terça-feira, 6 de agosto de 2013

Pink Floyd - "The Final Cut"

i'm spiralling down to the hole in the ground where i hide
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ponto prévio: "the final cut" não é o melhor álbum dos pink floyd. longe disso. tão longe, que quase parece uma banda diferente.

"the final cut" é a cristalização dos pink floyd segundo roger waters, tal como "the division bell" seria mais tarde a cristalização do som da banda segundo david gilmour, ou "the piper at the gates of dawn" fora a materialização dos pink floyd segundo syd barrett.


"the final cut" mostra roger waters como um eucalipto que secara tudo à sua volta na banda. richard wright (o teclista) fora despedido por roger depois da gravação de "the wall" e até nick mason (o baterista) teve uma participação diminuta neste trabalho.




se olharmos para "the final cut" como um álbum a solo de waters, mas um álbum que conta com a participação de david gilmour, então até podemos dizer que é o melhor deles todos. 
para os outros álbuns a solo, roger tentou repetir a fórmula do "grande guitarrista": convidou eric clapton para "the pros and cons of hitchhiking" de 1984; andy fairweather low para "radio kaos" (a besta negra da sua discografia a a solo) de 1987 e jeff beck para "amused to death" de 1992. 
nunca mais teve o mesmo sucesso. afinal, david gilmour é david gilmour e só david gilmour é pink floyd.

mas se compararmos "the final cut" com os outros álbuns dos pink floyd, ele empalidece.

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if i show you my dark side, will you still hold me tonight?
if i open my heart to you and show you my weak side, what would you do?

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"the final cut" não é um trabalho de fácil digestão. o álbum é dedicado a eric fletcher waters - o pai de roger e a temática obsessiva ao longo de toda a sua carreira, principalmente na parte final. 
a música é demasiado apoiada na letra e as melodias praticamente inexistentes, síndrome geral dos trabalhos a solo de waters.
pelo resultado que aqui ouvimos e comparando, por exemplo, com "wish you were here" - o álbum mais ecuménico da banda - é fácil perceber quem é a facção mais musical dos pink floyd.

como ficou aqui provado, quer queira, quer não, roger waters precisa mesmo dos restantes pink floyd para poder deitar cá para fora todo o seu (inequívoco) génio criativo. ao fim de muitos anos, acho que já percebeu isso e terá mesmo tentado fazer as pazes, mas já foi tarde demais.
infelizmente, demorou demasiado tempo a perceber o que o meu pai percebeu à primeira audição de "the final cut". ele, que nunca entendeu uma frase de inglês e sempre se reviu na música dos pink floyd, ao ser deparado com este álbum, demasiado wordy, percebeu logo que ali faltava o toque de david. de david gilmour, pois claro.

a marca de david gilmour é ténue ao longo do álbum, mas quando aparece, bate com força e a música levita para uma nova dimensão.
é o caso do tema-título de "the final cut". quando rebenta a guitarra de gilmour, imediatamente sabemos que estamos a ouvir pink floyd.

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thought i oughta bare my naked feelings
thought i oughta tear the curtain down
i held the blade in trembling hands
prepared to make it but just then the phone rang
i never had the nerve to make the final cut

5 comentários:

  1. Deste álbum, essa música é a única que eu já conhecia antes de ler o post. É um álbum que ainda não despertou a minha curiosidade...

    Por acaso na primeira vez que ouvi a música, foi só mesmo a parte em que entra a guitarra que me fez ter mais atenção.

    I'm team Gilmour :P o Roger Waters tem certas merdas (ou tinha) que me irritam solenemente, sempre que leio histórias sobre os Pink Floyd lol mas claro que isso não invalida a tal genialidade dele, claro.

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    1. Estou contigo, também sou team Gilmour! :)

      Apesar de ter batido bastante no "The Final Cut" neste post, eu até gosto do álbum. Tempos houve em que o ouvia continuamente! Mais precisamente durante as sessões de estudo para os exames nacionais, no verão de 2003. Já lá vão 10 anos... :P
      Mas sim, os melhores momentos são mesmo quando aparece o David Gilmour. No resto do tempo, é como se fosse a voz do Roger cá à frente, com uma música de fundo a acompanhar. Não é bem o que se espera dos Pink Floyd...

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  2. Definitivamente a melhor música do 'The Final Cut'! Apesar de não ser propriamente Pink Floyd, sempre foi um dos meus álbuns favoritos da banda, já que é um dos 5 álbuns da banda que tenho por cá, sendo os outros Dark Side of The Moon, Wish You Were Here, Animals e The Division Bell. Sempre tive uma queda para tudo o que seja depressivo (não gosto do cunho 'deprimente') e sendo o álbum extremamente melancólico, tanto pela letra como pela melodia em si, não desiludiu! :)

    Bom post, já agora! :P

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    1. Filipe, bem vindo sejas aqui outra vez! :)
      Pois, definitivamente 'deprimente' não pode ser adjectivo para ser aqui utilizado. 'Deprimente' é o "I Don't Want To Miss A Thing" dos Aerosmith, ou toda a carreira da Celine Dion. :)

      Eu também gosto de ouvi música mais depressiva, quando o meu estado de espírito está para aí virado. Não sei se conheces, mas nesse âmbito, hás de experimentar os Tears For Fears:
      http://escolhamusicaldodia.blogspot.pt/search/label/Artista%3A%20Tears%20For%20Fears

      Começa com este tema, que por alguma razão, sempre me fez lembrar um pouco os Pink Floyd:
      https://www.youtube.com/watch?v=Ja4qxbu7eio

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    2. Costumo passar aqui uma vez por semana para ver se há novidades, tenho é o (mau) hábito de não fazer comentários! :)
      Confesso que dos Tears for Fears só conhecia uma música, Shout, sendo que as restantes acabei por conhecer aqui no blog! E, apesar de nem desgostar do som dos rapazes, não sei se pelos sintetizadores se por outro motivo qualquer, não foi um estilo que me fizesse ir procurar por mais.
      Não me fez lembrar Pink Floyd mas aquele saxofone... Fantástico!

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