segunda-feira, 10 de junho de 2013

Genesis - "Harold The Barrel"

"You must be joking! Take a running jump..."



Hoje vou falar de suicídio. Não do meu, obviamente, que gosto demasiado de mim para fazer tal coisa. Venho, sim, falar do Harold, o Barril.
Julgando pela alcunha, Harold era um homem gordo, ou bêbado. Ou ambos. Não sabemos. Aliás, pela informação que nos é dada, pouco sabemos acerca de Harold, a não ser que ele é dono de um restaurante em Bognor (cidade no sul de Inglaterra), que tem uma mãe com 67 anos e que já não pode aguentar mais.
Com uma mãe com 67 anos, Harold deveria ser um homem de meia idade, com os seus 40 anos. Provavelmente a passar uma crise de meia idade, o exame que fez à sua vida revelou que a saída seria um choque frontal com a Velha Senhora. Sem mais família para o amparar, Harold decidiu tomar a fuga para a frente.

 News:
    A well-known Bognor restaurant-owner disappeared
    early this morning.
    Last seen in a mouse-brown overcoat,
    suitably camouflaged,
    they saw him catch a train.

Man-in-the-street:
    "Father of three its disgusting"
    "Such a horrible thing to do"

Harold the Barrel cut off his toes and he served them all for tea.

    "Can't go far""He can't go far".
    "Hasn't got a leg to stand on"
    "He can't go far".

Man-on-the-spot:
    I'm standing in a doorway on the main square
    tension is mounting
    There's a restless crowd of angry people

Man-on-the-council:
    "More than we've ever seen.
    - had to tighten up security"

Over to the scene at the town hall
The Lord Mayor's ready to speak

Lord Mayor:
    "Man of suspicion, you can't last long, the British Public is on our side"

British Public:
    "Can't last long""You can't last long".
    "Said you couldn't trust him, his brother was just the same"
    "You can't last long".

Harold:
    If I was many miles from here,
    I'd be sailing in an open boat on the sea
    Instead I'm on this window ledge,
    With the whole world below

Up at the window
Look at the window...

Mr.Plod:
    "We can help you"

Plod's Chorus:
    "We can help you"

Mr. Plod:
    "We're all your friends, if you come on down and talk to us son"

Harold:
    You must be joking!
    Take a running jump...

The crowd was getting stronger and our Harold getting weaker;
Forwards, backwards, swaying side to side
Fearing the very worst
They called his mother to the sight
Upon the ledge beside him
His mother made a last request.

67-year-old Mrs. Barrel:
    "Come off the ledge, if your father were alive he'd be very, very, very upset."
    "Just can't jump, you just can't jump"
    "Your shirt's all dirty, there's a man here from the B.B.C."
    "You just can't jump"

Mr. Plod:
    "We can help you"

Plod's Chorus:
    "We can help you"

Mr. Plod:
    "We're all your friends, if you come on down and talk to us Harry"

Harold:
    You must be joking!
    Take a running jump...

Não, este texto não pretende ser uma dissertação sobre o suicídio. Mas já que estamos nisso, lembrem-se que por mais escuro que seja o buraco, há sempre uma saída.

Este texto pretende ser uma dissertação sobre o acaso de quando ouvimos um tema que já conhecemos há anos, prestamos atenção ao que ele diz e nos deparamos com um animal completamente diferente. É o caso de "Harold The Barrel". Estou fascinado com este curto tema dos Genesis, do álbum de estreia da sua formação clássica (Gabriel/Collins/Hackett/Rutherford/Banks) "Nursery Cryme".


"Harold The Barrel" tem 3 minutos, não é o melhor tema dos Genesis, não é o melhor tema de "Nursery Cryme" e nem sequer é o melhor tema do 2º lado do álbum (já agora, essas honras poderiam ser atribuídas a "The Carpet Crawlers", "The Musical Box" e "The Fountain Of Salmacis", respectivamente). Mas "Harold The Barrel" é um tema que, em 3 minutos, condensa uma série de virtudes dos Genesis daquela época.

Em 3 minutos, os Genesis contam um conto. Introduzem uma série de personagens (que falam!), fazem uma descrição detalhada de um acontecimento trágico e da perspectiva decidida do personagem principal. A música, as mudanças de andamento, as pinceladas da guitarra de Steve Hackett, tudo serve para compor a pintura de uma história, como só os Genesis conseguem contar.
Não sei se há mais bandas que conseguem realizar uma peça teatral num tema de 3 minutos, se há, não conheço.

Note-se que aquando da gravação original de "Harold The Barrel", Hackett ainda não fazia parte da banda (foi o último a entrar da formação clássica), pelo que as suas partes foram adicionadas a posteriori. E logo ali deu para perceber que o seu input na banda seria valiosíssimo.

O fim da história conta o esperado desfecho. Enquanto Tony Banks toca as notas finais ao piano, a voz de Phil Collins desvanece ao ritmo da queda de Harold. O fim do tema marca o fim da vida do nosso fugaz herói.

3 comentários:

  1. Eu gosto particularmente da parte: "Harold the Barrel cut off his toes and he served them all for tea." lol

    É sempre engraçado redescobrir músicas que já conhecemos mas nunca demos muita atenção à letra :)

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  2. Essa parte é clássica escrita surreal do Peter Gabriel :)
    Não há dúvida que, sem ele, os Genesis perderam irremediavelmente essa componente na sua música. Na contracapa do álbum ao vivo "Genesis Live" (gravado na digressão do "Foxtrot"), ele mandou-se com esta:

    4:30 p.m. The tube train draws to a halt. There is no station in sight. Anxious glances dart around amongst the passengers as they acknowledge each other’s presence for the first time.

    At the end of the train, a young lady in a green trouser suit stands up in the centre of the carriage and proceeds to unbutton her jacket, which she removes and drops to the dirty wooden floor. She also takes off her shoes, her trousers, her blouse, her brassiere, her tights and her floral panties, dropping them all in a neat pile. This leaves her totally naked.

    She then moves her hands across her thighs and begins to fiddle around in between her legs. Eventually, she catches hold of something cold and metallic and very slowly, she starts to unzip her body; working in a straight line up the stomach, between the breasts, up the neck, taking it right on through the centre of her face to her forehead. Her fingers probe up and down the resulting slit finally coming to rest on either side of her navel. She pauses for a moment, before meticulously working her flesh apart. Slipping her right hand into the open gash, she pushes up through her throat, latching on to some buried solid at the top of her spine. With tremendous effort, she loosens and pulls out a thin, shimmering, golden rod. Her fingers release their grip and her crumbled body, neatly sliced, slithers down the liquid surface of the rod to the floor.

    SPLAT!

    The rod remains hovering just off the ground, a flagpole without flag.
    The other passengers have been totally silent, but at the sound of the body dropping on the floor a large middle-aged lady wearing a pink dress and matching poodle stands up and shouts, “STOP THIS, ITS DISGUSTING!”

    The golden rod disappeared; the green trouser-suit was left on a hanger with a dry-cleaning ticket pinned to the left arm. On the ticket was written-

    NAME…………………………….
    ADDRESS………………………
    …………………………………….
    …………………………………….
    ……………………………………."


    Classic Gabriel :)

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    Respostas
    1. Lol, que cena!! :D mesmo à Peter Gabriel sim! Fez-me lembrar aquele teu post sobre a escrita dele no "The Lamb Lies Down on Broadway" :)

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