segunda-feira, 21 de setembro de 2015

David Gilmour - "5 A.M."



Rattle That Broken Foot Tour Journal

Tomo I - Três Prólogos

O início da história desta viagem remonta a Março. Não, pensando melhor, o primeiro prólogo remonta a 2006. Foi a 15 de Março desse ano que eu vi David Gilmour e Richard Wright ao vivo no Grand Rex, em Paris. Foi a melhor noite da minha vida. Foi uma noite para a eternidade, com "Echoes", "High Hopes", "Time" e "Comfortably Numb" a duas vozes, num lugar mágico e em circunstâncias irrepetíveis.
Mas o que é vida, se não a perseguição de um momento irrepetível? Foi por isso sem grandes dúvidas que, quando David Gilmour anunciou em Março a sua primeira digressão desde 2006 (segundo prólogo), eu comprei o número máximo de bilhetes possível. No total, três concertos em quatro dias: Pula na Croácia e Verona e Florença em Itália. Venham de lá esses momentos.

O terceiro prólogo desta história aconteceria em Julho, no concerto dos The Prodigy no Alive. Olvidando a minha idade, dissolvi-me num mosh pit cheio de miúdos com mais horas de ginásio que de livros e que, se eu fosse de outra etnia, já podiam ser meus filhos. Ao segundo tema, um destes jovens caiu em cima de mim e partiu-me o pé. "Ainda faltam dois meses para a Croácia", pensei eu. Os médicos profetizaram uma recuperação rápida que nunca se deu, mediante um descanso que nunca houve. E assim chego à semana da viagem em pânico, ainda a precisar de canadianas como o Dr. House precisa da sua muleta.

Vou ao médico. De certeza que o optimismo que ele demonstrou no passado me vai validar a viagem.
"E então doutor, acha que que estou em condições de fazer esta viagem?", pergunto.
"Não.", responde ele secamente. "Pode e deve ir de férias, para descansar; mas se a sua ideia de férias é cruzar a região do Adriático em 10 dias, o meu aviso é que não o faça. Se quiser, passo-lhe os papéis para as companhias aéreas".
"O doutor não está a perceber. Fazer a viagem não está em causa."
"Então o que quer que lhe diga?"
"Quero a sua aprovação."
"... Não posso fazer isso. Você está a arriscar. Tem mesmo que ir? É trabalho?"
"Não, é muito mais que isso. É o David Gilmour."
"Quem?!", pergunta o doutor, genuinamente confuso.
"O guitarrista dos Pink Floyd!"
"Ah, ok", suspira o médico, de semblante baralhado. "Nesse caso, se tem mesmo que ir, vá. Só lhe desejo boa sorte".

E assim lá fui para a Croácia, canadiana em riste, na perseguição de mais um momento.

3 comentários:

  1. esse médico desconhece-te completamente :P ;)

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    1. Ele fartou-se de insistir nos papéis para o reembolso dos voos, não estava mesmo a perceber que nunca esteve em hipótese não ir ;)

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  2. esse médico desconhece-te completamente :P ;)

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