu adorava na série. Destino / livre arbítrio / Causa-consequência das tuas acções em ti e nos outros, etc. Pena que eles não pegaram por aí e foram para o campo espiritual e o camandro... lol
EliminarFico assim "fiel" às minha reflexões durante a série, porque a experiência realmente fascinante do Lost deu-se com a "viagem" e não com o seu desfecho. Mas a verdade é que sempre que apareciam aquelas letras no fim...
L O S T
...aquilo dava para uns minutos a pensar. :)
Acredita que vale mesmo a pena abrir os cordões à bolsa para ver as sardas e os caracóis molhados da Kate e as expressões do Locke em HD! ;-)
Eu pelo menos acho que sim, mas o que é que eu sei?! :P
O Sawyer era o maior. Um con-man culto, um bad-boy letrado. Era impossível não adorar o gajo :P
Já limpei esses vídeos há uns anos, mas fartei-me de rir a vê-los outras vez! Ele ia buscar cada referência mais rebuscada para insultar os outros... Desde o cinema, à literatura, passando pela música e claro, alguns mais ordinários. :P
Havia até (ainda deve haver) sites com listas das alcunhas e votações para escolher os preferidos! lol Dos que me lembro, os que mais gostava eram Mr. Miyagy ao Jin, Coronel Kurtz ao Locke, Costanza (hehe) ao outro que estava com ele na prisão, Oliver Twist ao Charlie (lol), Freckles à Kate (este era inteligente em vários níveis ;-) ), Kenny Rogers ao Frank (o gajo era igualzinho :P ), mas o meu preferido (e mais ofensivo lol)... Jumbotron ao Hurley :P
Por falar nas letras do L O S T no fim dos episódios, lembro-me quando acabou a S05 e dessa vez apareceram a preto e o fundo a branco foi mesmo "WOW! isto promete tanto!" shit just got real! :P
EliminarJá tou mesmo a ver que mais dia menos dia cedo à tentação da série em Blu-Ray... Em HD o Sawyer deve ser ainda mais hilariante :PP
Tadinho do Hurley, Jumbotron é muito forte mas é tão bem jogado lol e não sei se Jabba não é ainda pior :P
Eu lembro-me de um site onde costumava ver as alcunhas, se calhar é um desses que falas: http://lost.about.com/od/sawyernicknames/Sawyers_Nicknames.htm
O que me rio a lembrar algumas delas!
Cada vez que vais buscar uma referência, parece que consegues sempre acertar com aquelas que também foram mais marcantes para mim, é incrível! :P
EliminarÉ que para mim, depois da cena do aeroporto no final da S03, o grande momento do Lost foi o "The Incident", no final da S05, com o L O S T a aparecer em imagem negativa :)
Lembro-me perfeitamente do momento em que vi aquilo e fiquei completamente paralisado por uns segundos, a olhar para o ecrã, exactamente com esse pensamento! "WTF just happened?!" :P
E depois do êxtase daqueles segundos... Pensar que ainda tinha que esperar 7 meses (salvo erro de Maio a Janeiro), para o início da S06!
A S06 que começou com outro daqueles momentos "WTF", quando nos apercebemos que a ilha estava submersa! Essa ideia tinha tanto potencial e foi tão mal aproveitada... :P
Ehehe, great minds think alike :P
EliminarÉ pena não te ter "conhecido" na altura, mais uma pessoa para passar horas a discutir as teorias lol
A cena da ilha submersa!! Podia ter sido tão bem explorada e no fim a montanha pariu um rato. Supostamente estava submersa porque era uma memória adormecida na "afterlife", bah...
Outra grande cena que me lembrei quando andava entretida no youtube:
http://www.youtube.com/watch?v=DgsNjTyGsRk
O Desmond era provavelmente a minha personagem preferida a seguir ao Sawyer. Para mim, o episódio "The Constant" da S04 é um dos melhores da série.
É verdade! De certeza que se nos tivéssemos conhecido na altura, isso significaria muitas horas perdidas para ambos :P
EliminarA cena da "afterlife"... Não "comprei" nada disso! A sensação com que fiquei na altura (mais uma teoria) é que eles tinham pensado num final realmente inteligente (tipo... alguma coisa parecida com a minha teoria ;-) hehe) e quando apresentaram aquilo à ABC, eles torceram o nariz e pediram algo mais "telenovélico"! E depois foi como disseste... "a montanha pariu um rato"!
Isto partindo do princípio que 2 mentes tão brilhantes como o Damon Lindelof e Carlton Cuse (wow ainda me lembrava dos nomes deles! lol), de onde saiu uma série tão superlativamente brilhante como o Lost, não podem ter chegado sozinhos à conclusão que aquela seria a maneira mais lógica/interessante de acabar a série. Digo eu...
O Desmond, quem não gostava? :P
Especialmente o "The Constant", que também acho (olha a surpresa) que é um dos melhores da série! E aquele final telenovélico (aqui sim caiu que nem uma luva) em que ele retoma o contacto com a Penny... Espectáculo! :)
Essa tua teoria, sempre tão carregada de suspense! :P
ResponderEliminarPor acaso ainda não tinha pensado nessa hipótese, de ter sido a ABC a recusar o final que eles queriam mas é bem pensado. Quantas vezes não estragam séries com a mania de fazer isso... :/
O Desmond e a Penny tinham o romance mais bonito da série :) Acho que até o maior cínico à face da terra ficou emocionado com aquele telefonema :P