quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Tears For Fears - "Broken"

"In my mind's eye, one little boy anger one little man"



1985 foi um ano magnífico. Já em 1973, Paul McCartney tinha antecipado que este seria um ano especial, quando escreveu o fantástico "Nineteen Hundred and Eighty Five" para o maravilhoso álbum "Band On The Run". Mas isso ficará para outro dia.
Não é sobre nada disso que eu vou falar hoje.

O meu álbum preferido de 1985, que é simultaneamente um dos meus álbuns preferidos de sempre, dá pelo nome de "Songs From The Big Chair" e é de uma das bandas que definiu esse ano: os Tears For Fears.


Originalmente gravado em 1983, "We Are Broken" foi um tema construído à volta de drum machines e sintetizadores, guiado por um áspero riff de guitarra de Roland Orzabal.
Dois anos mais tarde, este tema foi recuperado para "Songs From The Big Chair" e rebaptizado de "Broken", numa gravação com a banda completa. No álbum, "Broken" foi dividido em dois excertos, que apareceriam separados pelo tema "Head Over Heels" (outra grande malha).
A versão original "We Are Broken" ficaria relegada para a obscuridão, apenas lançada como um Lado B no single "Pale Shelter" e no single exclusivo ao Japão de "The Way We Are".

Na verdade, a sequência de acordes de "We Are Broken" deu origem a uma série de diferentes temas dos Tears For Fears. A saber:
- "Broken"
- "Broken (Live)" (ambas as versões fazem parte do álbum "Songs From The Big Chair", intercaladas por "Head Over Heels")
- "Broken Revisited" (uma bizarra versão alternativa de "We Are Broken" com a gravação de vozes invertidas)
- "Head Over Heels" (um tema absolutamente novo com base na sequência de acordes de "We Are Broken")
- "When In Love With A Blind Man" (mais uma vez, um tema completamente novo com base na mesma sequência de acordes)

As faixas "Broken", "Head Over Heels" e "Broken (Live)" foram incluídas no álbum "Songs From the Big Chair". "When in Love with a Blind Man" foi o Lado B de Head Over Heels e "Broken Revisited" foi incluído numa edição limitada em MC de "Songs From the Big Chair".

É interessante perceber que todos estes 5 temas foram editados por diversas vezes ao longo dos anos, tanto em reedições de "Big Chair", como em compilações. Porém, o tema berço "We Are Broken" continuou sem ver a luz do dia até 2007, quando foi incluído na compilação "Famous Last Words - The Collection". E mesmo assim, já li que a introdução não é exactamente igual àquela que estava no single "Pale Shelter" de 1983. Se assim for, ainda estou para ouvir a versão original de "We Are Broken".

"Between the searching and the need to work it out, I stop believing everything will be alright"

"Broken" é a âncora do Lado 2 do álbum "Songs From The Big Chair". É um tema que reflecte o desespero visceral causado pela necessidade de fazer com que as coisas resultem na vida... quando as coisas teimam em não resultar.
Quem nunca sentiu isso?

É também interessante observar a colocação de "Broken" na estrutura do álbum, se pensarmos que "Head Over Heels" é um tema que transmite a pureza e a inocência de uma paixão juvenil. Estando "Head Over Heels" entalado entre dois segmentos de "Broken", esta sequência dá a ideia de full circle... A cada ciclo completo, mantém-se o mesmo estado de espírito:

"Broken, we are broken"

O vídeo que fica aqui documenta uma performance de "Broken" ao vivo em Munique, na digressão de promoção do multi-platinado "Songs From The Big Chair". Este vídeo está incluído no excelente filme "Scenes From The Big Chair", que compila uma série de clips, entrevistas e performances ao vivo dos Tears For Fears, alusivas ao álbum "Big Chair".

"Scenes From The Big Chair" é um documentário que retrata os Tears For Fears no seu auge de popularidade em todo o mundo, capturando o sucesso da banda em locais tão distantes como o Japão, a Alemanha, ou os EUA.

Lançado em vídeo em 1985, "Scenes From The Big Chair" foi recentemente reeditado em DVD, numa edição que eu aconselho sem reservas. Conjuntamente com o documentário, está também incluído neste DVD uma entrevista com o produtor do disco Chris Hughes e ainda o concerto "Going To California", que teve lugar em Santa Barbara, na digressão do álbum "The Seeds Of Love". É pena que o concerto não seja da era de "Big Chair", mas não se pode pedir tudo...


"Funny how... time flies"

3 comentários:

  1. Estava eu no outro dia a rever o "Donnie Darko" e há uma cena (que é das melhores do filme) que foi escrita e coreografada propositadamente para a "Head Over Heels" :)

    A parte parva é que já vi o filme umas 3 ou 4 vezes (sim, é daqueles que vendo só 1 ou 2 vezes não dá para perceber completamente) e não sabia que a música era deles :/ já conheço há muitos anos e não sabia quem cantava. Sim, shame on me :P Desta vez pensei: mas afinal quem é que canta isto?... Quando vi na wikipedia que era TFF "ah, o Nuno deve ter algum post sobre a música" lol

    Caso ainda não tenhas visto o filme, a cena é esta:
    http://www.youtube.com/watch?v=YI9a4fgIabM&list=FLnioNSN3RjXcrPBoyP8CaKw&index=1&feature=plpp_video

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    1. Já vi o Donnie Darko, sim! ;) Grande filme e fantástica banda sonora, claro! Adorei!
      Aliás, por ocasião desse filme, o Gary Jules e o Michael Andrews gravaram um cover do "Mad World", que foi nº1 no Natal no UK (o que é um grande feito lá, como se pode ver no filme "Love Actually" ;) ), o que os TFF nunca conseguiram.

      Um dia destes ouve estes álbuns dos TFF "a sério": o "Songs From the Big Chair" e o "Seeds Of Love". São fabulosos, dois dos meus álbuns preferidos :)

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    2. Pois, já imaginava que tivesses visto :) Também gosto bastante do início do filme, com a "Never Tear Us Apart" dos INXS (que pelos vistos só aparece na versão Director's Cut).
      Sim, essa versão da "Mad World" ficou muito conhecida e é TÃO perfeita para o filme! Mais uma música que eu não sabia que era dos TFF originalmente :x

      Sim, tenho de ouvir esses álbuns. Quer-me parecer que vou dar com músicas que já conhecia de ouvido...

      (pois é! o "Love Actually" retrata bem isso :) pena as cenas com os portugueses serem um bocado parvas lol mas gosto bastante do filme, é um guilty pleasure :P)

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