sexta-feira, 13 de julho de 2012

Pink Floyd - "Pigs (Three Different Ones)"

«Pink Floyd de "Animals" a "The Wall" - Um muro ao fundo do túnel» (Parte 2)

Capítulo IV - Um porco na estrada

O nascimento de "Animals" foi um processo difícil e moroso, que deixou mazelas anímicas nos membros dos Pink Floyd, mas foi apenas o início: o início do fim.
Uma vez lançado o monstro para a rua, era preciso alimentá-lo, levá-lo à estrada. Mas isso, nesta altura do "campeonato", com os Pink Floyd no topo do Mundo, só poderia ser feito em larga escala. Assim, os Pink Floyd decidiram que, dando resposta à elevada procura em algumas cidades, estava na hora de sair do conforto das arenas e aí levar o seu espectáculo para grandes estádios.

A fome de sucesso (e de dinheiro) da máquina dos Pink Floyd era enorme, pelo que foi lançada uma campanha de promoção muito agressiva para a digressão de promoção a "Animals", enchendo páginas dos jornais com maior tiragem nos países que visitou. Embora o álbum não tenha sido comercialmente tão bem sucedido como os dois anteriores, os Pink Floyd bateram recordes de escala, de demanda e de vendas de bilhetes, esgotando arenas e estádios na Europa e nos EUA.
A procura era imensa e a ganância dos promotores ainda maior, de tal forma que, para fazer face à elevada demanda de bilhetes, as salas estavam muitas vezes claramente sobrelotadas. Foi o caso do Soldier Field Stadium em Chicago, para onde deveriam ter sido vendidos 67 000 bilhetes, mas foram na realidade emitidos mais de 95 000, lesando a banda em centenas de milhares de dólares.

"You're nearly a good laugh, almost a joker
With your head down in the pig bin saying 'Keep on digging'"



Dentro do espírito megalómano que já estava intrínseco a tudo o que os Pink Floyd faziam, a banda decidiu levar consigo Algie (em baixo, à esquerda), o grande ícone de "Animals" - um porco insuflável gigante, que flutuava sobre a audiência e se tornaria numa das imagens de marca da banda. Foi projectado um palco mais elaborado e foram ainda criados outros insufláveis, como a "Família Nuclear" (em baixo, à direita), para completar o cenário. Mas o que ficou para a História foi mesmo o porco insuflável, que passou a presença assídua nos concertos dos Pink Floyd e, mais tarde, de Roger Waters a solo.


E foi assim que nasceu a "In The Flesh Tour" (ou "Animals Tour"), que espalhou raiva e desdém pela Europa e os EUA fora, desde Janeiro a Julho de 1977, em 55 concertos.
Musicalmente e energicamente, a banda estava melhor do que nunca: coesa e confiante. Pela primeira vez desde 1972, foram dispensadas as backup singers, mas foi recrutado o guitarrista Snowy White (que já tinha estado nas gravações de "Animals"), bem como o saxofonista Dick Parry, que preenchiam a paisagem sonora da banda em palco.

A estrutura do espectáculo era fixa: no 1º Set, o álbum "Animals" completo, numa sequência diferente da original; no 2º Set, o álbum "Wish You Were Here" completo, na sequência original; nos encores, o normal era a banda tocar "Money" ou "Us And Them", do álbum "the Dark Side Of The Moon", embora nalgumas ocasiões tocassem os dois. Com a interpretação dos 2 últimos álbuns completos, muitas vezes reforçados por longas passagem de improviso, mais um encore (por vezes alargado), os espectáculos desta digressão foram uma demonstração de força dos Pink Floyd como "banda de palco", para além do espectáculo que os rodeava.
Embora as digressões anteriores já tivessem utilizado lasers, projecções e insufláveis, foi especialmente a partir daqui (começando com a digressão "The Wall Live" original), que os concertos dos Pink Floyd começaram a atirar os intérpretes da música para um plano quase "complementar" do espectáculo.

Por tudo isto e por ser a última digressão com maior "liberdade de improviso", a "In The Flesh Tour" é amplamente reconhecida como uma das mais memoráveis digressões da História dos Pink Floyd e ainda hoje é vista com saudade pelos fãs da banda. Mas esteve longe de ser uma digressão fácil. Começando pela escala monumental dos concertos.
Outrora intimistas e em salas pequenas, os concertos dos Pink Floyd eram agora um espectáculo teatral imenso - à imagem da megalomania de Waters - servido para dezenas de milhares de espectadores, onde a música representava apenas uma parte do entretenimento. O mais curioso é que quem estava a ter mais problemas em lidar com este novo paradigma, era o próprio Roger, cujo comportamento foi ficando sucessivamente mais agressivo, à medida que a digressão foi avançando.

As faíscas dentro da banda não tardaram a surgir e as relações entre os membros dos Pink Floyd foram-se deteriorando. Foi nos EUA que a situação piorou e a determinada altura, Richard Wright chegou mesmo a apanhar um avião para a Inglaterra, ameaçando deixar a banda a meio da digressão. Waters, mais uma vez ele, começou a isolar-se do resto da banda, chegando às salas sozinho e saindo imediatamente a seguir ao fim dos concertos. Para piorar, a sua nova namorada não se dava com Ginger Gilmour - a mulher de David na época (não eram só os homens que se davam mal...) e aí surgiu mais um ponto de discórdia entre os dois. Nesta altura, David Gilmour já não via futuro nos Pink Floyd, uma vez que já tinham atingido tudo o que sonharam e partir daí seria sempre a descer.

O ambiente estava muito difícil.
Quando finalmente chegaram as últimas noites da "In The Flesh Tour" em Julho, na Costa Leste dos EUA e Canadá, o copo transbordou.

Capítulo V - Um porco no estádio

Se é verdade que a "In The Flesh Tour" deve a sua especial mística à agressividade com os Pink Floyd interpretavam as suas músicas no palco, não é menos verdade que foi essa agressividade que matou a banda. Com ferros matou, com ferros morreu.
Roger Waters, sempre ele, era nesta altura a figura central da banda, quer como força criativa, quer como força anímica. O seu comportamento cada vez mais agressivo ao longo da digressão foi a faísca demasiado incandescente, que acabou por consumir a banda em lume forte, uns anos mais tarde. Até lá, Roger ainda foi a tempo de criar uma das maiores obras primas da História do Rock: "The Wall".
Grande parte do caminho pelo túnel tenebroso que levou Roger Waters ao muro de "The Wall" foi percorrido ao longo da "In The Flesh Tour" e terminou na noite de 6 Julho, no Estádio Olímpico de Montreal, a última data da digressão de "Animals".


Poucas noites antes, no Madison Square Garden em New York, Roger já tinha perdido a cabeça com os técnicos de luz, contratados localmente devido à greve dos técnicos da comitiva dos Pink Floyd. Dando-se conta da dificuldade em manusearem o equipamento da banda e acertarem com as luzes no palco, Roger mandou parar a banda e gritou: "I think you New York lighting guys are a fucking load of shit!".

Em plena era de rebentamento do punk, par uma banda de massas como os Pink Floyd, o público era um "bicho" difícil de lidar, para quem estava habituado às audiências mais contemplativas do início da década de 70.
Durante a digressão, especialmente nos concertos americanos, com audiências mais barulhentas, era frequente Waters insultar os espectadores das primeiras filas que não paravam de gritar nos temas mais calmos, bem como os que levavam petardos para rebentar na sala, desconcentrando a banda.
Na noite de 6 Julho, em Montreal, diante de aproximadamente 90 mil pessoas, Roger não aguentou mais. Um grupo de miúdos mais entusiasmados da fila da frente irritou Roger ao ponto de... já lá vamos.


Com a prática e a confiança acumulada ao longo da digressão (para além das já referidas tensões), o último concerto da "In The Flesh Tour" foi musicalmente muito forte. A banda mostrava forte coesão e durante os primeiros temas do álbum "Animals" ("Sheep", "Pigs on the Wing (Part I)" e "Dogs") tudo parecia correr dentro do normal em cima do palco. Fora dele... nem por isso. A audiência mostrava-se particularmente faladora e barulhenta, ouvindo-se uma série de petardos a rebentar, aqui e ali. Era impossível esperar que 90 mil pessoas se mantivessem quietas.



Quando chegou "Pigs on the Wing (Part II)", Roger Waters perdeu a paciência. Depois de tentar tocar os primeiros acordes do tema, por 3 vezes, na sua guitarra acústica, rebentou mais um petardo e Roger parou de tocar, dirigindo-se assim ao público:



"Aww, for fuck's sake, stop lettin' off fireworks and shouting and screaming, I'm trying to sing the song!
I mean, I don't care.. If you don't want to hear it, you know... Fuck you! I'm sure there's a lot of people here who do want to hear it. So why don't you just be quiet!
If you want to let your fireworks off, go outside and let them off there, and if you want to shout and holler, go and do it out there...
I'm trying to sing a song that some people want to listen to! I want to listen to it..."

Estava assim feita uma declaração de guerra à audiência, não só do Estádio Olímpico de Montreal, mas também de todos os concertos dos Pink Floyd. Pelo disparo de raiva contra o seu próprio público, como um pai para um filho mal comportado, percebe-se que Roger estava farto de tudo e tinha chegado ao seu limite.

A banda continuou, mas Roger não tinha ainda terminado de despejar a sua amargura no público de Montreal. Quando chegou "Pigs (Three Different Ones)", Roger cumpriu a profecia que o próprio lançara num verso do tema "Dogs", chocando a audiência, a banda e, principalmente, ele próprio. Durante a secção de improviso no final do tema, Roger chamou um dos fãs da fila da frente para cima do palco e cuspiu-lhe na cara. "Who was trained not to spit in fan", indeed.



É impossível dizer exactamente quando é que foi a cuspidela, mas pelo destempero que Roger mostra no fim do tema, percebe-se que perdeu o controlo e ficou perturbado com o que acabou de fazer. Depois de ter cuspido no rapaz, Roger grita:

"Come back pig! All is forgiven! Come on, boy!"
(assobia, como se estivesse a chamar um animal)
"Come on, son! YEEEAAAH"

Tudo o que se passa no palco ganha contornos ainda mais macabros com a música sinistra de improviso, de "Pigs (Three Different Ones)", que a banda está a tocar neste momento.

Este foi o momento de epifania de Roger Waters, quando chegou à conclusão que nada daquilo fazia sentido: "Afterwards I became really depressed and thought, ‘My God, what have I been reduced to?'"
No fim da noite, de volta ao quarto de hotel, Roger percebeu que a audiência era um perigo para ele, uma vez que o estava a alienar do Mundo real e, mais que isso, ele próprio se tornara um perigo para a audiência, como ficou demonstrado pela famosa cuspidela.
Foi desta ideia de perigo mútuo que Roger Waters formulou a ideia do muro, um muro que separasse a banda e a audiência, garantindo que ninguém fizesse mal a ninguém.
Foi esta a base de construção do muro, foi esta a origem da ideia por trás do álbum "The Wall".

Epílogo - Um muro...

Se é habitual ouvir que os álbuns dos Pink Floyd são uma viagem, eu diria que "Animals" nos leva para um túnel escuro, numa fábrica abandonada. Como a que vemos nas fotos que acompanharam a edição original do álbum, em vinyl. No fundo desse túnel, um muro: "The Wall".
Deixo a última palavra a Roger Waters:

"In the Old Days, pre-Dark Side of the Moon, Pink Floyd played to audiences which, by virtue of their size, allowed an intimacy of connection that was magical.
However, success overtook us and by 1977 we were playing in football stadiums. The magic was crushed beneath the weight of numbers. We were becoming addicted to the trappings of popularity.
I found myself increasingly alienated in that atmosphere of avarice and ego until one night in the Olympic Stadium, Montreal, the boil of my frustrations burst.
Some crazed teenage fan was clawing his way up the storm netting that separated us from the human cattle pen in front of the stage screaming his devotion to the demi-gods beyond his reach. Incensed by his misunderstanding and my own connivance, I spat my frustration in his face.
Later that night, back at the hotel, shocked by my behavior, I was faced with a choice. To deny my addiction and embrace that comfortably numb but magic-less existence or accept the burden of insight, take the road less traveled and embark on the often painful journey to discover who I was and where I fit.
THE WALL was the picture I drew for myself to help me make that choice."



14 comentários:

  1. É um dos teus melhores posts :)
    Agora consigo perceber completamente de onde vem o “The Wall”. Fazia-me confusão a ideia base de um muro entre eles e o público. Porquê? Para quê?... E que conceito tão estranho. Agora penso mais “que conceito tão bem conseguido!” ;) e que tu soubeste tão bem transmitir.

    Esse episódio da cuspidela, fiquei mesmo de boca aberta! Quando li essa frase no post anterior ("Who was trained not to spit in the fan") pensei: “epah, mas alguém cuspiu num fã?! Não pode ser, deve ser fan noutro sentido… mais facilmente terá cuspido nalguma ventoínha, qualquer que seja a relação disso com o “The Wall””:p
    Compreendo o quão frustrante deve ter sido para ele tanta algazarra quando estão a tentar tocar mas cuspir numa pessoa que ainda por cima pagou para os ver… é daquelas atitudes completamente irreflectidas e reprováveis. Só mostra uma completa falta de respeito na minha opinião. Mas pronto, o rapazinho hoje em dia se for vivo tem o consolo de dizer que de certa forma despoletou um dos álbuns mais famosos da história da música :p

    Por acaso conheces King Crimson? Também são dos anos 60 mas bem menos conhecidos que os Pink Floyd. São considerados uma das maiores bandas de rock progressivo. Também são muito bons. Uma das músicas mais conhecidas: http://www.youtube.com/watch?v=D-cKRIY262Q

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    1. Como sempre, és a primeira (única? :P ) a "reagir" ao post e por isso, mais uma vez o meu obrigado :)

      É verdade, o episódio da cuspidela foi um daqueles momentos lendários do Rock que vai ser contado durante muitos anos! É que não foi só o facto do Roger ter cuspido no fã (não na ventoinha hehe :P ). Segundo uma história que eu li, ele chamou o miúdo para ao pé dele (para as pessoas terem visto, deve ter sido mesmo para cima do palco), mandou-lhe uma farta cuspidela na cara (agora que penso nisso, faltou-me referir esta parte no post :P ) e depois o miúdo foi "engolido" nova pela multidão, atirado pelos seguranças.
      Não só foi um momento lendário pela "bizarrice" da atitude do Roger (os Pink Floyd têm uma série de histórias do género, como o David Gilmour entrar dentro de um restaurante num Cadillac :P ), como também ainda serviu de mote ao "The Wall", que é o álbum monumental que conhecemos! BENDITA cuspidela!! :P
      Mas olha que não deve ser fácil, estar a tentar tocar uma música com a profundidade dos Pink Floyd e levar com fãs "ala Beatlemania" na fila da frente. Já pensaste no que seria o Thom Yorke ver ontem fãs histéricas "ala Tokio Hotel" (atenção que tive o cuidado de fazer aqui uma adaptação temporal ;) ), enquanto estava a cantar o "Street Spirit"? Conhecendo o feitiozinho do Thom (uma vez recusou ser cumprimentado pela Miley Cyrus), nada custava terem levado o mesmo tratamento...

      Ah os grandes King Crimson! Eu tive uma fase MUITO forte do Rock progressivo há coisa de 7/8 anos atrás. Desde Genesis a Pink Floyd (embora os Floyd não sejam bem progressivos, os Floyd são os Floyd ;) ), Camel a King Crimson... Na altura marchava um pouco de tudo. Depois fui para outras coisas e embora ainda ouça muito early Genesis, não voltei a ter uma fase tão forte de progressivo. Agora que me puseste um link para um tema do "In the Court of the Crimson King", pus-me a ouvir o álbum novamente (depois de uma data de anos) e estou nas nuvens! :P Muito obrigado pela recordação! ;)

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    2. Tomei o teu blog de assalto :P a culpa é do Bruce!

      BENDITA cuspidela!! :P LOL :D

      Sim, não deve ser mesmo nada fácil ter paciência para estas situações... A mim já me irrita profundamente gente que não sabe comportar-se nos concertos (conversas como se estivessem no café, a tirar fotografias a eles próprios para o Facebook, constantemente de braços no ar a filmar e tirar fotos...), quanto mais nessa situação dos Pink Floyd que descreves... E sim, também já li alguns episódios de encontros do Thom Yorke com gente famosa e todos se queixam do feitio dele lol fãs à Tokio Hotel seria puxar demasiado a corda :P (e isso do Cadillac, surreal :D)

      Não há nada que agradecer :) agora quem está a ouvir sou eu lol Eu cheguei aos King Crimson porque um amigo meu os adora e insistia imenso para eu ouvir e também porque são provavelmente a maior inspiração dos Tool que é uma banda que me diz mesmo muito. Os álbuns que conheço melhor são o "In the Court (...)" e o "Red".
      Genesis conheço pouco mas adoro a voz do Peter Gabriel! Tive pena de não o ter ido ver ao Super Bock Super Rock este ano...

      Essa dos técnicos de luz, o Roger Waters era mesmo terrível! lol faz-me lembrar o Christian Bale e um episódio famoso dele no set de um filme: http://www.youtube.com/watch?v=qrvMTv_r8sA desgraçados dos técnicos :P até há vídeos no youtube com remix disto.

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    3. Tomaste de assalto e tomaste muito bem! Haja alguém que dê cor a isto! :P Bendito concerto do Bruce! :)
      Por falar nisso, o Nils Logfren (um dos guitarristas da E Street Band) deu nestes dias uma entrevista à Rolling STone onde falou do concerto em Lisboa como um dos mais difíceis da digressão, uma vez que estavam a tocar para o público de um festival (e não daquelas audiêncies de "fiéis" ao Bruce), ainda por cima num país onde já não vinha há muito tempo: "It was a lot of work. I think we played about two-and-a-half hours. Man, it felt like five hours."
      Como vês, este é o "outro lado" daquilo que nós vimos. Nós assistimos a um concerto fabulosos que "converteu" milhares de pessoas ao Bruce. Mas para as converter, eles tiveram primeiro que se aperceber, no palco, da necessidade disso mesmo e depois tiveram que trabalhar nesse sentido. O Bruce "esvaziou o depósito" (imagino que ele deve chegar ao hotel esgotadíssimo depois dos concertos...) e no fim foi uma festa com final feliz! :)

      Como de costume, dou-te toda a razão com a porra dos smartphones nos concertos... Não há pachorra! Sou eu a querer ver o que está no palco e alguém à minha frente a gravar tudo num vídeo que nunca mais vai ver e entretanto a perder um espectáculo muito mais enriquecedor à sua frente. Tirar umas fotos de recordação, ou fazer um ou outro vídeo nos êxitos é compreensível, fazer uma "cobertura integral do evento... é uma idiotice pegada. My two cents...

      Esta semana foi toda a ouvir os King Crimson e adivinha graças a quem! ;-) Tenho que escrever umas linhas sobre eles um dia destes, também...
      Os Tool são uma (mais uma...) grande falha minha! Eu sei, eu sei, eles fazem música complexa e, com base em conceitos matemáticos (matemática... outra das minhas paixões de sempre :) ) e tal, mas eu simplesmente não os conheço, por nenhuma razão em especial... Nunca me despertou o interesse!

      Os Genesis são "só" tipo uma das melhores bandas se sempre :P São a minha grande referência no Rock Progressivo, sendo que eles o faziam de uma maneira na generalidade mais acessível que as restantes bandas do género. Isto obviamente antes de entrarem numa fase mais acessível "globalmente". :P
      O "Lamb" foi um daqueles álbuns que mudaram a minha vida, embora já não seja num registo tão puramente progressivo como o "Selling England By The Pound", "Foxtrot", ou "Nursery Cryme". Para mim, foi neste álbum, logo no início da "formação clássica" dos Genesis, que todas as virtudes do Rock Progressivo foram condensadas num tema, chamado "The Musical Box":
      http://www.youtube.com/watch?v=W35wtfcByIY (ao vivo)
      http://www.youtube.com/watch?v=wbniFGANrac (em estúdio)
      :)

      Também tive muita pena de não ver o Peter Gabriel no SBSR, mas ele facilitou-me a decisão ao ir ao Meco, uma vez que tinha prometido a mim mesmo não voltar lá, depois de ter demorado 5 horas e meia, sozinho, dentro do meu carro, a fazer Lisboa-Meco no ano passado. Jurei para nunca mais. Para além disso, ele veio com a New Blood Orchestra, o que significa que tocou os clássicos todos em "arranjos orquestrais novos" e não na forma que eu os quereria ouvir. Como disse, facilitou-me a decisão.
      Fica para a próxima.

      Grande Christian Bale! É "só" o meu actor preferido ("The Machinist", "The Fighter", "The Prestige", mas acima de tudo... "American Psycho" :) ), de longe o gajo mais "cool" de Hollywood! :P Isto, tendo em conta que o Robert De Niro e o Clint Eastwood já estão demasiado velhinhos para ser "cool"! ;)

      Bem, já me perdi a escrever novamente! :P

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    4. Muito interessante, ele ter falado do concerto no RiR :)) Realmente uma actuação daquelas não cai do céu e quem está a assistir nem se dá conta da trabalheira que dá… Mais uma prova do perfeccionismo do Bruce :)

      Ah e uma coisa caricata (em relação às gravações nos concertos): no Alive estava lá um homem a filmar ou a tirar fotos… com um iPad. Se um telemóvel já tapa o campo de visão, um iPad então nem se fala. Não sei o que as pessoas têm na cabeça às vezes lol

      Bem, eu nem me vou alongar muito sobre os Tool porque é algo que me daria assunto para um blog, um livro ou coisa do género :P Eu já os conhecia há bastante tempo mas nunca liguei muito, só há 4 anos é que realmente comecei a conhecer melhor e tive uma fase de completa obsessão, confesso lol :| Em certas coisas eles fazem-me lembrar o Lost lol
      Para não te maçar muito, vou-te só falar sobre uma música para dar o exemplo (que deu origem também ao nome de um dos álbuns): a “Lateralus”. Os primeiros versos estão relacionados com a sequência de Fibonacci em ordem ascendente e descendente. E toda essa sequência ao longo da música está ligada ao conceito geométrico da espiral dourada: “The Fibonacci sequence shares a relationship with the Golden spiral, which might be what the 'spiral' mentioned several times later in the lyrics is referring to. In fact, the syllables length itself spirals-in and spirals-out on the sequence: ‎1, 1, 2, 3, 5, 8, 5, 3, 2, 1, 1, 2, 3, 5, 8, 13, 8, 5, 3.” tirado da wikipedia. E a música vai sempre em crescendo até atingir a parte final do “Spiral out, keep going” e tu estás a ouvi-la e tens a completa percepção do som em espiral. Isto dito assim é estranho mas repara bem a partir do minuto 7:20 http://www.youtube.com/watch?v=_tcW-j7KFgY&feature=related

      É simplesmente brilhante! E eu nem sequer gosto de matemática nem nunca me safei bem com ela lol Podia falar dias a fio sobre eles porque são uma banda que é muito mais que isso, pegam em coisas incríveis e abrem horizontes com tudo aquilo em que te fazem pensar e questionar. Há todo um significado espiritual na música deles (nada a ver com religião) que te leva (leva os fãs neste caso) a pensar, acima de tudo. E daí podes partir para o quiseres com a tua própria interpretação e filosofia de vida…
      O Bill Hicks era amigo deles e dedicaram-lhe um dos álbuns, foi daí que o descobri.
      O vocalista, o Maynard J. Keenan disse o seguinte sobre a banda (e define-os de maneira perfeita): "Tool is exactly what it sounds like: It's a big dick. It's a wrench. It's also what it sounds like: It's a verb, it's a digging factor. It's an active process of searching, as in use us, we are a shovel, we are the match, we're the blotter of acid, your tool; use us as a catalyst in your process of finding out whatever it is you need to find out, or whatever it is you're trying to achieve." Nem o nome deles é inocente :)
      Depois é uma banda que precisamente por te “obrigar” a pensar sobre muita coisa, atrai muito maluquinho também lol. Há pessoal que leva isto às vezes excessivamente a sério e se dedica a descobrir significados em tudo e mais alguma coisa e não descansa enquanto não perceber absolutamente tudo na música deles… Percebes porque me faz lembrar o Lost? :P

      Xii, eu disse que não me ia alongar muito e depois deu nisto :|

      Já por algumas vezes estive para me aventurar para esses lados dos Genesis lol mais uma banda para a lista :P Muito boa, essa “The Musical Box”!

      Eu também não fui ao SBSR este ano precisamente por causa das condições daquilo. Fui em 2010 (só um dos dias) e fui em 2011 os dias todos e jurei que não me apanhavam lá tão cedo… eu vivo relativamente perto daquilo mas mesmo assim demorei imenso tempo a chegar e depois o pó era insuportável. Pior festival de todos :|

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    5. (continuando - porque o comentário excedia os caracteres permitidos lol :|)


      O Christian Bale é o maior! :D desses filmes só não vi (ainda) “The Machinist”.
      Eu gostei imenso do “American Psycho” porque eu tenho um tipo de humor muito negro e tava a ver o filme e senti-me em casa :P i have to return some videotapes
      E está mesmo quase a sair o “The Dark Knight Rises” :)
      Engraçado falares no Robert De Niro porque é o meu actor preferido :P pena ultimamente ter entrado em filmes que não abonam nada a favor dele :| Se bem que o último filme que fui ver ao cinema com ele gostei bastante: http://www.imdb.com/title/tt0455323/

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    6. Para quem não gosta de matemática (de certeza que não gostas mesmo?! :P ), os Tool já te "obrigaram" a saber umas coisitas de séries e sequências! :) A minha homenagem aos Tool por terem "convertido", através da música, alguns descrentes às maravilhas dos números! Incrível o poder da música, fizeram aquilo que 12 anos de escola não conseguiram. :P Eu já sa... arranjei (:P) os álbuns deles, estive hoje a ouvir o "Lateralus" e, até ver, estou a curtir à brava! Muito obrigado pela sugestão :)
      Força com o blog dos Tool! Pelos vistos tens aí muita coisa guardada para escrever (foi isso que me levou a criar este blogue) e assim pode ser que mergulhes ainda mais profundamente nos números ;-)

      Se queres entrar nos Genesis, podes começar com o "The Platinum Collection", que é uma colectânea muito bom que agrega todas as (muito diferentes) eras dos Genesis. Se quiseres entrar "à bruta" (lol) nos álbuns, começa pelo 1º disco do "The Lamb Lies Down On Broadway", pelo "Selling England By The Pound" e pelo "Duke".

      Podes crer, o Christian Bale é mesmo o maior. Depois do atentado do fim-de-semana, ele tem estado no hospital, a visitar as vítimas. Qual promoção ao filme, qual quê...
      O maluco do terrorista identificou-se como o Joker. Isto é quase uma macabra homenagem ao trabalho do Heath Ledger... Tu sabes que um actor faz um excelente trabalho como vilão, quando aparece uma maluco a roubar a identidade desse personagem...
      Mal posso esperar pelo “The Dark Knight Rises” também! Os filmes do Cristopher Nolan (um dos meus realizadores preferidos) são os únicos blockbusters que eu não perco. :)

      O Robert De Niro é o meu actor preferido também! :) (embora neste momento seja o Bale) Também vi esse filme há umas semanas e gostei, principalmente por causa do De Niro, que salva qualquer fita. Para mim, o "Taxi Driver" é o seu momento alto e neste filme, o papel dele é quase uma continuação do Travis Bickle.

      Tens que ver o "The Machinist", é o grande "momento de actor" do Christian Bale. Ele perdeu quase 30 quilos e chegou a pesar 54. Só não perdeu mais, porque às tantas a produção achou que ele já estava a abusar! lol De facto, se olhares para ele no filme, quase irreconhecível, pensas como seria possível ele emagrecer ainda mais...

      Um iPad num concerto?! Está tudo parvo, com certeza... :S

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    7. AH, foste ouvir Tool! :D nem sabes como fico contente por ler isso, acredita! :))
      É todo um mundo novo que se vai abrir para ti, se começares a gostar mesmo. Há um ebook com algumas interpretações das letras do “Lateralus” e do “Ænima” (eu já li umas duas vezes :P) muito interessante, tem umas 80 páginas. Foi um amigo meu que me arranjou. Se depois te interessares pelo assunto e quiseres, posso-te enviar por email :) ajuda muito a perceber algumas coisas e só reflecte a genialidade deles.

      Realmente eles puseram-me a pesquisar muita coisa que antes desconhecia ou não tinha grande interesse: esses conceitos matemáticos (acredita, eu seria das últimas pessoas a fazê-lo, sofri bastante com a matemática na escola lol), as teorias do Carl Jung (que influenciaram muito o “Ænima” que é o meu álbum preferido deles e é o tal que dedicaram ao Bill Hicks), as potencialidades do LSD e afins, filosofia, espiritualidade… tanta coisa! Não seria nenhum exagero dizer que mudaram a minha vida em muitos aspectos. Eu fui tendo alguns blogs mas tenho um bocado a tendência para acabar por deixar de escrever neles e ainda cheguei a escrever sobre os Tool algumas vezes mas nada tão bem organizado quanto o que tu tens aqui :P

      Quando me dedicar aos Genesis, acho que vai ser “à bruta” mesmo :P gosto de começar cronologicamente :) depois logo te dou o meu feedback ;)

      Isso do atentado é daquelas coisas sem possibilidade de qualquer tipo de explicação. Ainda no outro dia li o título de uma notícia que dizia qualquer coisa como: “Autor do atentado preocupado em saber o final do filme…” mata não sei quantas pessoas e agora a verdadeira preocupação dele é esta. É triste ver como alguém pode perverter por completo algo que foi criado para enriquecer a vida das pessoas culturalmente… enfim.
      Do Christopher Nolan gostei mesmo muito dos 2 primeiros filmes desta saga e também gostei do “Inception”. O “Memento” não cheguei a ver todo já nem sei porquê (mas não foi por não estar a gostar)…

      Aqui há uns anos eu também gostava imenso era do Edward Norton. Na altura em que ele fazia filmes como o “Primal Fear” (foi o primeiro filme com ele que vi e fiquei logo “wow, que actor é este?!”), “American History X”, “25th Hour”, “Fight Club”e o “The Painted Veil”. Depois fez alguns que achei mais fraquinhos e perdi-o um bocado do radar… Por acaso ainda não vi o “Moonrise Kingdom” que saiu há pouco tempo, gostei do trailer.
      O De Niro é qualquer coisa de extraordinário! Pensar que ele entrou em filmes como o “Mean Streets” (Johnny Boy! :P), “Godfather II”, “Goodfellas” (já perdi a conta às vezes que vi este e já li o livro também), “The Deer Hunter”, “Taxi Driver”, “Raging Bull” e tantos outros! :)

      Entretanto já arranjei (:P) o “The Machinist” e não deve passar deste fim de semana que o vejo :) sempre que ouço falar no filme, esse emagrecimento do Christian Bale faz lembrar o De Niro no “Raging Bull” mas no sentido inverso lol

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    8. É verdade, tenho andado a ouvir os "teus" Tool :P
      Já ouvi o "Lateralus (várias vezes) e o "Ænima" (presumo que, como eu, copiaste isto de algum lado, porque o meu teclado não tem o caractere "Æ" :P) e gostei bastante. Acho que é um Metal muito denso, que conceptualmente não é muito acessível à primeira, mas quando há blogs, livros e toda uma literatura de interpretação da música deles, presumo que isso não seja uma opinião exclusiva minha... :P Apesar disso, a música é muito melódica e por isso agarrou-me imediatamente. Outra coisa que aprecio bastante é que o vocalista "canta" e não "berra" (ou pelo menos, nem sempre :P ), que é uma característica que infelizmente vem associada a muitas bandas Metal recentes.
      Em suma, até ver, estou a gostar bastante.
      Podes mandar-me o ebook por e-mail (está ali nos contactos) e eu quando puder, dou uma olhada! :)

      O "Memento" é outro daqueles filmes que mudou a minha forma de ver cinema. Vi-o mais ou menos na mesma época que vi o "Mulholland Drive" e esses filmes bateram-me de forma incrível, sem retorno. Ambos entram naquela categoria que eu gosto de chamar filmes mind-fucking. :)

      O Edward Norton é outro grande actor, sem dúvida alguma. Principalmente no "American X", onde ele fez talvez o melhor papel da sua carreira e no "Fight Club", que é outro dos meus filmes preferidos. Confesso que lhe perdi o rasto ultimamente também...

      P.S.: Força aí no blog dos Tool!! :)
      P.P.S.: Então e o "The Machinist"?

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    9. É uma tristeza os teclados não virem preparados para uma banda deste calibre, uma pessoa tem de andar no copianço :P
      O Maynard canta muito! Tem um vozeirão. Ele também é vocalista de mais duas bandas: Puscifer (que é mais para a palhaçada) e A Perfect Circle e nesta última consegues-te aperceber ainda melhor do poder da voz dele. Acho que se ouvires o "Mer de Noms" (um dos álbuns deles) vais gostar. Têm músicas muito boas (o David Fincher realizou o vídeo de um dos singles: http://www.youtube.com/watch?v=xTgKRCXybSM).

      Também há uma versão ao vivo da "Pushit" (incluída numa box que se chama "Salival") bastante diferente do original no "Ænima" que está espetacular e mais uma vez a voz do Maynard está qualquer coisa de extraordinário.

      Começaste mesmo em força com os dois melhores álbuns deles :) é muito difícil dizer qual deles o melhor... Eu acabo por gostar um bocadinho mais do "Ænima" mas a diferença entre os dois é mínima e há dias em que gosto mais de ouvir o "Lateralus".
      Também tens de ouvir o "Undertow" - o primeiro álbum (ouve bem a "Sober") e o "10,000 Days" (o último álbum). Este é bastante pessoal, o título do álbum e duas das músicas são sobre a morte da mãe do Maynard ("Wings for Marie Pt 1" e "10,000 Days Wings Pt 2"). Já nos A Perfect Circle ele tinha uma música ("Judith", aquela do tal vídeo do Fincher) sobre a mãe que esteve 27 anos (cerca dos tais 10.000 dias) numa cadeira de rodas...
      Eles têm músicas bastante enigmáticas mas depois também têm músicas como a "Vicarious" deste último álbum que não têm nada que saber: letra BRUTAL e completamente actual, muito honesta e in your face.

      Tenho mesmo de ver o "Memento" em condições.
      Sim, vi o "The Machinist" e gostei imenso! Superou (e muito) as minhas expectativas. Pensei que iria focar-se em deixar a pessoa na dúvida se se tratavam de alucinações ou da realidade e teria um fim dúbio, aberto a interpretações mas levou um rumo que não estava à espera e fez tudo sentido. Há imensos filmes que se perdem a meio porque dá a ideia que o argumentista não sabia bem como terminar mas este é o oposto :)
      A cena em que a prostituta lhe diz que é ele na foto, fez-me lembrar o Tyler Durden ;)

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  2. Mais uma acha para a fogueira: no Capítulo V, refiro um incidente no Madison Square Garden, em que houve uma greve dos técnicos de luz da comitiva dos Pink Floyd e por isso a banda teve que recorrer a mão-de-obra local para fazer o trabalho. Confrontado com a inabilidade e inexperiência dos técnicos locais, Roger reage assim:

    http://www.youtube.com/watch?v=bsgY0YiqV1U

    "I think you New York lighting guys are a fucking load of shit!" .

    Ouçam o vídeo e digam-me se o Roger não está genuinamente fod***!

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    1. Diria até que é como ouvir um "mad scientist" a trabalhar...

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  3. Mais uma vez, excelente :)
    Os meus parabéns e, já sendo repetitivo, aguardo por mais :D

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    1. Mais uma vez, o meu agradecimento Filipe! Espero que tenhas gostado! Volta sempre! :)

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